América Latina ultrapassa um milhão de mortes por covid-19
22 de maio de 2021
Região sozinha é responsável por cerca de 30% de todos os óbitos globais em razão da doença. Brasil, México, Colômbia, Argentina e Peru são os países mais afetados.
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Impulsionada pelo Brasil, a região da América Latina e Caribe ultrapassou 1 milhão de mortes por covid-19 nesta sexta-feira (21/05) e já contabiliza 31,5 milhões de casos da doença.
Desde que o vírus foi detectado pela primeira vez em São Paulo, no final de fevereiro de 2020, a região registrou mais de 1.001.400 mortes, o equivalente a quase 30% do total de óbitos em todo o mundo, mostra levantamento da agência de notícias AFP.
Quase 90% dessas mortes foram registradas em apenas cinco países: Brasil, México, Colômbia, Argentina e Peru.
Em números absolutos, o Brasil é de longe o país mais afetado pela pandemia na região. Sozinho, o ele contabiliza mais de 446 mil mortes, quase metade do total da América Latina e Caribe.
Em segundo lugar, vem o México, que viu as mortes diárias caírem drasticamente nos últimos meses, passando de cerca de 1.300 por dia em janeiro para cerca de 170 em maio.
A América Latina sofre com a falta de acesso a vacinas e suprimentos médicos e só vacinou completamente aproximadamente 3% de sua população, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mortes causadas direta ou indiretamente pela pandemia de covid-19 podem ser o dobro ou o triplo dos números oficiais, o que colocaria o total de óbitos no planeta entre 6 milhões e 8 milhões. Oficialmente, 3,4 milhões de mortes foram comunicadas no mundo até o momento.
FMI propõe pacote de 50 bilhões de dólares
Também nesta sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional propôs um plano de 50 bilhões de dólares para vacinar pelo menos 60% da população mundial até o final de 2022.
Alguns dos principais fabricantes de vacinas contra covid-19, Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, prometeram 3,5 bilhões de doses a preço de custo ou com desconto para países de renda média e baixa neste ano e no próximo.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que o país se comprometeu a direcionar mais 100 milhões de euros (R$ 650 milhões) para o consórcio global de vacinas Covax Facility e doar, até o fim deste ano, 30 milhões de doses de vacinas excedentes, preferencialmente para países pobres.
le (afp, ots)
Pandemia no Brasil pelos olhos de um fotógrafo de guerra
Após cobrir conflitos em 35 países, o fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie dirigiu suas lentes à evolução da pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro e Manaus. Um painel contundente.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Um rosto aos mortos
Com uma média diária de quase 4 mil mortos, o Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia. O fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie esteve lá no terceiro trimestre de 2020, também para dar um rosto às muitas vítimas da covid-19. Como neste enterro no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, um dos maiores da América do Sul.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Último adeus com distanciamento
Morto pelo novo coronavírus, um sexagenário, membro importante da comunidade da Favela Santa Marta, no bairro de Botafogo, é levado para o túmulo por funcionários de vestes protetoras. Os moradores dos bairros cariocas mais pobres têm sido vítimas numerosas da fúria do vírus e de uma política de saúde mais do que caótica.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Boas intenções não bastam
Não faltam iniciativas bem intencionadas de mitigar os efeitos letais do vírus potente, veloz e em frequente mutação. Porém elas não bastam para compensar as falhas de um sistema de saúde cronicamente deficiente e de uma liderança política contraditória e mesmo irresponsável. A pandemia avança: o Instituto Oswaldo Cruz não descarta que, em breve, as mortes diárias cheguem a 5 mil ou mais.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Em meio à guerra da pandemia
O francês Jonathan Alpeyrie é um repórter de guerra clássico. Suas foto-reportagens já o levaram à Síria, Ucrânia, Afeganistão e a focos de conflito na África, entre outros. Em 2020 ele esteve em Manaus, onde a variante P.1 do coronavírus foi detectada pela primeira vez. Cientistas temem que ela seja duas vezes mais contagiosa do que a cepa original.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Cavando novas sepulturas
Atualmente pesquisadores partem do princípio que a virulenta mutação P.1 seja a predominante em todo o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro é com frequência cada vez maior responsabilizado pelo descontrole da pandemia, após ter minizado a ameaça por tanto tempo. Neste cemitério de Manaus, novas sepulturas tiveram que ser cavadas em ritmo acelerado, para comportar os muitos mortos a cada dia.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Impacto econômico no Norte
O coronavírus já alcançou os recantos mais distantes do Amazonas, vitimando em especial as populações mais frágeis, como a indígena. Os jovens da foto vivem em palafitas a uma hora da capital. A pandemia os atinge também economicamente, pois, com o desaparecimento dos turistas, vão-se também suas possibilidades de ganhar a vida.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Fé, a última que morre
Com tantas incertezas, a muitos brasileiros só resta mesmo a fé para ajudá-los a atravessar o dia a dia sem desesperar. Na Favela Santa Marta do Rio de Janeiro, este pastor abençoa os moradores: ao lado da pobreza, narcotráfico, ocupação policial e outras formas de violência, agora seu novo desafio é também sobreviver ao coronavírus.