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Amazônia e Cerrado têm desmatamento recorde em fevereiro

10 de março de 2023

Áreas destruídas nos dois biomas equivalem a mais da metade da cidade de São Paulo. Deflorestação é a maior do período desde o início da medição histórica, iniciada em 2015.

Vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica no entorno da rodovia BR-319 na cidade de Humaitá, estado do Amazonas, Brasil, em 15 de setembro de 2022.
Área desmatada da Floresta Amazônica perto da cidade de Humaitá (AM), em setembro de 2022Foto: MICHAEL DANTAS/AFP/Getty Images

O mês de fevereiro registrou recordes de desmatamento tanto na Amazônia como no Cerrado brasileiro. A constatação parte de dados coletados pelo Deter, sistema do Inpe que mapeia regiões e emite alertas de desmate em tempo real, conforme os números divulgados nesta sexta-feira (10/03), O recorde foi quebrado antes mesmo do final do mês, quando a deflorestação já era a maior do período desde o início da medição histórica, em 2015. No acumulado do mês, a área com alertas foi de 321,97 km² na Amazônia, um crescimento de 61,8% em relação ao mesmo período do ano passado (198,6 km²).

No cerrado, a situação foi ainda mais crítica, com números que chegaram a 557,8 km², um aumento de 97% em relação a 2020, que até então detinha o recorde anterior, de 282,8 km².

Somadas, as áreas destruídas dos dois biomas em fevereiro deste ano chegam a quase 880 km², equivalente a mais da metade da cidade de São Paulo (1.521 km²).

O estado com as maiores taxas de deflorestação amazônica foi o Mato Grosso, responsável por cerca de 50% do total (161,83 km²), seguido por Pará, Amazonas e Roraima.

No Cerrado, os maiores índices de desmatamento foram registrados na Bahia (268,26 km²), também respondendo por quase metade da área afetada, com Tocantins, Piauí e Maranhão vindo em seguida.

Desmatamento da Amazônia subiu quase 60% no governo Bolsonaro

No primeiro mês do ano, a deflorestação da maior floresta tropical do planeta havia registrado uma forte queda (-61,3%) na comparação interanual, além de ter recuado 27% em relação a dezembro de 2022.

Na ocasião, porém, especialistas enfatizaram que os dados eram parciais, já que a densa nebulosidade registrada sobre o bioma em janeiro impediu que os satélites captassem áreas devastadas em mais de metade da Amazônia brasileira. É possível, portanto, que em fevereiro o Deter tenha registado a devastação que não conseguiu captar em janeiro.

Durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), a destruição do bioma aumentou quase 60% em relação ao quadriênio anterior, sobretudo devido à falta de controles e ao enfraquecimento dos órgãos ambientais. Só em 2022, a Amazônia brasileira perdeu 10.277,61 km² de cobertura vegetal, um nível nunca antes visto desde que a medição com o Deter é realizada no Brasil.

A recuperação da Amazônia brasileira é um dos principais compromissos anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que foi eleito.

Já no primeiro mês de mandato, Lula reativou o Fundo Amazônia, financiado pela Noruega e Alemanha, e do qual também anunciou a participação dos Estados Unidos. O presidente revogou ainda medidas de seu antecessor e criou um grupo com 17 ministérios para definir políticas de preservação da floresta.

ip/md (Lusa/ots)

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