Ambientalistas criticam Chanel por derrubar árvores
7 de março de 2018
Marca recria floresta para desfile de Karl Lagerfeld em Paris. Gigante da moda rejeita acusação de que carvalhos derrubados eram centenários e promete plantar uma centena de novas árvores.
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Karl Lagerfeld é conhecido por seus desfiles espetaculares para a Chanel. O estilista alemão já recriou nas passarelas um terminal de aeroporto, um supermercado, um templo grego e até uma plataforma de lançamento de foguetes espaciais. Desta vez, o desfile da coleção outono-inverno de 2018 da marca causou polêmica e a revolta de ativistas ambientais.
Após montar uma floresta no Grand Palais, em Paris, onde a Chanel apresentou sua coleção nesta terça-feira (06/03), Lagerfeld foi acusado pela organização ambiental France Nature Environnement de ter derrubado árvores centenárias para seu cenário.
As toneladas de folhas que cobriam o chão e os nove carvalhos cobertos de musgos posicionados no centro do espaço refletiam o espírito da coleção que priorizou cores do outono em contraste com assessórios em neon e bordados de cristal.
Em comunicado, os ativistas acusaram a marca luxuosa de tentar passar uma imagem verde se distanciando completamente da realidade de proteção da natureza e afirmaram que, independentemente do que a Chanel queria mostrar, a empresa falhou no desfile.
"Natureza não é cortar arvores numa floresta, colocá-las em pé por poucas horas para um show e depois jogá-las fora”, acrescentou o comunicado.
A Chanel negou que as árvores utilizadas para o desfile tenham vindo de uma floresta centenária no oeste da França e acrescentou que, ao comprá-las, prometeu plantar cem novos carvalhos na mesma região de onde os usados no desfile foram cortados.
Árvores também foram usadas pela Chanel nas fileiras de assentos para celebridades e clientes que participaram do desfile. No evento, estiverem presentes a atriz Keira Knightley, a cantora Lily Allen e a ex-primeira-dama da França Carla Bruni Sarkozy.
Apesar da revolta dos ativistas, o desfile foi bastante elogiado por jornalistas de moda. A revista Harper's Bazaar chegou a afirmar que o desfile foi o melhor já idealizado por Lagerfeld.
Marca polêmica
Essa não é a primeira vez que a tradicional marca francesa é alvo de críticas. Em 2013, Lagerfeld foi acusado de apropriação cultural ao apresentar trajes e símbolos típicos de indígenas americanos em sua coleção Paris-Dallas. No ano passado, a Chanel foi criticada por lançar uma coleção feita de PVC num momento em que a poluição por plástico causa preocupação.
Criada em 1910 por Gabrielle "Coco" Chanel, a marca definiu a moda nos anos 1920 e 1930. Devido à ligação de Chanel com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e à falta de inovação nos seus modelos, a influência da empresa diminuiu após o fim da guerra.
Na década de 1970, a marca foi comprada pelos empresários franceses Alain e Gérard Wertheimers, que em 1983 contrataram Lagerfeld para revitalizar o nome da empresa. Chefiada pelo estilista alemão, a Chanel se tornou uma das marcas mais importantes no mundo da moda.
CN/afp/ap
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Karl Lagerfeld, o estilista
O museu Bundeskunsthalle, em Bonn, mostra peças e coleções elaboradas pelo guru da moda ao longo de 60 anos, incluindo grandes marcas como Fendi, Chloé e Chanel.
Foto: picture-alliance/dpa/Karaba
Tudo começou com um sobretudo
A carreira ganhou projeção quando em 1954 ele venceu com este exemplar um concurso de design, na categoria sobretudo. A peça foi exposta em 2015 na exposição intitulada "Karl Lagerfeld. Modemethode", na Bundeskunsthalle.
Foto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland GmbH/David Ertl, 2015
Apaixonado por papel
"Eu preciso sempre sentir o papel sob meus dedos para poder me expressar", afirmou Lagerfeld sobre sua paixão por seu material de trabalho predileto. Papel determina a vida de Lagerfeld: nos seus desenhos de moda, suas fotografias, notas, cartas e livros. Até mesmo seus desfiles são planejados num bloco de rascunhos. A escrivaninha é testemunha da importância do papel para o estilista.
Foto: 2015 Karl Lagerfeld
Dos acervos
Somente no acervo da Fendi encontram-se 40 mil desenhos de Lagerfeld. Alguns deles estão à mostra agora em Bonn, assim como esboços para Chloé e Chanel. Também podem ser vistos pôsteres de campanhas publicitárias de Lagerfeld decorando, em grupos, as paredes em concreto aparente do espaço de exposições. Um pano de fundo sutil para as criações de Lagerfeld.
Foto: DW/S. Wünsch
O inovador
Lagerfeld já trabalha há 50 anos para a marca italiana Fendi. Quando ele começou a colaboração, em 1965, embaralhou o mundo das peles. Em vez dos pesadíssimos casacos de pele da época, criou modelos lúdicos e loucos que passaram a não mais envolver a sua portadora como um tanque de guerra, mas de forma leve e solta. Além disso, desenhou para Fendi roupas e acessórios atemporais.
Foto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland GmbH/David Ertl, 2015
Acessórios
Sapatos e bolsas – o que desperta o desejo nos olhos de muitas mulheres é motivo de desespero para muitos homens. Não para Karl Lagerfeld. Para cada coleção, ele também cria os acessórios adequados. A exposição mostra uma seleção abrangente de 120 peças (na foto: Fendi). Para a Casa Chanel, além de sapatos, ele desenhou bolas, cintos e também 177 botões.
Foto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland GmbH/David Ertl, 2015
Espelho do tempo
Para Chloé, Lagerfeld mostra que sabe o que as mulheres esperam da moda. Lúdicos, leves e românticos: assim são os vestidos da década de 1970. Ele adornou outros modelos com motivos gráficos. O material preferido é a seda. O manequim usa um vestido de seda pintado à mão de 1973.
Foto: DW/S. Wünsch
Hora da música
A época das lendárias festas no clube nova-iorquino Studio 54 deu a inspiração para motivos engraçados. Neste vestido de cetim, de 1983, ele compara o corpo feminino a um violino. Assim como os outros 120 modelitos na exposição em Bonn, esse vestido provém dos acervos das casas de moda. Alguns modelos foram até mesmo emprestados por museus.
Foto: Chloé archive
Renovação na Chanel
Ao ir para a Chanel, em 1983, Lagerfeld trouxe novos ventos à etiqueta de moda, então um pouco empoeirada. Ele atribuiu nova vida a modelos clássicos, modificando os cortes e dando novas cores aos terninhos. Com saias mais curtas, jaquetas mais longas e novos materiais, a marca passou a ser usada novamente por mulheres mais jovens. Este terninho é de 1991.
Foto: DW/S. Wünsch
Alta costura feita de lã
O terninho de tweed entrelaçado, inventado por Chanel, continua a ser um clássico. Na série "Evolução do tweed", Lagerfeld mostra o que se pode fazer com este material de aparência antiquada. Assim, os terninhos de tweed ganham franjas longas, terminando em bainhas de tecidos delicados e transparentes ou são simplesmente perfurados.
Foto: DW/S. Wünsch
Palácio de papel
Nos desfiles de moda, o melhor vem no final: a alta costura. A categoria Premium, onde os estilistas apresentam as suas obras-primas, suas peças únicas, cujos preços podem chegar a seis dígitos. A mais cara de todas as variedades da moda também é o ponto alto da exposição. Como cenário, um trio de designers criou um palácio de papel, um espaço digno para abrigar os vestidos luxuosos de Lagerfeld.
Foto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland GmbH/David Ertl, 2015
Noiva em neoprene
A última peça da exposição foi da coleção outono/inverno 2014-2015: um vestido de noiva para grávidas. A graça não está na cauda bordada em ouro, mas no material: borracha de neoprene. Um final espirituoso de uma mostra que destaca o uso da cor e do material por Lagerfeld, a continuidade de seu trabalho e a sua influência no mundo da moda.