Ameaça terrorista nos céus da Europa
10 de agosto de 2006O Ministério britânico do Interior informou, nesta quinta-feira (10/08), que especialistas em combate ao terrorismo teriam frustrado atentados a diversos vôos partindo do Reino Unido para os Estados Unidos. O ministro John Reid afirmou que os terroristas planejavam explodir vários aviões. A polícia britânica anunciou a prisão de 21 suspeitos.
Segundo informações do setor de segurança norte-americano, as tentativas de atentado se direcionavam às empresas aéreas United Airlines, American Airlines e Continental Airlines. Cerca de 50 pessoas estariam envolvidas nos atentados. O chefe da unidade antiterrorismo da polícia londrina, Peter Clarke, afirmou que os suspeitos já eram investigados há meses.
O governo britânico decretou alerta de segurança máximo e proibiu as bagagens de mão nos aviões, com exceção de documentos, medicamentos, comida de bebê e artigos de higiene. De Bruxelas, a Comissão Executiva da União Européia advertiu os países-membros a intensificarem, se necessário, os controles em seus aeroportos, além do exigido pelos padrões europeus.
Bagagem de mão, não
Respondendo à pergunta se em outros países as bagagens de mão também deveriam ser proibidas, um porta-voz da Comissão Executiva da União Européia declarou, nesta quinta-feira em Bruxelas, que "se constatações de serviços secretos justificarem, então outros países-membros devem tomar as mesmas medidas. Não existe nenhuma legislação européia que impeça isso".
A decisão caberia aos próprios países. "Os Estados-membros podem adotar ações acima do padrão mínimo. Se medidas adicionais parecerem necessárias, então eles podem e devem tomá-las", acrescentou o porta-voz.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a União Européia havia estabelecido padrões mínimos para o controle de bagagens e passageiros, a técnica a ser utilizada e o controle do acesso aos aeroportos. O relatório de inspeção em 29 aeroportos de 22 países-membros constatou que o nível de segurança "em geral é alto, mas não unificado".
Reações na Alemanha
Como conseqüência do alarme terrorista no Reino Unido, o Sindicato da Polícia Alemã requereu uma maior cooperação entre os setores de segurança europeus. Wolfgang Speck, presidente do sindicato, declarou em Berlim que "isto pode acontecer em Londres, mas também pode acontecer em outros países, por conseguinte também na Alemanha". Após as ameaças em Londres, a segurança em estações ferroviárias e aeroportos será intensificada na Alemanha.
Speck também é a favor da ampliação da segurança por câmaras de vídeo, o que entretanto só faria sentido se um número suficiente de policiais estivesse à disposição para a vigilância.
A posição do presidente do Sindicato da Polícia também é compartilhada por outras autoridades e políticos alemães. Ernst Uhrlau, chefe do Serviço Federal de Informações (BND), declarou ao diário Die Welt que "o fato de a Alemanha não ter participado da guerra contra o Iraque não tem nenhuma importância. A rede internacional de terrorismo não pára nas fronteiras nacionais".
Aeroporto fechado, vôos cancelados
O aeroporto londrino de Heathrow, maior ponto de conexão aérea da Europa e terceiro do mundo, está fechado para vôos com menos de três horas de duração, informou um porta-voz do aeroporto. A empresa aérea British Airways declarou que cerca de 22 mil passageiros foram prejudicados pelos atrasos e cancelamentos.
Até às 17 horas (12h em Brasília), a Lufthansa também havia suspenso todos os vôos para Heathrow.
Três aviões da empresa, que haviam partido para Londres pela manhã, tiveram que retornar para a Alemanha. Um porta-voz da Lufthansa afirmou que vôos para outras cidades britânicas também teriam sofrido grandes atrasos.
A empresa Air Berlin cancelou a maior parte dos vôos entre a Alemanha e o Reino Unido, o mesmo acontecendo com a empresa de vôos baratos Easyjet. Nas bolsas de valores européias, as ações de diversas companhias aéreas reagiram com claras perdas aos anúncios de atentado. À tarde, as ações da Lufthansa apresentaram uma desvalorização de 4,3%, a British Airways de 5,5%, e Air France e KLM cerca de 4%.