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Protestos ameaçam Rússia após vitória de Putin

5 de março de 2012

Depois de quatro anos como primeiro-ministro, Vladimir Putin foi reeleito para a presidência russa pela terceira vez, por larga maioria. Oposição acusa irregularidades nas eleições e anuncia manifestações de protesto.

Foto: picture alliance/landov

Nesta segunda-feira (05/03), a Comissão Eleitoral Central russa declarou oficialmente Vladimir Putin como o vencedor das eleições presidenciais deste domingo. Depois de dois mandatos como presidente, entre 2000 e 2008, e quatro anos como primeiro-ministro, o líder de 59 anos retorna à presidência com 63,75% dos votos – quase dois terços dos cerca de 110 milhões de eleitores russos.

O segundo candidato – Guennadi Ziuganov, chefe do Partido Comunista – obteve pouco mais de 17% nas urnas, e o bilionário liberal Mikhail Prokhorov, menos de 8%. O nacionalista Vladimir Zhirinowsky ficou com cerca de 6%, e o ex porta-voz do parlamento Sergei Mironov, menos de 4%.

"Praticamente não houve violações sérias", assegurou à imprensa Vladimir Tchurov, chefe da Comissão Eleitoral Central, em resposta às acusações de irregularidades feitas pela oposição. Enquanto isso, o grupo independente de monitoramento eleitoral Golos disse ter registrado pelos menos 3.100 denúncias de violação por todo o país.

Em resposta a eleição de Putin, são esperados protestos para esta segunda-feira. O movimento Por Eleições Livres, que realizou diversas manifestações nos últimos meses, anunciou para as 19h uma manifestação na Praça Pushkin, em Moscou. Cerca de 10 mil devem aderir. Especialistas estimam que a ação terá, sobretudo, significado simbólico, e mostrará se ainda é possível protestar pacificamente após as eleições.

Na mira da oposição

Para o grupo de observação Golos, as fraudes dessas eleições foram mais sutis do que as aplicadas nas eleições parlamentares em dezembro de 2011. A oposição levantou suspeitas sobre a chamada votação em "carrossel", na qual pessoas votam mais de uma vez em diferentes postos eleitorais, utilizando documentos de eleitores ausentes.

Ziuganov: "Não vamos reconhecer estas eleições. As consideramos ilegítimas, desonestas e fraudulentas"Foto: picture-alliance/dpa

"Não vamos reconhecer estas eleições. Nós as consideramos ilegítimas, desonestas e fraudulentas", declarou Ziuganov após a divulgação dos resultados.

Dezenas de milhares de russos engajaram-se como observadores das eleições, como o empresário de 24 anos Jakov Lifchiz, de Moscou: "Na lista de eleitores havia algumas marcações em certos nomes. Relatamos o fato ao diretor da comissão e as marcações foram removidas".

Marcações duvidosas em listas de eleitores parecem, porém, inofensivas quando comparadas a casos relatados em outros postos eleitorais. Web-câmeras utilizadas pela primeira vez nestas eleições registraram cédulas sendo introduzidas nas urnas ainda antes da votação, comunicou no domingo Elena Bytchkova da organização civil Por Eleições Justas, em Moscou.

Enquanto isso, na Comissão Eleitoral Central, o clima é de ceticismo. Fala-se muito em fraudes, mas é preciso aguardar as provas, disse Stanislav Vavilov, vice-diretor eleitoral. "As pessoas só querem se autopromover e causar estardalhaço", disse, criticando ONGs contrárias ao Kremlin.

Clima explosivo

Entretanto, nem toda a população russa se opõe ao presidente eleito para os próximos seis anos. "Quero estabilidade. Não quero nenhum tipo de mudança", disse a professora universitária Maria Budaeva. "Ele conhece a economia, conhece o sistema político, me parece o melhor candidato", defendeu a dona de casa Raisa Sidorik.

Apreensão é grande em torno dos protestos aguardados para a Praça Lubianka, sede do serviço secreto russo FSBFoto: DW

Putin, que declarou ter vencido as eleições "em uma batalha aberta e honesta", indicou estar preparado para agir com firmeza contra os protestos previstos. O político da oposição Boris Nemtsov considera nada positivas as expectativas para as futuras manifestações. Muitos em Moscou temem que o clima de protestos pacíficos termine em confrontos com as autoridades de segurança.

Os protestos desta segunda-feira na Praça Lubianka, na capital, são aguardados com particular apreensão. O local abriga a sede do serviço secreto russo FSB – sucessor da soviética KGB. As autoridades de Moscou proibiram manifestações na praça, mas um grupo de ativistas de esquerda e autônomos anunciou que não acatará a determinação.

LPF/dw/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente

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