Americanos e canadenses são os mais tolerantes à diversidade
26 de junho de 2018
Sociedade dos EUA é a mais inclusiva com imigrantes naturalizados, mas pouco tolerante com os ilegais, revela pesquisa feita em 27 países sobre vários aspectos da diversidade. Brasil é 15º em ranking geral de inclusão.
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Em meio a críticas à política migratória de tolerância zero do governo dos Estados Unidos, uma pesquisa feita em 27 países concluiu que os americanos são a segunda sociedade mais tolerante e inclusiva quando se trata de quem eles consideram um verdadeiro cidadão de seu país.
Em relação à aceitação à diversidade, a população dos EUA só perde para a canadense, mas ambas aparecem quase empatadas no ranking elaborado pelo instituto de pesquisas Ipsos, divulgado nesta segunda-feira (25/06). O Brasil figura em 15º lugar, atrás de outros países latino-americanos.
A pesquisa listou as nações por suas definições de nacionalidade, da mais inclusiva à mais intolerante, refletindo a aceitação da sociedade à diversidade em quesitos como religião, imigração, orientação sexual e identidade de gênero, opinião política e antecedentes criminais.
Cada um desses tópicos foi avaliado separadamente, com perguntas aos entrevistados sobre quais grupos específicos de pessoas eles consideram "verdadeiros cidadãos" de seu país. O índice geral de inclusão, por sua vez, foi calculado pela média das pontuações líquidas de cada um dos quesitos (a porcentagem do que é considerado "verdadeiro" menos a do "não verdadeiro").
Atrás do Canadá e dos Estados Unidos, completam a lista dos cinco países mais inclusivos África do Sul, França e Austrália. Chile e Argentina ficaram em sexto e sétimo lugar, respectivamente, figurando como as nações mais tolerantes da América Latina.
Suécia, Espanha, Reino Unido, México, Bélgica, Polônia e Itália são os países que aparecem, nessa ordem, à frente do Brasil no ranking. Em 16º está a Alemanha, seguida de Peru, Coreia do Sul, Rússia e Hungria.
A situação é mais complicada nos cinco últimos países da lista, onde a rejeição à diversidade é mais forte do que a aceitação. Eles são Turquia, Japão, Sérvia, Malásia e, em último lugar, a Arábia Saudita, um país conhecido por suas posições conservadoras – como exemplo, a proibição de mulheres ao volante só foi retirada agora.
Em relação à imigração, a opinião da sociedade varia bastante dependendo do status do cidadão estrangeiro. A maioria dos adultos em 13 países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Austrália, considera os imigrantes naturalizados verdadeiros cidadãos de seu país. No entanto, uma maioria na Malásia, Hungria, Sérvia e Turquia discorda dessa opinião.
Entre os países analisados, os EUA são o mais inclusivo: 76% dos entrevistados disseram considerar estrangeiros naturalizados verdadeiros cidadãos americanos. Se essa pessoa tiver um emprego, a aceitação sobe ainda mais, para 79%.
Pouca tolerância à imigração ilegal
A situação muda, contudo, em relação a imigrantes ilegais. Enquanto 48% dos entrevistados em todos os países são inclusivos com cidadãos naturalizados, apenas 19% enxergam os estrangeiros que viveram a maior parte de sua vida no país, mas sem os devidos documentos, como reais cidadãos.
Nesse quesito, a sociedade americana perde seu posto de mais tolerante. Apenas 25% dos entrevistados no país disseram aceitar imigrantes ilegais. Outros 55% não o consideram americanos de verdade, enquanto 20% responderam não ter certeza.
O resultado está em linha com a política migratória do presidente americano, Donald Trump, que prevê processar criminalmente todas as pessoas que tentarem entrar ilegalmente no país. A medida chegou a separar milhares de crianças migrantes de seus familiares na fronteira com o México, gerando indignação internacional.
Neste domingo, o republicano descreveu pessoas que chegam ilegalmente aos EUA como "invasores" e sugeriu enviá-las de volta aos seus países de origem sem a necessidade de procedimentos legais.
Segundo a pesquisa do Ipsos, o único país com mais aceitação do que rejeição a imigrantes sem documentos é o México, que ficou em primeiro lugar nessa lista.
No país, 45% disseram enxergar os estrangeiros ilegais como mexicanos de verdade, enquanto 37% discordam e 19% não têm certeza. O resultado, segundo a pesquisa, pode ser em consideração aos cerca de 800 mil dreamers (sonhadores, em inglês), jovens imigrantes ilegais nos EUA protegidos da deportação pelo programa Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca).
EK/ots
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Os principais pontos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Proclamada em 1948, carta é válida para todos os Estados-membros das Nações Unidas. Mas ainda há um longo caminho até que o documento seja implementado para todos, em todo o mundo.
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Direitos iguais para todos (Artigo 1°)
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos." Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em Paris a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ideal é claro, mas continua muito distante de encontrar aplicação concreta.
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Ter e viver seus direitos (Artigo 2°)
Todos os direitos e liberdades da Declaração se aplicam a todos, que podem invocá-los independente de "raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra condição". No nível internacional, contudo, é quase impossível reivindicar esses direitos.
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Direito à vida e à liberdade (Artigos 3°, 4°,5°)
"Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal." (3°) "Ninguém será mantido em escravidão ou servidão." (4°) "Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento cruel, desumano ou degradante" (5°).
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Igualdade perante a lei (Artigo 6° a 12)
Toda pessoa tem direito a um julgamento justo e à proteção da lei (6°, 8°, 10, 12). Todos são considerados inocentes até que a sua culpabilidade seja comprovada (11). "Todos são iguais perante a lei" (7°) e "Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado" (9°).
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Ninguém é ilegal (Artigos 13, 14, 15)
"Todo indivíduo tem o direito de livremente circular e escolher o seu domicílio dentro de um Estado". "Todos têm o direito de deixar qualquer país" (13). "Toda pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar asilo em outros países" (14). "Todo indivíduo tem o direito a ter uma nacionalidade" (15).
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Contra os casamentos forçados (Artigo 16)
Homens e mulheres têm direitos iguais antes, durante e depois do casamento. Um casamento "será válido somente com o livre e pleno consentimento dos futuros esposos". A família tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Mais de 700 milhões de mulheres em todo o mundo vivem em um casamento forçado, afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
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Direito à propriedade (Artigo 17)
"Toda pessoa tem direito, individual ou coletivamente, à propriedade. Ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua propriedade." Ainda assim, seres humanos são expulsos de suas terras em todo o mundo, por não terem documentos válidos – a fim de abrir caminho para o desenvolvimento urbano, a extração de matérias primas, a agricultura, ou para uma barragem de hidrelétrica, como no Brasil.
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Liberdade de opinião (Artigos 18, 19, 20)
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião" (18). "Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão" (19). "Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas" (20).
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à participação (Artigos 21, 22)
"Todo indivíduo tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos" (21). Há um "direito à segurança social" e garantia de direitos econômicos, sociais e culturais, "que são indispensáveis à dignidade" (22).
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Direito ao trabalho (Artigos 23 e 24)
"Toda pessoa tem direito ao trabalho". "Toda pessoa tem direito a igual remuneração por igual trabalho". "Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória" e pode participar de um sindicato (23). "Toda pessoa tem direito ao lazer" (24).
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Uma vida digna (Artigo 25)
"Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais necessários". "A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais." No mundo inteiro, mais de 2 bilhões estão subnutridos, mais de 800 milhões passam fome.
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Direito à educação (Artigo 26)
"Toda pessoa tem direito à educação". O ensino fundamental deve ser obrigatório e gratuito para todos. "A educação deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do respeito aos direitos humanos." Na prática, 750 milhões de pessoas no mundo são analfabetas, das quais 63% são mulheres e 14% são jovens entre 15 e 24 anos, afirma o relatório sobre educação da Unesco.
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Arte e ciência (Artigo 27)
"Toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico". Todos os "autores de obras de ciência, literatura ou arte" estão protegidos legalmente. Hoje, a distribuição digital de muitas obras é algo controverso. Muitos autores veem seus direitos autorais violados pela distribuição na internet.
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Direitos indivisíveis (Artigos 28, 29, 30)
"Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades possam ser plenamente realizados" (28). "Toda pessoa tem deveres para com a comunidade" (29). Nenhum Estado, grupo ou pessoa pode limitar os direitos humanos universais (30). Todos os Estados-membros da ONU assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos.