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"Amigos da Síria" reconhecem oposição como representante do povo sírio

1 de abril de 2012

Cúpula reúne mais de 70 países na Turquia e decide aumentar ajuda internacional ao Conselho Nacional Sírio. Medidas para forçar Assad a cessar a violência imediatamente serão anunciadas em duas semanas.

Foto: Reuters

Diante da permanente violência instalada na Síria, a comunidade internacional aumenta a pressão sobre o presidente do país, Bashar al-Assad. Representantes de mais de 70 países reuniram-se neste domingo (1º/04) na Turquia durante a cúpula do grupo "Amigos da Síria" e, além de condenarem duramente a situação no país, eles reconheceram o Conselho Nacional Sírio (CNS) como a organização central da oposição ao governo e "legítimo representante do povo sírio".

Em seu documento final, o grupo concordou em aumentar a ajuda para a oposição, assim como em tomar "medidas cabíveis" para proteger os civis e aprovar sanções contra o regime Assad. Elas devem ser apresentadas daqui a duas semanas, em um encontro em Paris. Com isso, aumentam as especulações de que esta seria uma ameaça de intervenção militar. Os participantes concordaram ainda em limitar o prazo dado para Assad.

Antes do encontro, a oposição síria havia pedido ao grupo para aumentar a pressão contra o regime a partir de ameaças mais contundentes. "Vocês precisam mostrar a ele que não pretendem deixar isso impune", pediu o CNS em nota.

Situação alarmante

Os participantes da cúpula consideraram que Assad vem desrespeitando os direitos humanos de maneira "massiva, ampla e sistemática". "Lamentavelmente a situação humanitária na Síria piorou, está alarmante", afirmou o ministro turco do Exterior, Ahmet Davutoglu, ao final da cúpula.

Ele advertiu que a comunidade internacional não pode ficar o ano inteiro apenas observando. "Vamos fazer tudo o que for possível para evitar massacres e assassinatos na Síria", afirmou.

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, alertou o líder sírio neste domingo sobre "sérias consequências", caso as tropas do governo mantenham suas operações contra civis.

Manifestantes pro-Assad fizeram protestos do lado de fora do encontro na TurquiaFoto: Reuters

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, também falou em sanções mais duras. Ele apelou a Assad que finalmente coloque em prática a proposta de paz feita pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, na semana passada.

A proposta de Annan, endossada pelo Conselho de Segurança, conta com seis pontos principais, entre eles a abertura de um processo político de inclusão, cessar-fogo imediato e a permissão da entrada de assistência humanitária.

"Promessas quebradas"

"A violência na Síria é inaceitável, precisamos trabalhar juntos para que ela acabe logo. E há um claro responsável por essa violência no país, que é o regime Assad ", afirmou Westerwelle. "Do lado sírio, palavras não contam mais, apenas atos".

"Quase uma semana se passou e temos que concluir que a lista de promessas quebradas pelo regime sírio está cada vez maior", ressaltou Hillary Clinton, referindo-se à não cumprida promessa de cessar-fogo, segundo plano de paz proposto por Annan. Assad havia dito que aceitaria o plano, mas apenas o colocaria em prática quando a oposição entregasse suas armas.

Desde o início dos conflitos entre rebeldes e tropas leais ao governo, há pouco mais de um ano, pelo menos 9 mil pessoas morreram, segundo estimativas nas Nações Unidas. Apenas neste domingo, segundo ativistas, 42 pessoas morreram, entre elas quatro desertores.

Damasco afirma que três mil soldados teriam sido mortos pelos manifestantes. Informações sobre os conflitos no país são difíceis de serem checadas, pois o governo extraditou os correspondentes estrangeiros.

MSB/rtr/dpa/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque

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