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Amorim elogia pacifismo alemão

Rodrigo Abdelmalack, de Berlim18 de fevereiro de 2003

O ministro das Relações Exteriores do Brasil encontrou-se pela primeira vez com seu colega alemão em curta passagem por Berlim. Celso Amorim e Joschka Fischer discutiram a crise do Iraque e o papel da América Latina.

O brasileiro Amorim resume a conversa que teve com FischerFoto: DW

Celso Amorim salientou que as relações teuto-brasileiras são importantes já há muito tempo, mas que agora elas deixam de restringir-se aos planos econômico e cultural. "Há evidentemente muitos investimentos alemães no Brasil e uma intensa relação cultural. Mas o que eu acho ser um fato relativamente novo é a intensidade da consulta política", disse Amorim.

A importância de encontrar uma solução pacífica para a questão do Iraque ocupou posição central durante a conversa nesta terça-feira na capital alemã. "Brasil e Alemanha estão absolutamente de acordo quanto à certeza de querer fazer tudo o que puderem para assegurar o cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Mas, antes de qualquer coisa, estamos de acordo que esse objetivo deve ser alcançado através de meios pacíficos, ou seja, através do trabalho dos inspetores", disse o ministro alemão Joschka Fischer.

Idéias Criativas -

Amorim elogiou e declarou apoio às iniciativas pacifistas, sem diminuir a importância do comportamento do Iraque. "Não basta o Iraque não obstruir, é preciso que ele coopere ativamente. Nós apoiamos a iniciativa de reforçar as inspeções, como foi sugerido pela Alemanha juntamente com a França e com a Rússia, e estaremos prontos a trabalhar em quaisquer outras idéias criativas que ajudem a encontrar uma solução pacífica para o pleno cumprimento das resoluções da ONU", disse.

O ministro justificou a posição do Brasil não apenas com idealismo, mas também com interesses econômicos. "Além do sentimento pacifista muito forte em nosso país, que não tem uma guerra há 170 anos, há também uma preocupação econômica muito real", disse.

O diplomata brasileiro lembrou que o país está procurando sair de uma situação difícil, consolidar sua economia e ao mesmo tempo fazer reformas sociais e, na hipótese de uma guerra, terá então problemas extras. Ele não descarta a possibilidade de um breve encontro de ministros latino-americanos para discutir o impacto regional.

O Brasil e a UE -

Também foram tema da visita as relações bilaterais do Brasil e do Mercosul com a União Européia, cuja cooperação Amorim considera de central importância para o estreitamento dos laços comerciais. Para ele, a Alemanha deveria assumir papel de liderança na UE para quebrar o impasse nas negociações de um acordo de livre comércio.

"É um testemunho da densidade das nossas relações o fato de que, em menos de um mês, eu tenha estado duas vezes na Alemanha", agradeceu Amorim. O diplomata brasileiro esteve na Alemanha há cerca de três semanas em companhia do presidente Luís Inácio Lula da Silva, mas um encontro com Joschka Fischer não havia sido possível.

A convite do ministro alemão, Amorim voltou agora a Berlim, após sua visita ao Japão, onde participou da conferência ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), e à Rússia, onde encontrou o ministro Igor Ivanov.

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