Amsterdã pode fechar as cortinas do Distrito da Luz Vermelha
4 de julho de 2019
Primeira prefeita mulher da capital holandesa propõe reformas no tradicional bairro de prostituição. Objetivo é proteger profissionais do sexo que se expõem nas janelas e reduzir os impactos do turismo de massa.
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Amsterdã poderá fechar de vez as cortinas das famosas janelas do Red Light District (Distrito da Luz Vermelha), tradicional zona de prostituição legalizada da cidade. Nas vitrines, profissionais do sexo se exibem para tentar atrair clientes.
A proposta anunciada pela primeira prefeita mulher de Amsterdã, Femke Halsema, é parte de uma reformulação geral dessa região da capital holandesa, entremeada por belos canais e becos estreitos.
Halsema apresentou quatro propostas que visam não só melhorar as condições para as mulheres que trabalham nas zonas de prostituição, mas também combater o crime e reduzir os problemas com o turismo de massa. As janelas e sex shops do Distrito da Luz Vermelha, próximo à estação central da cidade, são um dos maiores atrativos para os cerca de 18 milhões de turistas que visitam a maior cidade da Holanda todos os anos.
As propostas incluem o fechamento das janelas para que as profissionais não estejam em exposição pública, com punição aos estabelecimentos que mantiverem as janelas abertas, ou ainda a transferência da zona de prostituição para outro local da cidade.
"Para muitos visitantes, as profissionais do sexo se tornaram apenas uma atração para se observar. Em alguns casos, isso vem acompanhado de comportamentos perturbadores e atitudes desrespeitosas contra as profissionais nas janelas", afirma um comunicado da prefeitura. "Ao mesmo tempo, há um aumento significativo dos casos de prostituição não licenciada e ilegal."
Cada vez mais, as profissionais do sexo oferecem serviços através da internet, longe das regulamentações do Distrito da Luz Vermelha. "É nessa fatia de mercado que os abusos ocorrem com frequência maior", acrescenta a nota.
A prefeitura diz que a intenção é proteger os direitos trabalhistas das profissionais e se adequar às mudanças na indústria do sexo nos últimos anos, além de lidar com o aumento do número de turistas. Quase todas as noites, visitantes lotam a região, que também possui casas de shows eróticos, bares e cafés que vendem maconha legalmente.
A prefeita vai discutir as quatro propostas em duas reuniões com representantes das partes envolvidas ainda neste mês. Em setembro, o Conselho Municipal vai debater as medidas e verificar as viabilidades financeira e legal.
A proposta de realizar a consulta pública sobre o futuro do bairro e suas 330 janelas de prostituição é a mais recente tentativa das autoridades locais de limpar uma parte do centro histórico da cidade, que se torna cada vez mais barulhento e lotado com o grande número de turistas.
Nos últimos anos, o governo vem tentando, com sucesso limitado, reduzir o número de janelas e "gentrificar" o bairro de prostituição, que já existe há séculos. Esforços anteriores para impor controles à região enfrentaram oposição das profissionais e dos negócios relacionados à indústria do sexo.
A prefeita de Amsterdã assegura que não existe intenção alguma de criminalizar o trabalho das profissionais. "Legalizamos a prostituição porque pensávamos e ainda pensamos que a prostituição legal dá à mulher a chance de ser autônoma e independente. Acho que a criminalização, como ocorre nos Estados Unidos, deixa as mulheres bastante vulneráveis", disse Halsema.
A reação inicial das profissionais às propostas não foi de grande entusiasmo. "Se fecharem as janelas, então todas as trabalhadoras do sexo vão paro o submundo, e será preciso bem mais pessoas para regular e verificar isso", disse uma profissional que se identificou como Foxxy Angel, seu nome de trabalho.
Ela disse que muitas mulheres preferem trabalhar atrás das janelas, onde há boas condições de higiene e podem olhar nos olhos dos clientes. Membro do sindicato Proud, que defende os direitos das profissionais do sexo, Angel concorda, contudo, que o mau comportamento dos turistas gera problemas no bairro.
Em 27 de abril os holandeses celebram seu rei com uma enorme festa, na qual se dança nas ruas e a cor laranja impera. Mas durante todo o ano a capital holandesa tem atrativos que justificam uma visita. Eis dez deles.
Foto: picture-alliance/dpa/ANP/K. Van Weel
Canais animados
Os mais de 100 quilômetros de canais de Amsterdã são a melhor maneira de se movimentar pela cidade. O sistema data do século 17, quando a capital holandesa era a cidade mais rica e tinha um dos portos mais ativos do mundo. Hoje, as vias aquáticas são usadas para praticamente tudo, do transporte diário aos passeios turísticos.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Grubitzsch
Liberdade sobre duas rodas
Para quem prefere se deslocar em terra firme, o ciclismo é uma opção perfeita. Em Amsterdã há 800 mil bicicletas – mais do que seu número de habitantes. Ela é também uma das cidades que, a cada verão, acolhem o World Naked Bike Ride. O giro sobre duas rodas em trajes de Adão e Eva visa chamar a atenção para as emissões de gases poluentes e promover uma atitude saudável em relação ao próprio corpo.
Foto: picture-alliance/dpa/ANP/R. De Waal
Arquitetura secular
Os gabletes que decoram numerosas casas são a quintessência da Amsterdã tradicional. Seus tipos e formas variados contam muito sobre a história de cada edifício. Alguns dos exemplos mais interessantes ladeiam as margens dos canais da cidade.
Foto: picture-alliance/RIA Novosti/A. Kudenko
Lar dos mestres pintores
O volume de arte que Amsterdã abriga é simplesmente mirabolante. O Rijksmuseum abriga uma das mais ricas coleções de obras de mestres holandeses do mundo, reunindo nomes como Rembrandt van Rijn, Frans Hals, Jan Vermeer e Jan Steen. Em 2013, "A ronda noturna", de Rembrandt, retornou ao museu, após uma década de reformas no prédio.
Foto: picture-alliance/RIA Novosti/A. Kudenko
Girassóis para Van Gogh
Vincent van Gogh também está imortalizado na praça Museumplein. Além de mais de 700 pinturas e desenhos, o Museu Van Gogh exibe a correspondência do artista pós-impressionista e obras de seus contemporâneos. Para a reabertura, em 2015, a instituição foi cercada por labirintos de um dos motivos pictóricos mais característicos do artista: girassóis.
Foto: picture-alliance/dpa/R.de Waal
Anne Frank
Na rua Prinsengracht, Anne Frank e outras sete pessoas ficaram escondidas durante a Segunda Guerra Mundial. Traduzido em 60 idiomas, o diário da adolescente alemã testemunha a capacidade humana de preservar o otimismo perante o mal. Enquanto a casa principal virou museu, o Anexo Secreto foi preservado, permitindo aos visitantes vislumbrar de perto a cruel realidade da vida num esconderijo.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Vrijdag
Comemorações e festividades
História, arte e alegria de viver não faltam em Amsterdã, uma cidade que sabe celebrar o hedonismo e o heroísmo, o prazer e o esclarecimento. Em 5 de maio, o Dia da Libertação marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Holanda. As festividades transcorrem ao longo dos canais e ruas da vivaz, imprevisível e pulsante capital.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Utrecht
Para além das luzes vermelhas
O Bairro da Luz Vermelha, em pleno centro, evoca a reputação histórica de Amsterdã como cidade do vício. Mas seu interesse vai além da mera provocação sexual: para os mais eruditos, o Venustempel, mais antigo museu do sexo existente, explora história e cultura da sexualidade e suas práticas. Na foto, o Red Light Secrets, primeiro museu da prostituição do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Utrecht
Café – e outras drogas
Mas nem toda oferta de lazer de Amsterdã está acima de suspeitas no restante do mundo. As "coffeshops", onde é possível comprar e consumir marijuana sem problemas, confirmam a reputação de capital da tolerância e são um atrativo certo para multidões de turistas. Ao mesmo tempo, essa política liberal tem sido alvo de um acirrado debate sobre o turismo da maconha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Pelo futuro afora
Em contraste com as tradicionais estruturas renascentistas, exemplos notáveis de arquitetura contemporânea pontuam o panorama urbano em Amsterdã. Entre os exemplos mais conhecidos estão a Ponte Lex van Delden e o Woodlofts Buiksloterham. Na foto, o museu de ciência Nemo, projetado por Renzo Piano, que celebra as origens marítimas da cidade e aponta em direção ao futuro.