Após vários países adotarem medida, agência fecha espaço aéreo brasileiro para voos com modelo da Boeing envolvido em duas quedas recentes. Decisão afeta companhias nacionais e estrangeiras.
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A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou a suspensão dos voos com aviões Boeing 737 MAX 8 no Brasil. A diretriz deve ser cumprida imediatamente.
A medida foi anunciada nesta quarta-feira (13/03), três dias após o desastre envolvendo um avião da companhia aérea Ethiopian Airlines, que caiu minutos após decolar de Addis Abeba. As 157 pessoas que estavam a bordo do avião do modelo 737 MAX 8 morreram após a queda, cujas causas ainda estão sendo investigadas.
A empresa aérea Gol, a única no Brasil que possui aviões desse modelo, já havia anunciado na terça-feira que manterá temporariamente em solo suas sete aeronaves Boeing 737 MAX 8. A decisão da Anac vale não apenas para companhias aéreas brasileiras, mas também para estrangeiras que operam no Brasil.
Em nota divulgada na noite de quarta-feira (13/03), a Anac informou que, antes de determinar a suspensão das operações, contatou a Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), a Boeing e a própria Gol.
Em janeiro de 2018, especialistas da Anac avaliaram o novo modelo da Boeing antes de a Gol colocá-lo em operação. Após identificar diferenças operacionais em relação aos modelos anteriores, a agência exigiu que os funcionários da companhia recebessem treinamento para operar as novas aeronaves, segundo a nota divulgada pela agência.
As decisões de interdição dos espaços aéreos e de companhias de manter seus aviões em solo se deve a preocupações com os novos aviões da Boeing após dois acidentes recentes com aviões do modelo 737 MAX 8. Além da queda do voo da Ethiopian Airlines, no domingo, um desastre semelhante ocorreu menos de seis meses antes num voo da companhia indonésia Lion Air, que deixou 189 mortos. Ambos os aviões caíram minutos após decolarem.
O 737 é o avião de passageiros moderno mais vendido do mundo e é considerado um dos mais confiáveis. A série MAX, lançada em 2017, é a versão mais recente do bimotor de corredor único da Boeing e já recebeu mais de cinco mil pedidos de cerca de 100 clientes.
A série é mais eficiente em termos de combustível em comparação com seus antecessores e há quatro variantes: MAX 7, MAX 8, MAX 9 e MAX 10, que podem transportar entre 138 e 204 passageiros e foram projetadas para voos de curta e média distância.
Desde a década de 1970, quando ocorreram sucessivos acidentes fatais com o McDonnell Douglas DC-10, um modelo recém-lançado não era envolvido em duas quedas num período tão curto.
PV/abr/ots
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Há meio século ele fez seu voo inaugural. Apesar da forte concorrência do Airbus A320, o Boeing 737 é atualmente o modelo mais vendido na história da aviação mundial.
Foto: picture alliance/ZUMA Press/L. Faerberg
Boeing preenche lacuna
Na década de 1960, as viagens aéreas entraram na moda. Tanto nos EUA como na Europa, o mercado de trajetos de média distância cresceu rapidamente. Naquela época, Lufthansa e United Airlines ainda não haviam comprado modelos de médio alcance – e isso foi uma oportunidade para a Boeing. A foto mostra um dos primeiros modelos 737, durante sua fabricação em Seattle, EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/Lufthansa
Lufthansa foi primeira cliente do modelo
O voo inaugural do Boeing 737 foi realizado em 9 de abril de 1967. Nesse mesmo ano, a Lufthansa se transformou na primeira cliente do modelo. Com a aeronave, a companhia aérea alemã podia transportar cerca de 100 passageiros e voar até 3.400 quilômetros. A empresa usa o 737 especialmente em suas rotas europeias.
Foto: picture-alliance/dpa/Lufthansa
Sob a sombra do Outono Alemão
Também faz parte da história da Boeing: em 1977, um modelo 737 batizado de "Landshut" foi sequestrado por quatro terroristas palestinos, que mataram o comandante. Mais tarde forças especiais alemãs libertaram os 86 passageiros e restante da tripulação. Depois do incidente, o avião continuou transportando passageiros da Lufthansa até ser vendido pela empresa em 1985, só sendo aposentado em 2008.
Foto: picture-alliance/AP Images
Cockpit analógico
As aeronaves estão em constante evolução. Enquanto os primeiros pilotos e pilotas da Lufthansa ainda se sentavam atrás de instrumentos analógicos, a fabricante americana de aviões desenvolveu a tecnologia empregada no modelo de forma gradual. No início da década de 1980, pela primeira vez a Boeing alterou o 737 em grande escala, e a cabine de pilotos recebeu telas.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Menos espaço para as pernas
O Boeing 737 mudou do ponto de vista dos passageiros: uma iluminação mais suave, bagageiros maiores e melhor ventilação tornaram as viagens aéreas mais agradáveis. No entanto, os passageiros da classe econômica passaram a ter menos espaço para as pernas, com a redução da distância entre os assentos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. D. Gabbert
Consumo de combustível deve ser baixo
Atualmente não são apenas os passageiros que devem caber em maior número dentro do avião. O consumo de combustível também deve ser baixo. Dada a baixa altura da aeronave, os motores do 737 foram concebidos pela Boeing com um achatamento na sua parte inferior, e se diferenciam do aspecto redondo das turbinas de outros modelos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Popular entre as empresas de baixo custo
Com um total de 13.824 encomendas (até fevereiro de 2017), o 737 é atualmente o avião de passageiros mais vendido na história da aviação. Particularmente as companhias aéreas de baixo custo, cujas frotas muitas vezes consistem de só um modelo de aeronave, compram dezenas de unidades de uma só vez.
O Airbus A320 foi lançado no mercado no final da década de 1980, e também se tornou sucesso de vendas. No período de 30 anos, o modelo da fabricante europeia, com 13.061 encomendas (até fevereiro de 2017), não fica tão longe do recorde do Boeing 737.
Foto: picture-alliance/ dpa
Renascimento aos 50 anos de idade
Após a Airbus anunciar a remodelação da família A320, a Boeing reformulou também o 737. O modelo 737 MAX transportará mais passageiros e consumirá menos combustível, e as primeiras aeronaves serão entregues em 2017, pontualmente para o 50º aniversário da aeronave.