Artefatos de pedra descobertos na China sugerem que houve hominídeos fora da África já há 2,1 milhões de anos. Especialistas se dividem sobre relevância do achado.
Anúncio
Um grupo internacional de cientistas descobriu na China um conjunto de ferramentas que sugere que houve hominídeos fora da África antes do que se pensava, afirma um estudo publicado nesta quarta-feira (11/07) pela revista especializada Nature.
A série de 96 artefatos de pedra tem idades entre 1,3 milhão e 2,1 milhões de anos, afirmam os pesquisadores, liderados pela Academia Chinesa de Ciências. "Estamos muitos animados", disse o cientista Zhaoyu Zhu, do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, que liderou os trabalhos de campo.
Até agora, as evidências mais antigas da presença de hominídeos fora da África haviam sido encontradas na cidade de Dmanisi, na Geórgia, e incluem ferramentas e ossos de Homo erectus de 1,85 milhão de anos atrás.
"Isso é totalmente novo", afirmou o arqueologista Michael Petraglia, do Instituto Max Planck para Ciência da História Humana, em Jena, na Alemanha, que não participou do estudo. "Isso significa que os antigos humanos começaram a sair da África muito antes do que pensávamos."
Essa migração começou muito antes da aparição do Homo sapiens. Os especialistas acreditam que as ferramentas foram produzidas por um outro membro do grupo evolucionário Homo.
Para esse novo trabalho, os pesquisadores analisaram 82 pedras trabalhadas e 14 não trabalhadas do pleistoceno inferior, encontradas no Planalto de Loess, no centro da China.
Entre os artefatos figuram raspadores, pontas e buris, o que demonstra a existência de ferramentas primitivas nessa região. As peças estavam distribuídas sobre 17 camadas de sedimentos, o que sugere que os hominídeos retornavam ao mesmo local de tempos em tempos.
A descoberta indica que os hominídeos podem ter ocupado o Planalto de Loess pelo período de 850 mil anos, há 1,3 milhão e 2,1 milhões de anos, ainda que não necessariamente de maneira contínua.
Alguns especialistas veem a descoberta com cautela. "Estou cético. Suspeito que essa descoberta vai mudar muito pouco", afirmou o antropologista Geoffrey Pope, da Universidade William Paterson, em Nova Jersey. Segundo ele, muitas vezes a ação do tempo pode modelar pedras de maneira que elas pareçam ter sido feitas por mãos humanas.
Mas a arqueologista Sonia Harmand, da Universidade Stony Brook, de Nova York, discorda. "Francamente, este pode ser um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo", afirmou.
Em 1992, os restos mortais de duas crianças foram descobertos sob uma catedral de Frankfurt. Agora, arqueólogos dizem que elas podem ter tido ligações familiares até com Carlos Magno.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Novas descobertas
Localizada em Frankfurt, a catedral de São Bartolomeu ganhou mais uma marca para seus 1.300 anos de história. Uma equipe de arqueólogos revelou que uma tumba misteriosa, foco de mais de 20 anos de pesquisa, continha não apenas uma, mas duas crianças. Acredita-se que elas tenham raízes nobres. Os pesquisadores também revisaram o ano da morte de 850 para antes de 730.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Anéis de ouro
Em 1992, uma escavação feita embaixo da catedral levou à descoberta dos restos mortais de uma menina. Ela estava coberta com joias de ouro, com estes anéis nos dedos. A decoração do túmulo tem origens na Dinastia Merovíngia, um grupo de tribos da Francônia que conquistou partes do norte da França e preparou o caminho para o Cristianismo no que são hoje os estados alemães de Hessen e Turíngia.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Eixo central
Os arqueólogos acreditavam que a garota havia sido sepultada por volta do ano 850 porque o túmulo se encontrava paralelo ao eixo central da catedral (em vermelho). Porém, uma análise aprofundada levou à descoberta de que não só a data do sepultamento era anterior ao que se pensava, mas de que a menina não estava sozinha na tumba.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Raízes escandinavas?
A sepultura também continha cinzas. Primeiramente, os arqueólogos não perceberam que os restos mortais eram de outra criança, que teria cerca de quatro anos de idade. A presença de garras de urso, bem como de ossadas de outros animais, remete a uma tradição pagã trazida possivelmente no século 11 por colonizadores escandinavos.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Detalhes de vidro e ouro
Sinais da influência escandinava também aparecem no colar encontrado no túmulo da garota, cujo medalhão central tem origem no norte europeu. Os pesquisadores ainda não identificaram a ligação entra as duas crianças, mas, devido ao destaque que o túmulo possui na base da igreja, acreditam que ambas foram reverenciadas pelos locais por séculos após a morte.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Transição religiosa
Uma cruz decorada a ouro que adorna o manto das crianças indica que houve ali um funeral cristão. Com a presença de antigos rituais pagãs alemães, o túmulo ilustra uma época em que a região do Baixo Reno passava por uma transição religiosa.
Foto: Archäologisches Museum Frankfurt
Conexão com Carlos Magno?
Segundo os pesquisadores, se a menina pertencia à nobreza, ela teria ligações com a poderosa família Hedenen, de onde veio a quarta esposa de Carlos Magno (742-814), Fastrada. Na mesma catedral, em 794, foi realizado o Conselho de Frankfurt, o mais importante reunindo bispos do Ocidente, organizado por Carlos Magno. Nele, foram definidas as bases teóricas para o Sacro Império Romano-Germânico.