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Angela Merkel: "A democracia vive da mudança"

31 de dezembro de 2018

Em mensagem de Ano Novo, líder alemã faz autocrítica, pede que seu país permaneça unido e lembra seu empenho por uma UE forte. Sua resposta às crises internacionais: mais responsabilidade para a Alemanha.

Chanceler federal alemã, Angela Merkel, tendo o prédio do Bundestag ao fundo e bandeiras alemã e da UE ao lado
Chanceler federal alemã, Angela Merkel, em mensagem de Ano NovoFoto: picture-alliance/dpa/AFP/J. MacDougal

Com seu tradicional discurso de Ano Novo, o chefe de governo alemã, no cargo desde 2005, se dirige primeiramente às pessoas em seu próprio país. "Caros cidadãs e cidadãos" é a saudação. E, no entanto, suas palavras também devem ser ouvidas atentamente além da fronteira alemã. Quando Angela Merkel faz um balanço do que foi um "ano político extremamente difícil" do ponto de vista dela, o faz a partir de duas perspectivas: nacional e internacional.

A chanceler federal alemã começa com um olhar para dentro, para a longa e difícil formação de um governo após as eleições gerais de 2017. Ela demorou seis meses "e quando a terminamos, houve discórdia, e estivemos muito ocupados com nós mesmos". A democrata-cristã não cita exemplo algum, mas especialmente dois permaneceram na lembrança: as constantes disputas com o ministro do Interior, Horst Seehofer, do partido irmão da Baviera, a CSU, e as com os social-democratas. Em termos de conteúdo, a questão era principalmente sobre o curso correto para política de migração.

No entanto, Merkel não quer considerar o clima tenso dentro da coalizão como o motivo da sua anunciada retirada da política após o fim da legislatura. Ela o fez "independentemente de quão insatisfatório foi o ano passado". Seu tempo de mandato, que já perfaz 13 anos, "já é motivo suficiente". Ela diz ser preciso construir "o que nossos antecessores nos deixaram", delineando o presente para aqueles que virão depois. "A democracia vive da mudança."

Merkel está convencida só ser possível vencer os desafios do momento "se continuamos unidos e cooperamos com os outros além das fronteiras". Poucos dias depois da cúpula do clima em Katowice, na Polônia, ela cita a "fatídica questão da mudança climática" e também o gerenciamento e o ordenamento da migração, assim como a luta contra o terrorismo internacional. "Em nosso próprio interesse, queremos resolver todas essas questões."

No entanto, lembra que existem algumas dúvidas sobre a disposição existente em se aceitar os múltiplos desafios. Antigas certezas sobre a cooperação internacional acabaram sob pressão, segundo Merkel. Mais uma vez, ela não cita nenhum exemplo. Mas não há dúvidas de que se refere, entre outras coisas, às políticas nacionalistas deste e do outro lado do Atlântico. Sua conclusão: "Em tal situação, devemos voltar a defender mais fortemente nossas convicções, argumentar, lutar".

Referindo-se à participação da Alemanha no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que começa agora e se estende por dois anos, Merkel anuncia pretender "trabalhar por soluções globais". "Continuamos aumentando nossos recursos para assistência humanitária e ao desenvolvimento, assim como nossos gastos com defesa." Ela lembra que se empenhará para tornar a União Europeia (UE) "mais robusta e mais capaz no aspecto deliberativo". E, em relação ao Reino Unido, a intenção é manter uma "estreita parceria", apesar da saída da UE.

A seus compatriotas, a chanceler apela para que contribuam para as eleições europeias em maio, para que UE continue sendo um "projeto de paz, prosperidade e segurança". Ao final de seu discurso de Ano Novo de 2019, Merkel novamente lança o olhar para seu país, ressaltando que, com o seu trabalho em prol de "condições de vida equivalentes", o governo alemão visa "que todos tenham um bom acesso a educação, habitação e saúde".

Merkel frisa que sua gestão se empenha para obter as "melhores soluções" nessa questão. "Cada vez mais e também em prol de nossa coexistência, nossos valores: fraternidade, tolerância e respeito." Merkel se preocupa com o clima social, que se tornou mais áspero em 2018. Mas ela também se mostra confiante: "Sempre que acreditarmos em nossos valores e realizarmos nossas ideias com energia, algo novo e bom pode surgir."

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Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.