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Angela Merkel

10 de abril de 2010

Em 10 de abril de 2000, a alemã-oriental Angela Merkel assumia a presidência dos democrata-cristãos da CDU. Sempre subestimada, ela agora cumpre uma década no cargo, sem rivais que ameacem sua liderança no partido.

Merkel alcançou índice de aprovação recorde em 2007Foto: AP

Comparados à gestão de seu ex-padrinho político, Helmut Kohl, os dez anos de Angela Merkel na presidência da União Democrata Cristã (CDU) não representam um tempo tão longo. O "chanceler federal da reunificação" ocupou o mesmo cargo durante 25 anos. Mas todos os outros presidentes da CDU ficaram no posto por um tempo significativamente menor do que Merkel. E o grande rival, o Partido Social Democrata (SPD) já teve oito presidentes desde que Merkel passou a liderar a CDU.

Não era de se esperar que Merkel chegasse um dia à liderança da CDU. A ela faltavam alguns pré-requisitos básicos. Merkel não fez carreira a partir das bases do partido e, por isso, nunca teve uma ampla malha de bons relacionamentos na agremiação. Como alemã-oriental, chegou à CDU por caminhos tortuosos durante o processo de reunificação alemã.

Fraquezas acabaram trazendo vantagem

Mas justamente suas fraquezas acabaram sendo um trunfo naquela primavera de 2000. Quando Helmut Kohl perdeu as eleições parlamentares de 1998 e renunciou ao cargo de líder do partido, foi sucedido pelo presidente da bancada da CDU/CSU no Parlamento, Wolfgang Schäuble. E Angela Merkel passou a ser sua secretária-geral.

Entretanto, o partido foi atingido por um escândalo de financiamentos irregulares. Na época, Merkel apelou em um artigo de jornal para que seus correligionários se distanciassem de Helmut Kohl. Este, por sua vez, renunciou ao cargo de presidente honorário da CDU.

Como Schäuble enfrentou acusações de envolvimento com o escândalo, também acabou por renunciar em fevereiro de 2000. Era chegada a hora de Merkel, que não estava envolvida nas transações escusas do partido.

Em 10 de abril 2000, ela foi eleita presidente da CDU, com 96% dos votos. Para os outros figurões, que tinham esperança de liderar seus correligionários e concorrer à chancelaria federal, a suposta inexperiente alemã-oriental com poucas conexões dentro do partido parecia inofensiva.

Quando chegou a hora de se escolher quem deveria ser o candidato a chanceler federal pelos democrata-cristãos, em 2002, muitos optaram por Edmund Stoiber, presidente da União Social Cristã (CSU), o partido irmão bávaro. Os líderes mais jovens achavam que ele perderia a eleição e, se vencesse, não permaneceria no cargo por muito tempo, devido à sua idade. Após duras negociações, finalmente Merkel abriu mão da sua candidatura em favor de Stoiber. Este, entretanto, perdeu o pleito para o social-democrata Gerhard Schröder.

Apesar de popularidade em queda, Merkel não tem rivais que a ameacemFoto: AP

De líder da oposição a chanceler federal

Durante o governo Schröder, Merkel se tornou a líder incontestável da oposição. Entretanto, apesar de os social-democratas já estarem em crise profunda, Gerhard Schröder quase conseguiu ganhar as eleições antecipadas de 2005.

A candidata Angela Merkel também não alcançou sua meta, que era uma coligação de governo com os liberais, e teve que se contentar, portanto, com uma grande coalizão com os rivais social-democratas. Mas, por ter conseguido uma pequena vantagem em relação ao SPD, Merkel pôde reivindicar para si o cargo de primeira-ministra.

A coalizão com os social-democratas forçou o partido de Merkel a se afastar de suas metas econômicas liberais. Apesar do protesto de algumas alas do partido, a CDU optou pelo retorno à linha tradicional da agremiação, de equilíbrio entre interesses econômicos e sociais. No final de 2006, a CDU confirmou Merkel na liderança do partido, com 93% dos votos, uma vitória mais clara do que muitos observadores esperavam.

Como chanceler federal, Angela Merkel também conta com crescente apoio dos eleitores. Seus índices de aprovação eram modestos inicialmente, mas em 2007 ela conseguiu se sagrar a chefe de governo mais popular de todos os tempos.

No final de 2008, Merkel foi reeleita como presidente da CDU com 95% dos votos. Um ano depois seria confirmada como chanceler federal, só que agora liderando a almejada coalizão com os liderais do FDP.

Na aliança, Merkel luta contra as pressões dos parceiros por uma política econômica mais liberal. Embora os índices de popularidade da premiê tenham caído desde a eleição, não há ninguém no partido que ameace a liderança desta alemã-oriental subestimada durante tanto tempo

Autor: Peter Stützle (md)
Revisão: Simone Lopes

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