Merkel receberá prêmio da ONU por política de refugiados
4 de outubro de 2022
O Prêmio Nansen é oferecido desde 1954 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e será entregue à ex-chanceler federal alemã por suas políticas durante a crise migratória de 2015 e 2016.
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Muito criticada tanto na Alemanha quanto internacionalmente por sua política de acolhimento a refugiados na Alemanha durante a crise migratória de 2015 e 2016, a ex-chanceler federal alemã Angela Merkel será agraciada com o Prêmio Nansen, entregue pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que confirmou a escolha nesta terça-feira (04/10).
No auge da guerra civil na Síria, a ex-chanceler abriu as portas para mais de 1,2 milhão de refugiados e, questionada por diversos críticos, marcou o período com a frase "Wir schaffen das", ("vamos conseguir", em alemão).
Segundo o Acnur, Merkel "mostrou o que pode ser alcançado quando políticos agem corretamente e trabalham para encontrar soluções para os desafios do mundo, em vez de passar a responsabilidade para terceiros".
De acordo com o comitê de seleção dos laureados, a então líder da CDU (União Democrata Cristã), além de "proteger pessoas forçadas a fugir da guerra, de perseguições e violações dos direitos humanos, a ex-chanceler federal foi a força motriz por trás dos esforços coletivos para recebê-las e ajudá-las a se integrar na sociedade".
Além disso, segundo o Acnur, suas políticas e suas declarações públicas de Merkel sobre o tema foram "forças positivas nos debates europeus e globais sobre assuntos relacionados à concessão de asilo e à gestão de crises de deslocamentos forçados".
"Foi uma situação que colocou à prova nossos valores europeus como quase nunca antes. Era nada mais, nada menos do que uma exigência humanitária", declarou Merkel, na época da crise.
O chefe do Acnur, Filippo Grandi, elogiou a determinação da ex-chanceler alemã por proteger requerentes de asilo e por defender os direitos humanos, os princípios humanitários e o direito internacional.
"Ao ajudar mais de 1 milhão de refugiados a sobreviver, Angela Merkel demonstrou imensa coragem moral e política", afirmou Grandi.
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Prêmio leva nome de explorador norueguês
Merkel receberá o prêmio na próxima segunda-feira, em cerimônia na cidade de Genebra, na Suíça.
A premiação foi instituída em 1954 e homenageia indivíduos ou organizações que se destacaram na ajuda e na proteção de pessoas deslocadas.
Entregue anualmente, o Prêmio Nansen leva o nome do explorador, cientista, diplomata e humanitário norueguês, Fridtjof Nansen, que atuou na repatriação de 450 mil prisioneiros após a Primeira Guerra Mundial.
Além da homenagem, a premiação também garante 150 mil dólares – ou 152 mil euros – ao vencedor.
Em 2021, o prêmio foi entregue para uma organização do Iêmen, a Associação Jeel Albena para Desenvolvimento Humanitário (JAAHD), responsável por construir abrigos para dezenas de milhares de vítimas de conflitos.
Em 2020, a professora colombiana Mayerlín Vergara Pérez foi agraciada por sua luta pelo direito à educação de crianças refugiadas.
Outros nomes conhecidos que levaram o prêmio foram o cantor de ópera Luciano Pavarotti, a ativista de defesa dos direitos humanos Graça Machel e a organização Médicos Sem Fronteiras. A primeira agraciada foi a ex-primeira-dama americana, Eleanor Roosevelt, primeira comissária de direitos humanos da ONU.
gb/rk (AFP, DPA, EPD, KNA, ots)
Mundo em fuga
Cerca de 68 milhões de pessoas se encontram atualmente em fuga: pelo mar, pelas montanhas, pelas estradas. A migração afeta todos os continentes. As rotas de fuga são as mais diversas. E todas são desoladoras.
Foto: Imago/ZUMA Press/G. So
Fuga por caminhão
O mais recente movimento migratório tem origem na América Central. Violência e fome levam milhares de pessoas a fugir de Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala. O destino: os Estados Unidos da América. Mas lá, o presidente Trump se mobiliza contra os imigrantes indesejados. A maioria dos refugiados permanece na fronteira mexicano-americana.
Foto: Reuters/C. Garcia Rawlins
Refugiados terceirizados
O governo conservador em Camberra não quer ter refugiados no país. Aqueles que conseguem chegar ao quinto continente são rigorosamente deportados. A Austrália assinou acordos com vários países do Pacífico, incluindo Papua Nova Guiné e Nauru, para alocar ali os refugiados em campos, cujas condições são descritas por observadores como catastróficas.
Foto: picture alliance/AP Photo/Hass Hassaballa
Os refugiados esquecidos
Hussein Abo Shanan tem 80 anos. Ele vive há décadas como refugiado palestino na Jordânia. O reino tem apenas dez milhões de habitantes. Entre eles, estão 2,3 milhões de refugiados palestinos registrados. Eles vivem, em parte, desde 1948 no país – após o fim da guerra árabe-israelense. Além disso, existem atualmente cerca de 500 mil imigrantes sírios.
Foto: Getty Images/AFP/A. Abdo
Tolerado pelo vizinho
A Colômbia é a última chance para muitos venezuelanos. Ali, eles vivem em acampamentos como El Camino, nos arredores da capital, Bogotá. As políticas do presidente Nicolás Maduro levaram a Venezuela a não conseguir mais suprir seus cidadãos, por exemplo, com alimentos e medicamentos. As perspectivas de volta a seu país de origem são ruins.
Foto: DW/F. Abondano
Fuga no frio
Pessoas em fuga, como estes homens na foto, tentam repetidamente atravessar a fronteira da Bósnia-Herzegovina para a Croácia. Como membro da União Europeia, a Croácia é o destino dos migrantes. Especialmente no inverno, essa rota nos Bálcãs é perigosa. Neve, gelo e tempestades dificultam a caminhada.
Foto: picture-alliance/A. Emric
Última parada Bangladesh?
Tempo de chuva no campo de refugiados de Kutupalong em Bangladesh. Mulheres da etnia rohingya, que fugiram de Myanmar, protegem-se com seus guarda-chuvas. Mais de um milhão de muçulmanos rohingya fugiram da violência das tropas de Myanmar para o vizinho Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo e que está sobrecarregado com a situação. Este é atualmente o maior campo de refugiados do planeta.
Foto: Jibon Ahmed
Vida sem perspectiva
Muitos recursos minerais, solos férteis: a República Centro-Africana tem tudo para estabelecer uma sociedade estável. Mas a guerra no próprio país, os conflitos nos países vizinhos e governos corruptos alimentam a violência na região. Isso faz com que muitas pessoas, como aqui na capital, Bangui, tenham que viver em abrigos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Blackwell
Chegada à Espanha
Refugiados envoltos em cobertores vermelhos são atendidos pela Cruz Vermelha após sua chegada ao porto de Málaga. 246 imigrantes foram retirados do mar pelo navio de resgate Guadamar Polimnia. Cada vez mais africanos evitam agora a Líbia. Em vez disso, eles tomam a rota do Mediterrâneo Ocidental, a partir da Argélia ou Marrocos.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/J. Merida
Refugiados sudaneses no Uganda
Por muito tempo, Uganda foi um país dilacerado pela guerra civil. Atualmente, a situação se estabilizou em comparação com outros países africanos. Para esses refugiados do Sudão do Sul, a chegada a Kuluba significa, sobretudo, segurança. Centenas de milhares de sul-sudaneses encontraram refúgio no Uganda.