Angelina Jolie deixa cargo de enviada especial da ONU
17 de dezembro de 2022
Atriz atuou por 20 anos no Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e participou de mais de 60 missões.
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A atriz Angelina Jolie, de 47 anos, anunciou nesta sexta-feira (16/12) que encerrou sua parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Durante 20 anos, ela foi enviada especial da agência da ONU.
Num comunicado conjunto com o Acnur, Jolie afirmou que se sentiu "agradecida pelo privilégio e pela oportunidade" que o trabalho na agência da ONU para refugiados lhe proporcionou ao longo dos últimos 20 anos. Ela manifestou ainda a intenção de continuar atuando junto a refugiados e pessoas deslocadas.
"Depois de 20 anos trabalhando no sistema da ONU, sinto que é hora de trabalhar de forma diferente, me envolvendo diretamente com refugiados e organizações locais e apoiando sua defesa de soluções", disse Jolie.
"Sou grata pelo privilégio e oportunidade que tive de trabalhar com tantos oficiais de campo destacados e dedicados do Acnur e outros colegas que fazem trabalho de salvamento de vidas a nível mundial e de servir como enviada especial", ressaltou a atriz.
Enviada especial desde 2012
Jolie trabalhou para o Acnur desde 2001, primeiro como embaixadora da boa vontade, e, em 2012, foi nomeada enviada especial. Neste papel crítico, "ela usou a sua poderosa voz para criar consciência e apoio aos refugiados e para apelar a ações urgentes e soluções para as pessoas forçadas a fugir", afirmou a agência na nota.
Como enviada especial, a atriz participou de missões em mais de 60 regiões em crise. Recentemente, ela viajou com o Acnur para o Iêmen, Burkina Faso, Paquistão e Ucrânia.
"Angelina Jolie tem sido uma importante parceira humanitária do Acnur há muito tempo. Estamos gratos pelas suas décadas de serviço, pelo seu empenho, e pela diferença que fez para os refugiados e pessoas forçadas a fugir", ressaltou a agência das Nações Unidas.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, disse apreciar o desejo de Jolie mudar o seu compromisso e que apoia a sua decisão. "Sei que a causa dos refugiados permanecerá próxima do seu coração, e estou certo de que ela trará a mesma paixão e atenção a uma pasta humanitária mais vasta", afirmou.
cn (Efe, Lusa, DW)
Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
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Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
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Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
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Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
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Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
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Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".