Animais traumatizados pela guerra se recuperam na Jordânia
23 de maio de 2019
Resgatados de áreas de conflito na Síria, no Iraque ou em Gaza, ursos, leões e tigres podem recuperar saúde e se curar de traumas numa reserva.
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Meses depois de seu resgate, Loz e Sokkar ainda tentam se esconder toda vez que ouvem aviões no ar. Traumatizados pela guerra, esses dois ursos-negros da Ásia foram resgatados em 2017 de um zoológico em Aleppo, na Síria, e se recuperam lentamente numa reserva na Jordânia.
Foi a organização Four Paws (quatro patas), que ajuda animais em dificuldades em todo o mundo, que os resgatou através da Turquia, em 2017, seis anos após o início da guerra civil na Síria.
Os dois ursos, que têm 9 anos de idade, vivem com outros 24 animais selvagens traumatizados no santuário de natureza e vida selvagem Al Ma'wa, em Jerash, cerca de 50 km ao norte de Amã, capital da Jordânia.
A reserva de 140 hectares foi criada graças a uma parceria entre a Four Paws e a Princess Alia Foundation.
Quando chegaram, Loz e Sokkar ficavam "aterrorizados toda vez que ouviam aviões", diz Jaled Ayasra, funcionário do santuário. Enquanto brinca com Sokkar, Ayasra lembra que, por mais de um ano, os ursos se escondiam na cabine fechada do recinto toda vez que ouviam um avião.
Ao todo, nos últimos cinco anos, a Four Paws resgatou cem animais de zonas de guerra, como Gaza, Síria e Iraque, que foram acolhidos por vários centros da Jordânia, de acordo com o porta-voz da organização, Martin Bauer. "A maioria sofre de desnutrição, falta de acompanhamento médico, perda de peso e estava com dentes num estado lastimável", diz Bauer.
Após o resgate, os animais são levados para o Centro New Hope, uma clínica veterinária ligada à reserva, onde recebem atendimento médico e passam por reabilitação. Depois, alguns retornam a seus países de origem, outros são soltos na natureza ou levados ao santuário para começar uma nova vida.
"Em nossas reservas, os animais têm a possibilidade de se reabilitarem, além de recuperarem também seus instintos naturais, depois de certo tempo", explica Bauer, acrescentando que alimentação e cuidados médicos são fatores vitais, mas que os animais também devem adquirir confiança.
Sokkar e Loz melhoraram muito desde a chegada. "Eles estão mais felizes, gostam de brincar e ficam alegres ao ver os visitantes", diz Ayasra.
Na reserva, são utilizados vários métodos para ajudar os animais na recuperação, como dieta balanceada, brincadeiras para estimulá-los e até mesmo aromaterapia, por exemplo, colocando um grande balde com ervas ou condimentos odoríferos, como canela ou camomila, explica Ayasra.
Na opinião dele, porém, o mais importante é a comida. Os ursos recebem 16 quilos de frutas e verduras por dia, e os leões, entre sete e 15 quilos de carne, três vezes por semana.
A reserva abriga quatro ursos, oito leões, 12 leoas e dois tigres de bengala, a maioria vindos de áreas de conflito na Síria e no território palestino de Gaza. Apenas o urso Lula foi retirado do Iraque.
O leão Sultão e a leoa Sabrine chegaram em 2014, por via terrestre, de um zoológico de Gaza, em meio ao conflito com Israel. "Sultão estava muito nervoso, muito inquieto, às vezes destruía tudo em seu recinto", diz Ayasra. "Mas, agora, ele está calmo, assim como Sabrine", acrescenta.
O responsável pela reserva, Marek Trela, explica que o objetivo do lugar é dar uma vida melhor aos animais que sofreram com a guerra ou com o comércio ilegal ou que estiveram em condições muito ruins num zoológico. O local não é considerado um zoo, embora seja aberto ao público, com um ingresso de 5 dinares jordanianos (cerca de 7 dólares).
Segundo Trela, o santuário se parece muito com o habitat natural, o que ajuda os animais a se desenvolverem plenamente. "Se eles querem ver as pessoas, podem fazer isso", enfatiza. "Mas, se não estiverem com vontade, podem desaparecer pela floresta", explica.
LE/afp
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De ursos d'água e lulas de 13 metros a "galinhas monstro sem cabeça", ainda há muito para a biologia descobrir no planeta. Conheça nove novas espécies animais – e uma participação especial do reino vegetal.
Foto: Imago/Science Photo Library
Mola tecta
Este animal de dois metros de largura e aparência bizarra encalhou numa praia da Califórnia em fevereiro de 2019, deixando atônitos os moradores locais. Trata-se de uma variedade rara de peixe-lua, apenas identificada oficialmente em 2017 e até então avistada exclusivamente nas águas do Hemisfério Sul, nas proximidades da Nova Zelândia e Austrália.
Foto: Reuters/T. Turner
Enypniastes eximia
Filmado em 2018 ao largo do leste da Antártida, este pepino-do-mar atende por um apelido saído de um filme de terror: "galinha monstro sem cabeça". Antes, ele só fora localizado no Golfo do México. Enquanto outras espécies da mesma classe habitam o fundo do oceano, a "galinha" passa o dia flutuando pelas águas, só aterrissando para se alimentar.
Medindo (monstruosos, na escala apiária) 3,8 centímetros, a abelha-gigante Wallace foi localizada por cientistas na selva da Indonésia 38 anos após ser registrada pela primeira vez. Durante 25 anos, chegou a constar da lista das espécies "mais procuradas" da Global Wildlife Conservation. Apesar das assustadoras mandíbulas, sua dieta é basicamente de néctar e pólen, como a das primas menores.
Foto: Clay Bolt
Architeuthis dux
Tendo provavelmente inspirado o mito do "Kraken", o calamar-gigante escapou aos biólogos durante décadas: a primeira fotografia de um espécime vivo foi tirada em 2004. E aqui vê-se um quadro da primeira filmagem de um dos cefalópodes em seu habitat natural, feita em 2012. Não se sabe ainda que dimensões podem alcança, mas o maior já registrado media 13 metros.
Foto: Reuters
Hyorhinomys stuempkei
Em 2015, cientistas confirmaram oficialmente a descoberta de uma nova espécie de mamífero na ilha indonésia de Sulawesi. Não se sabe por que o órgão olfativo a que o rato-de-nariz-de-porco deve seu nome tem essa forma, mas ele também ostenta assustadores dentes vampirescos – embora se alimente principalmente de minhocas e larvas de besouros.
Foto: picture-alliance/dpa/Museum Victoria
Neopalpa donaldtrumpi
Descoberta na Califórnia do Sul em 2017, esta minúscula mariposa atraiu a atenção da mídia graças ao "topete" amarelado que ostenta, espantosamente aparentado ao penteado de Donald Trump. Por ironia, o habitat do inseto se estende até o estado mexicano de Baixa Califórnia, ameaçado de ser dividido pelo muro que é a obsessão do presidente americano.
Foto: picture-alliance/dpa/V.Nazari
Chaunacidae
Parece não haver endereço melhor para criaturas de aparência excêntrica do que as profundezas do oceano. Esta raramente fotografada "rã marinha" foi descoberta em 2009, durante a expedição Deep Down Under no Mar de Coral da Austrália. Os peixes, que vivem no fundo de areia, pertencem à família dos xarrocos, cuja característica mais espetacular é a isca bioluminescente que portam defronte da boca.
Foto: picture-alliance/dpa/MARUM Universität Bremen/LMU München
Sciaphila sugimotoi
Num breve desvio para o reino vegetal, a descoberta no Japão desta extraordinária planta, em 2017, despertou interesse por todo o mundo – também pelo fato de a flora do país ser tão bem documentada. Trata-se de uma das poucas espécies de plantas que praticamente abandonaram o processo de fotossíntese, alimentando-se, em vez disso, das raízes dos fungos hospedeiros, sejam cogumelos ou mesmo bolor.
Foto: picture-alliance/ESF International Institute for Species Exploration/Takaomi Sugimoto
Xuedytes bellus
Uma nova espécie de besouro foi descoberta em 2018 numa caverna de calcário da província de Guangxi, no sul da China. Seu corpo alongado e compacto, pernas finas e longas e total ausência de olhos ou asas fazem do besouro-das-cavernas um exemplo perfeito de adaptação à vida na escuridão absoluta, assim como de evolução convergente.
Foto: picture-alliance/Sunbin Huang/Mingyi Tian/ESF International Institute for Species Exploration/dpa
Tardigrada
Embora a ciência conheça os microscópicos tardígrados desde 1777, uma nova espécie foi descoberta em 2018, justamente num estacionamento no Japão, quando um pesquisador arrancou um pedaço de musgo do concreto e levou-o para testar no laboratório. Os também chamados ursos-d'água, são praticamente indestrutíveis, e a nova espécie pode ser descendente de uma linha arcaica.