Anistia Internacional acusa Hungria de maltratar migrantes
27 de setembro de 2016
ONG afirma que requerentes de asilo sofrem violentos abusos por parte das autoridades húngaras, sendo submetidos a tratamento "degradante". Entidade critica referendo sobre migração convocado pelo governo.
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A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira (27/09) o que chamou de tratamento degradante a migrantes na Hungria. Segundo a ONG, o sistema de asilo do país foi concebido com o objetivo de impedir que refugiados busquem proteção no país.
"Milhares de solicitantes de asilo, incluindo menores desacompanhados, estão sofrendo violentos abusos", afirma a AI em relatório.
A denúncia se soma às feitas por outras ONGs nos últimos meses sobre o tratamento desumano dado aos refugiados na Hungria e sobre as duras medidas anti-imigração do governo conservador do primeiro-ministro Viktor Orbán.
Além de erguer cercas em suas fronteiras e impor penas de até cinco anos de prisão pela entrada ilegal no país, a Hungria introduziu em julho a expulsão para "zonas de trânsito", entre Hungria e Sérvia, de todos os migrantes irregulares que sejam detidos nos primeiros oito quilômetros de solo húngaro.
Ali, sem nenhuma ajuda nem serviços básicos, eles devem esperar durante semanas e meses até que se tramite seu pedido de asilo. Segundo o relatório da AI, migrantes denunciaram terem sido espancados, pisoteados e até perseguidos por cachorros. Além disso, no máximo 15 pedidos de asilo são processados por dia.
O porta-voz do governo húngaro Zoltan Kovacs afirmou que alegações sobre violência policial contra migrantes são "pura mentira" e que todos os relatos de abuso foram investigados. Ele argumentou que mudanças no sistema de asilo do país, incluindo o fechamento de centros de recepção e menos assistência à integração, foram necessárias "porque migrantes fazem um mau uso consciente do sistema existente".
No próximo domingo será realizado na Hungria um referendo para que a população opine se aceita o sistema de distribuição de refugiados entre todos os países da União Europeia, rejeitado por Orbán.
A expectativa é que o "não" ganhe de forma contundente na consulta impulsionada pelo governo, que relacionou a imigração com o terrorismo durante a campanha para o referendo. Para a AI, trata-se de um "referendo tóxico".
A ONG pediu que líderes europeus desafiem as violações das leis da UE por parte da Hungria para evitar que tais práticas se espalhem para outros países europeus.
LPF/efe/ap
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.