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Anistia quer comissão independente no caso Marielle

12 de julho de 2018

ONG de direitos humanos critica falta de conclusões dos órgãos de segurança do Rio de Janeiro após quase quatro meses de investigações e defende especialistas e peritos que não façam parte do aparato estatal.

Brasilien Trauer  Marielle Franco
A vereadora Marielle Franco era voz crítica à violência policial em operações em favelas do RJFoto: picture-alliance/AP/

Quase quatro meses após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes, há mais dúvidas do que conclusões por parte da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que ainda não concluiu o inquérito sobre o caso que chocou o país. Esse cenário de incertezas levou a Anistia Internacional a pedir por uma comissão externa e independente para acompanhar as investigações do assassinato.

A ONG internacional de direitos humanos questiona a falta de conclusões da investigação, mesmo com indícios graves sendo revelados pela imprensa nesse período, como o uso de munição de um lote roubado da Polícia Federal e que o modelo de submetralhadora utilizado na execução seria idêntico ao de um arsenal da própria Polícia Civil do Rio.

Nesse período, a Polícia Civil apenas divulgou que considera que o crime foi doloso, quando há a intenção de matar, descartando a possibilidade de tentativa de assalto.  

"Após quatro meses sem solução, a credibilidade do sistema de justiça criminal está em xeque. Está claro que as instituições não têm credibilidade, eficácia, competência ou vontade de resolver o caso", afirmou a diretora de pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Uma comissão externa da Câmara dos Deputados foi criada na época dos assassinatos. O presidente da comissão, deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), em nota publicada na quarta-feira (11/07) no portal da Câmara, reforçou as críticas da Anistia Internacional. Ele disse que vários ofícios encaminhados pela comissão aos órgãos de segurança que investigam o duplo homicídio  continuam sem respostas. 

Renata Neder elogiou a existência de uma comissão da Câmara para acompanhar o caso, mas explicou que a proposta da Anistia é que um grupo de especialistas e peritos que não façam parte do aparato estatal acompanhem as investigações, nos moldes de comissões criadas para investigar execuções na Nicarágua e para acompanhar a apuração do assassinato da líder indigenista Berta Cáceres, em Honduras.

O caso Marielle

Na noite de 14 de março deste ano, o carro onde estava Marielle, Anderson e mais uma assessora sofreu uma emboscada no Centro do Rio de Janeiro, após a vereadora sair de uma reunião de mulheres negras.

Marielle levou quatro tiros na cabeça, e Anderson três balas nas costas. Os dois morreram no local. A assessora foi atingida por estilhaços e teve ferimentos leves. A execução da vereadora, que era uma liderança de comunidades carentes do Rio e voz crítica aos excessos da Polícia, teve repercussão internacional.

O inquérito sobre a morte de Marielle e Anderson segue sob sigilo, e a Secretaria de Estado de Segurança e o Gabinete da Intervenção Federal no Rio não comentaram as declarações, segundo a reportagem do Estado de S. Paulo.

HP/ots

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