Anne Frank morreu antes do que se pensava, aponta estudo
1 de abril de 2015
Pesquisadores de museu em Amsterdã afirmam que jovem judia, símbolo das vítimas do Holocausto, apresentou sintomas de tifo em janeiro de 1945 e, portanto, é improvável que tenha sobrevivido até o fim de março.
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Anne Frank morreu num campo de concentração nazista um mês antes do que o que se supunha anteriormente, afirmaram pesquisadores nesta terça-feira (31/03), o 70º aniversário de sua morte, segundo a data oficialmente reconhecida.
A jovem judia provavelmente morreu no campo de Bergen-Belsen em fevereiro de 1945, aos 15 anos, afirmou em comunicado o museu Casa de Anne Frank, em Amsterdã, com base numa nova pesquisa.
A Cruz Vermelha apontara que as mortes de Anne e Margot ocorreram no campo de concentração no norte da Alemanha em março de 1945, e autoridades holandesas estabeleceram, então, 31 de março como a data oficial.
O diário escrito por Anne no período em que a família se escondeu dos nazistas durante a ocupação da Holanda foi publicado após a Segunda Guerra Mundial, tornando-se um bestseller internacional e transformando a jovem num símbolo das vítimas do Holocausto.
A nova data pouco altera o destino trágico de Anne e Margot. "Foi horrível. Foi terrível. E ainda é", diz Erika Prins, pesquisadora da Casa de Anne Frank. No entanto, a nova data descarta a ideia de que as irmãs poderiam ter sido salvas se tivessem vivido apenas mais algumas semanas.
"Quando se fala que elas morreram no fim de março, isso dá a sensação de que elas morreram pouco antes da libertação", diz Prins. "Isso não é mais válido."
Anne e os demais membros de sua família mantiveram-se escondidos dos nazistas a partir de 1942, nos fundos de uma casa em Amsterdã, até que foram descobertos e deportados para a Alemanha em 1944.
Anne e Margot foram transferidas de Auschwitz para Bergen-Belsen em novembro daquele ano. Quatro sobreviventes do campo relataram que as irmãs mostraram sintomas de tifo no final de janeiro de 1945.
"A maior parte das mortes por tifo ocorre cerca de 12 dias depois que os primeiros sintomas aparecem", aponta o novo estudo, com base no Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente. "Portanto, é improvável que elas tenham sobrevivido até o fim de março."
Enquanto as datas exatas da morte de Anne e Margot seguem desconhecidas, uma sobrevivente de Bergen-Belsen, Rachel van Amerongen, conta que "um dia, elas simplesmente não estavam mais lá".
LPF/afp/ap/dpa/rtr
Quem foi Anne Frank?
Jovem alemã escondeu-se na Holanda durante 25 meses, até que a família foi descoberta e deportada para Auschwitz, em 4 de agosto de 1944. Graças a seu diário, ela ainda é conhecida mundo afora.
Foto: picture-alliance/dpa
Margot, a irmã mais velha
Anne (na frente, à esquerda) tinha uma irmã três anos e meio mais velha, Margot (no fundo, à direita). O pai Otto Frank tirou esta foto no aniversário de oito anos de Margot, em fevereiro de 1934, quando a família já estava na Holanda.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Escondidos em Amsterdã
Em Amsterdã, o pai de Anne assumiu a filial da empresa Opekta (foto). Quando a perseguição aos judeus começou, ele montou um esconderijo nos fundos da casa. De 1942 a 1944, os quatro membros da família viveram no local junto com outros quatro judeus. No esconderijo, Anne escreveu seu famoso diário. Desde 1960, a casa é um museu.
Foto: Daniel Kalker/picture alliance
O esconderijo
No museu em Amsterdã, os visitantes podem visitar hoje uma réplica do antigo esconderijo nos fundos da casa. Por meses, Anne dividiu um quarto apertado com o dentista judeu Fritz Pfeffer, que no diário ganha o nome "Albert Dussel". À direita, vê-se a escrivaninha sobre a qual ela escrevia quase todos os dias.
Foto: DW/H. Mund
Diário como confidente
O diário tornou-se uma espécie de amiga e confidente de Anne, que ela batizou de Kitty. A vida no esconderijo era totalmente diferente da que a jovem levava antes dele. "O melhor de tudo é que ao menos posso escrever o que penso e sinto, senão, ficaria completamente sufocada", diz um trecho do diário.
Foto: Ade Johnson/picture alliance/dpa
Morte no campo de concentração
Em 30 de outubro de 1944, Anne e a irmã Margot foram levadas de Auschwitz para Bergen-Belsen, onde mais de 70 mil pessoas morreram. Após a libertação do campo de concentração sob a supervisão de soldados britânicos, caminhões transportaram as vítimas para valas comuns. Anne, que tinha apenas 15 anos, e a irmã estavam entre os mortos, em decorrência do tifo.
Foto: picture alliance/dpa
Vida interrompida
Em Bergen-Belsen, há uma lápide com os nomes de Margot e Anne, que imaginava que a própria vida correria de maneira diferente. "Não quero ter vivido em vão como a maioria das pessoas. Quero ser útil e trazer alegria para as pessoas que vivem à minha volta e não me conhecem. Quero continuar viva, mesmo depois da morte", diz um trecho do diário do dia 5 de abril de 1944.
Foto: Julian Stratenschulte/picture alliance/dpa
Famosa pelo diário
O sonho de Anne era ser jornalista ou escritora. Graças ao pai, seu diário foi publicado pela primeira vez em 1947, com o título "Das Hinterhaus"("A casa dos fundos"). Depois, vieram diversas edições e traduções, e Anne tornou-se símbolo das vítimas do nazismo. "Todos vivemos com o objetivo de sermos felizes. Vivemos de maneira diferente e igual ao mesmo tempo", escreveu em 6 de julho de 1944.