Riscos para a saúde de fogos de artifícios vão além de explosões. Em toda a Alemanha, em apenas uma noite são liberados no ar 15% de todas as emissões de material particulado geradas pelo trânsito durante um ano.
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Já escrevi sobre a loucura em que Berlim se transforma no Ano Novo. Em 31 de dezembro, milhares de pessoas saem às ruas soltar fogos de artifício como se essa fosse a última oportunidade de suas vidas. A fascinação que alguns possuem por esses explosivos é, para mim, incompreensível.
Um cenário de guerra invade a capital alemã do último dia de cada ano. Fogos explodem por todos os lados, em calçadas, na rua, atirados de janelas. Andar pela cidade neste dia se torna uma aventura. Todo cuidado é pouco para evitar ser atingido por fogos, que em alguns casos costumam ser mirados em desavisados.
Mas além do risco de ferimentos, os fogos de artifício resultam em outro problema, bem menos conhecido: uma imensa poluição atmosférica. Em toda a Alemanha, em apenas uma noite são liberados no ar 15% de todas as emissões de material particulado (PM) emitidas pelo trânsito durante um ano.
Aspiradas, essas partículas minúsculas, nocivas à saúde, vão parar na corrente sanguínea e chegam até o cérebro. Estudos apontam que a poluição do ar pode causar doenças respiratórias e cardiovasculares, além de demência e até morte prematura.
O recorde nos níveis de material particulado no ar na noite de 31 de dezembro de 2018 para 1º de janeiro de 2019 ficou com Berlim. Na primeira hora de 2019, foram medidos 853 microgramas de PM por metro cúbico de ar no bairro de Friedrichshain.
De acordo com a Autoridade Federal alemã do Meio Ambiente, esse foi o nível mais alto já registrado na história do país. Esse número ultrapassa longe o atual limite estabelecido pelas regras da União Europeia, que é de 40 microgramas por metro cúbico de ar.
Em toda a Alemanha, no Ano Novo, são emitidos 4,2 mil toneladas de PM na atmosfera resultante dos fogos de artifícios, o que corresponde a 2% de toda a poluição deste tipo gerada no país anualmente.
Mas não é só o material particulado que representa um perigo invisível neste tipo de explosivo. Fogos de artifício levam em sua composição compostos de cloro, que são cancerígenos. Quase não há pesquisas sobre a quantidade destas substâncias liberadas no ar no Ano Novo e seus impactos para a saúde. Algumas universidades alemãs desenvolvem pesquisas para alternativas a esse tipo de material.
Além da poluição, esses explosivos também causam danos bastantes conhecidos no Brasil, onde o noticiário do dia 1º costuma ter casos de acidentes e tragédias com mortes. Cerca de 8 mil pessoas vão parar em hospitais na Alemanha devido a acidentes com fogos de artifícios, um terço delas sofre danos com os quais terá que conviver até o fim de suas vidas.
Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Um jornal alemão calculou a relação entre área verde e superfície de 79 municípios do país. E criou o ranking das 10 cidades com mais de 500 mil habitantes que têm ao menos 50% do território coberto por vegetação.
Foto: Mohammad Nassiri
#10 Frankfurt
Frankfurt, a capital financeira da Alemanha, ficou na décima posição. O cinturão verde, que ocupa quase um terço da cidade, contribui para os 140 km² de vegetação, perfazendo 58,2% da área do município. O perímetro urbano tem mais de 40 parques e 50 lagos e lagoas.
Foto: M. Lenz
#9 Colônia
A quarta maior cidade alemã tem 1 milhão de moradores e 240 km² de parques e florestas. Seu parque mais famoso é o Aachener Weiher, junto ao centro da cidade e do campus universitário, atraindo visitantes interessados em paquerar, tomar banho de sol e fazer churrasco.
Foto: picture alliance/dpa
#8 Berlim
De olho no desenvolvimento sustentável, a capital alemã lança mão de planejamento para manter e expandir seus 530 km² de áreas arborizadas. Com uma população de 3,4 milhões de pessoas, a metrópole incentiva a jardinagem em áreas públicas e a educação ambiental como formas de melhorar a qualidade de vida.
Foto: Getty Images
#7 Hannover
O lago Maschsee, a floresta Eilenriede e os jardins reais de Herrenhäuser são algumas atrações que garantem a Hannover uma parcela de 65,2% de área com cobertura vegetal. A paisagem da cidade também está coalhada de loteamentos privados, onde moradores cultivam flores e alimentos perto de casa e contribuem para o meio ambiente.
Foto: picture-alliance/dpa
#6 Essen
Escolhida a capital verde da Europa para 2017, Essen tem por volta de 140 km² de parques. Sua economia se baseou na mineração de carvão no Vale do Ruhr por várias décadas, e agora se destaca pela proteção da natureza e da biodiversidade. A população dispõe de mais de 700 áreas verdes, entre elas o novo Parque Krupp, inaugurado em 2009 no local onde funcionava uma siderúrgica.
Foto: Imago/R. Lueger
#5 Bremen
Há 200 anos, a cidade substituiu a muralha que a protegia por um jardim. No espaço interno do antigo muro surgiu, por iniciativa dos moradores, um outro parque, amplo e bem cuidado. Bremen, cidade do conto dos animais músicos, valoriza suas áreas verdes, que totalizam 220 km² e representam 68,2% da área total do município.
Foto: AP
#4 Dresden
Prados e vinhedos ao longo do Rio Elba, que corta a cidade, fazem parte dos 69,4% de área tomada pelo verde em Dresden. Outro local arborizado que atrai turistas é o Zwinger, antigo palácio em estilo barroco e hoje um dos principais pontos turísticos da "Florença do Elba".
Foto: picture-alliance/dpa/J. Loesel
#3 Stuttgart
A cidade-símbolo dos automóveis alemães está em guerra contra a poluição atmosférica e os 69,9% de área verde são uma arma para reduzir o impacto ambiental. Corredores de ventilação – onde novas construções são proibidas – e mais de 300 mil m² de telhados verdes fazem parte das estratégias da cidade para melhorar a qualidade do ar.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
#2 Dortmund
Em segundo lugar no ranking, a cidade do Borussia Dortmund, com cerca de 200 km² cobertos de vegetação. No parque Westfalenpark, que tem aproximadamente 70 ha, está o "Rosarium", com três mil variedades de rosas. A cidade já sediou por três vezes a Buga, bienal alemã de jardinagem e paisagismo: em 1959, 1969 e em 1991.
Foto: Imago/imagebroker
#1 Hamburgo
A cidade portuária é também a metrópole com mais verde. Hamburgo, a segunda maior cidade alemã, está no topo da lista. Localizada às margens do rio Elba, ela possui 71,4% de sua área coberta por vegetação. São cerca de 540 km², que correspondem a 310 m² por pessoa.