Angohó Pataxó Hã-Hã-Hãe, cacica da aldeia Katuramã, diz:
Amanhã completa três anos do crime da Vale. Antes nós tínhamos paz, nós tínhamos terra, nós tínhamos fartura, nós tínhamos peixe com fartura. E, daí, vieram 13 milhões cúbicos de lama e destroem todo o nosso sonho, toda a nossa espiritualidade, toda a nossa cultura, tudo o que nós tínhamos de mais sagrado, ali nas margens do rio Paraopeba.
Porque nós cultuamos o Deus Txôpay. Txôpay é a água da chuva, Txôpay é essa nascente que está aqui, é o rio, é o mar. É o nosso deus sagrado. Respeite-o. Vocês sabem o significado dessa água que vocês tomam aqui, com esse gado destruindo? Então, isso é o nosso deus, isso é vida. Sem esse deus aqui, nós não vivemos. E vem uma mineradora que não traz lucro para as nossas comunidades e nem para as vidas que ali foram destruídas, de outro país, e leva embora o que a gente tem de mais sagrado – que é o nosso deus, os nossos peixes, as nossas ervas medicinais, a nossa cultura.