Antiga Mercedes de Hitler vai ser leiloada nos EUA
Nik Martin av
23 de dezembro de 2017
Veículo de um dos assassinos de massa mais notórios do mundo poderá render até 7 milhões de dólares. Casa de leilões defende venda da "Super Mercedes": "Este carro não escolheu seu dono original, nem seu uso."
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Uma Mercedes-Benz 770K Grosser Offener Tourenwagende de 1939, originalmente propriedade do ditador nazista Adolf Hitler e usada em desfiles, será colocada em leilão nos Estados Unidos, em 17 de janeiro de 2018.
Em documentos totalizando 54 páginas, a casa de leilões responsável pela transação, a Worldwide Auctioneers, alega comprovar que a "Super Mercedes" foi encomendada, construída para e utilizada pelo líder nacional-socialista. A companhia sediada no Arizona divulga o objeto como o automóvel de maior significado histórico jamais submetido a venda pública.
Os leiloeiros não estipularam o valor potencial do carro, mas a emissora americana Fox News afirma que ele poderá arrecadar entre 5 milhões e 7 milhões de dólares, com base na avaliação de um especialista em carros clássicos, que permanece anônimo.
De um canal na Antuérpia para os EUA
Segundo a Worldwide Auctioneers, o carro é "um produto dos exigentes requisitos do Führer e do oficial da SS Erich Kempka, que serviu como seu principal chofer a partir de 1934". Depois de ser usado por Hitler em ocasiões, especiais, entre 1939 e 1941, ele teve sete outros proprietários.
O dossiê que o acompanha contém cartas descrevendo como, no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi confiscado e usado pela polícia militar americana em Le Havre, na França. Mais tarde, foi retirado de um canal na cidade belga de Antuérpia. Comprada de um ferro-velho, a Mercedes foi reparada e transportada para os Estados Unidos, onde teve cinco outros proprietários.
Um dos cinco Offener Tourenwagen ainda existentes, o veículo tem sido exibido em diversos desfiles e museus por todo o mundo, assim como em algumas das principais coleções automobilísticas particulares.
"Ela não escolheu seu dono"
Defendendo a venda de um item que pertenceu a um dos criminosos de massa mais notórios do mundo, a casa de leilões declarou que doará 10% do preço de venda para o esclarecimento sobre como e por que o Holocausto aconteceu, e como se pode evitar atrocidades semelhantes.
"Este automóvel não escolheu seu dono original, nem seu uso", alegou em comunicado Rod Egan, leiloeiro e diretor da Worldwide Auctioneers. "Se a sua proveniência puder ser posta de lado, exemplos da Mercedes-Benz 770 ‘Grosser' ou ‘Super-Mercedes' muito provavelmente permanecem sendo o maior feito do mundo em termos de design, engenharia e construção automotivos."
Outras "relíquias" do ditador nazista leiloadas recentemente incluem fotos inéditas dele, seu telefone vermelho e alguns dos quadros que pintou.
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A corte de Hitler
Como motorista, secretária ou médico, eles estiveram bem próximos do ditador e lidaram, mais tarde, de formas bem distintas com seu papel na época. Muitas vezes, afirmavam nada ter a ver com os crimes do regime nazista.
Foto: picture alliance/AP Images
A secretária de Goebbels
Brunhilde Pomsel esteve muito perto do centro do poder. Ela própria, no entanto, disse considerar insignificante o seu papel como secretária de Joseph Goebbels, afirmando ter tomado conhecimento do extermínio de judeus somente depois da guerra. Assim como Brunhilde, muitos estiveram a serviço de Hitler. Mais tarde, eles lidaram de formas bem distintas com a sua responsabilidade no regime nazista.
Foto: Salzgeber & Co. Medien GmbH
A secretária de Hitler
A sua história foi filmada duas vezes: as memórias de Traudl Junge sobre os últimos dias no bunker de Adolf Hitler foram tema de um documentário, servindo mais tarde de base para o longa-metragem "A queda" (2004). Quando tinha 22 anos, ela foi empregada como secretária pessoal do ditador nazista. Posteriormente, observou de forma crítica a sua participação no regime de Hitler.
Foto: picture-alliance/dpa
O guarda-costas
Rochus Misch também vivenciou os últimos dias no bunker: ele fazia parte do chamado "Führerbegleitkommando", divisão de segurança da SS com a missão de proteger a vida do ditador. Misch foi guarda-costas pessoal de Hitler. Mais tarde, como telefonista, foi um dos poucos a ver o cadáver do ditador. Em entrevista, ele declarou, posteriormente, ter sido soldado e não se interessar por política.
Foto: picture-alliance/dpa
O motorista
Erich Kempka cedo se entusiasmou pelo nacional-socialismo: já em 1930, ele se filiou ao Partido Nazista e à SS, servindo, a partir de 1932, como motorista de Hitler por toda a Alemanha. Após 13 anos de serviço, ele ajudou, em 30 de abril de 1945, a queimar os corpos do ditador e Eva Braun. Ele nunca se distanciou do nazismo. Após a sua morte, suas memórias foram reeditadas por neonazistas.
Foto: picture alliance/AP Images
O médico pessoal
Diariamente, ele administrava em seu "Paciente A" uma infinidade de pílulas e injeções: o Dr. Theodor Morell foi o médico pessoal de Adolf Hitler. O ditador, constantemente doente, lhe depositava total confiança. Após a prisão de Morell, os americanos quiseram saber no interrogatório por que ele não matou Hitler com uma injeção. Sua resposta: "Mas ele era meu paciente."
Foto: picture-alliance/United Archiv
O fotógrafo
Heinrich Hoffmann foi um nazista de primeira hora: ele se filiou ao Partido Nazista já em 1920, passando a fotografar, como "fotojornalista do Reich", líderes do regime e Adolf Hitler. Hoffmann é considerado "o criador do culto a Hitler". Depois da Segunda Guerra, ele foi condenado a quatro anos de prisão, vindo a morrer aos 72 anos de idade em 1957 – sem nenhum remorso ou visão crítica.
Foto: gemeinfrei
O arquiteto
Albert Speer (2° da esq. p/dir.) projetou obras monumentais para o ditador, como a Chancelaria em Berlim. Joachim Fest, principal biógrafo de Hitler, via uma relação homoerótica na admiração do líder nazista por Speer: "Ninguém tinha acesso a Hitler como ele". Sentenciado a 20 anos de prisão após a guerra, hoje se sabe que Speer omitiu diversos fatos sobre seu papel no regime em suas memórias.