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Berlim Mitte

DW / dpa (sm)25 de julho de 2008

O centro do que era o bairro judaico de Berlim antes da Segunda Guerra está tomado hoje por galerias de arte e por ateliês de artistas.

Bienal de Arte de Berlim se concentra nas imediações da AuguststrasseFoto: picture-alliance/ dpa

Um número crescente de consumidores de arte e de turistas estrangeiros vindos da Ásia, dos Estados Unidos e da Europa circulam diariamente pela área de galerias da capital alemã, em torno da Auguststrasse, no bairro de Mitte. Essa rua situada na antiga parte oriental da cidade é típica da transformação pela qual Berlim vem passando desde a queda do Muro de Berlim, 18 anos atrás.

Entre uma grande concentração de galerias se encontra o Clarechen's Ballhaus, um antigo salão de bailes cujo projeto foi originalmente encomendado por um funcionário do imperador Guilherme, em 1913. Hoje, o local continua atraindo jovens e velhos com ânimo de dançar de rosto colado.

Na parte inferior de um edifício de tijolos vermelhos se espalham a esmo mensagens religiosas motivando as pessoas a amarem o próximo. "Jesus ama você", diz um slogan.

Uma pequena praça arborizada entre as galerias abre espaço e refúgio para os transeuntes descansarem os pés e contemplarem a torre de televisão da Alexanderplatz, que pode ser entrevista entre os telhados.

Um misto colorido

Não é incomum judeus nascidos em Berlim antes da ascensão do nazismo e hoje residentes nos EUA revisitarem o espaço de sua infância, curiosos para ver a renovação cultural do bairro.

Cúpula dourada da sinagoga da Oranienburger Strasse

Na Oranienburger Strasse, uma das principais ruas de Mitte, a antiga sinagoga restaurada brilha à luz do sol. Ao contrário de centenas de edifícios em posse ou uso de judeus no início do século passado, esse imponente edifício escapou aos ataques anti-semitas na funesta Noite dos Cristais, em novembro de 1938.

Agora, o bairro respira otimismo. Há três anos, por exemplo, Tanja Gerken abriu a Galeria Gerken, na extremidade leste da Auguststrasse, após ter passado sete anos estudando e trabalhando em Paris e Londres. Para Tanja Gerken, Berlim ainda é uma cidade subestimada. Por ser um lugar que hoje se abre a artistas e novas idéias, Berlim deverá se tornar a capital de arte contemporânea na Alemanha daqui a dez anos, prevê ela.

A Galeria Deschler, mais adiante na Auguststrasse, foi inaugurada em 1995 por Markus Deschler, um alemão de Ulm, uma cidade no extremo sul do país. Simone Weicher, que dirige a galeria na ausência dele, se lembra da época em que os artistas invadiram o bairro de Mitte, logo após a reunificação, ocupando com seus ateliês grande parte dos edifícios decadentes.

"Há 400 galerias de arte em Berlim", observa Simone Weicher. "Elas atraem a atenção de compradores e colecionadores alemães e estrangeiros, e é claro que tiramos proveito disso."

Célebre marchand de arte

Galerista Gerd Harry LybkeFoto: dpa

Alguns colecionadores e marchands costumam receber hoje mais atenção que seus artistas. Um deles é Gerd Harry Lybke (47), da Eigen+Art, uma galeria com sede em Berlim e em Leipzig. Foi ele que ajudou a lançar no mercado mundial a jovem pintura alemã das décadas de 80 e 90.

A trajetória de Lybke é pouco ortodoxa. Após sete anos de estudos em Ciências Atômicas na Rússia, ele passou um tempo posando como modelo na Academia de Leipzig, no início dos anos 80. Hoje ele é um homem rico e influente no mundo das artes. A lista de artistas de sua galeria inclui pintores como David Schnell, Tim Eitel e Mathias Weischer, bem como Martin Eder e Neo Rauch.

Este último, que se tornou conhecido por resgatar a iconografia do socialismo realista em suas pinturas, é um dos artistas alemães jovens mais valorizados no mercado de arte. O MoMA e o Guggenheim, de Nova York, e o renomado colecionador Friedrich Christian Flick adquiriram obras de Neo Rauch nos últimos anos.

Lybke gosta de incentivar a carreira dos artistas desde cedo, chegando até a financiar o ateliê de alguns. Em contrapartida, ele exige total lealdade e exclusividade, sem envolvimento de quaisquer outros galeristas, a não ser que ele possa manter o controle total. Lybke é altamente bem-sucedido dos dois lados do Atlântico, representando seus artistas nas feiras de arte de Nova York, Miami, Basiléia, Tóquio e Londres.

Eram poucos os que apostavam em um bairro de galerias no centro de Berlim no início da década de 90. Mas Lybke apostou e saiu ganhando. "Para mim, Berlim é o único lugar para arte jovem. O trabalho se desenvolve porque os artistas se desenvolvem."

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