Antigos europeus já cavalgavam há 5 mil anos, revela estudo
4 de março de 2023
Ao analisar ossos humanos da cultura Yamna, pesquisadores encontram pela primeira vez evidências que indicam a origem da equitação.
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Os antigos europeus já andavam a cavalo há 5 mil anos, revelou um estudo publicado nesta sexta-feira (03/03). O grupo de pesquisadores internacionais envolvidos na descoberta afirmou ter encontrado evidências convincentes que comprovaram essa hipótese.
Para isso, a equipe da Universidade de Helsinque e de outras instituições europeias analisou mais de 200 esqueletos humanos que estavam em coleções de museus na Bulgária, na Polônia, na Romênia, na Hungria e na República Tcheca.
Publicado na revista especializada Science Advances, o estudo afirma que encontrou sinais nos esqueletos do que os pesquisadores chamaram de "síndrome de equitação". Ela é reconhecida em seis marcadores que indicam que a pessoa andava de cavalo regularmente, incluindo marcas de desgaste na cavidade dos quadris, fêmur, pélvis, além da degeneração vertebral induzida pelo estresse.
"Ao sentar no cavalo, é necessário se equilibrar a cada passo da montaria e se agarrar firmemente com as pernas", afirmou Martin Trautmann, pesquisador da Universidade de Helsinque. Ele acrescentou que os primeiros cavaleiros provavelmente cavalgavam sem sela e se agarravam na crina do animal.
"Nossas descobertas fornecem um forte argumento que indica que andar a cavalo já era uma atividade comum para alguns indivíduos da cultura Yamna por volta de 3.000 a.C.", destaca o estudo.
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Passo decisivo para desenvolvimento humano
O arqueólogo Volker Heyd, da Universidade de Helsinque, ressaltou que a descoberta "se encaixa muito bem no quadro geral" da cultura Yamna, da Idade do Bronze, conhecida por seus túmulos, ou Kurganes, e originária da estepe pôntica, onde hoje fica a Ucrânia e o oeste da Rússia.
Os pesquisadores já suspeitavam há tempos que a cultura Yamna usava cavalos, o que explicaria a sua rápida expansão geográfica ao longo de apenas poucas gerações.
"É difícil imaginar como essa expansão teria ocorrido sem meios de transporte aperfeiçoados. O uso de cavalos para transporte foi um passo decisivo para o desenvolvimento cultural humano", afirma o estudo.
Segundo Heyd, a disseminação das línguas indo-europeias está ligada ao movimento desta cultura, que também reformulou a composição genética da Europa.
Os pesquisadores também afirmam ser improvável que a cultura Yamna fosse um povo guerreiro. "Eles eram cowboys", acrescenta Trautman.
O estudo também indica que um pequeno número de indivíduos deste grupo teria sido cavaleiro. Esses indivíduos provavelmente ajudavam a proteger o gado e as ovelhas.
Embora os cientistas já tivessem encontrado evidências de que os cavalos teriam sido domesticados entre 3.500 a.C. e 3.00 a.C., o novo estudo é o primeiro que indica a origem da equitação. Até então, só se tinha evidências visuais desta prática pouco antes de 2.000 a.C. em desenhos da terceira dinastia de Ur. Imagens e menções de passeios a cavalo em textos cuneiformes também são encontradas no período da Antiga Babilônia, por volta de 1.880 a.C. e 1.595 a.C..
cn (DW)
A câmara funerária de Tutancâmon
Há 100 anos, o arqueólogo Howard Carter descobriu o túmulo de Tutancâmon. Até hoje, a múmia do faraó descansa no Vale dos Reis, mas bens valiosos de sua câmara funerária poderão ser vistos no novo Grande Museu do Egito.
Foto: Hannes Magerstaedt/Getty Images
Réplicas folheadas a ouro
Magníficos caixões e grandes quantidades de ouro foram encontrados na câmara funerária de Tutancâmon. Os caixões da foto são cópias fiéis dos originais, assim como outros mais de mil objetos que foram reproduzidos.
Foto: Semmel Concerts GmbH
O original no Cairo
Os achados originais foram mostrados em muitas turnês pelo mundo no século 20. Eles foram exibidos nos EUA, Japão, Rússia e na então Alemanha Ocidental, entre outros lugares. Hoje, as réplicas preservam os originais. Para ver o sarcófago e a máscara mortuária originais de Tutancâmon, é preciso viajar até o Cairo e visitar o Museu Egípcio.
Foto: Bildarchiv Steffens/akg/picture-alliance
A câmara com o faraó
A múmia de Tutancâmon, por seu lado, ainda está no lugar onde foi colocada por seus súditos e onde Carter a descobriu: no Vale dos Reis, perto da cidade de Luxor. Durante os trabalhos de restauração, em 2019, uma nova plataforma foi instalada na câmara funerária, da qual os visitantes têm uma excelente vista do sarcófago e das pinturas murais.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
Exposição sem proteção
Por algum tempo, o corpo mumificado de Tutancâmon foi exposto sem sarcófago, apenas embrulhado em linho. Agora, está em uma sala subterrânea, com ar condicionado. O objetivo das restaurações foi também proteger melhor a múmia das oscilações de umidade e poeira trazidas pelos visitantes.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Acomodado para a eternidade
A múmia de Tutancâmon é a única dos antigos reis egípcios que ainda se encontra no Vale dos Reis. A designação científica para sua tumba é KV62, onde KV significa King's Valley (Vale dos Reis).
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Companhia feminina
Nas paredes da câmara funerária, pinturas magníficas ilustram a vida e a morte de Tutancâmon. Estas mulheres acompanham o jovem rei em sua câmara funerária por milhares de anos. As pinturas murais também foram meticulosamente limpas durante os trabalhos de restauração, em 2019.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Exemplo para o aprendizado
Este desenho também voltou a brilhar após os trabalhos de restauração. O babuíno era um animal sagrado no antigo Egito. Era considerado muito inteligente e servia como exemplo aos estudantes. Será que era para o jovem faraó continuar aprendendo em sua vida na eternidade?
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Profundezas subterrâneas
Os antigos egípcios cavaram as câmaras funerárias de seus faraós no subsolo para protegê-los de ladrões de túmulos. No caso de Tutancâmon, a estratégia deu certo por longo tempo. Ele descansou em paz por mais de 3 mil anos. Mas agora multidões de turistas lotam as passagens subterrâneas.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
O descobridor
Foi o egiptólogo Howard Carter quem descobriu a tumba de Tutancâmon em 4 de novembro de 1922 no Vale dos Reis. Mas, antes de abri-la, ele telegrafou ao seu financiador, Lorde Carnarvon: "Finalmente fiz uma descoberta maravilhosa no vale. Tumba magnífica com selos intactos. Fechada até você chegar. Parabéns."
Foto: piemags/IMAGO
Muito turistas
Zahi Hawass, ex-secretário-geral da Administração de Antiguidades do Egito e iniciador do trabalho de restauração da câmara de Tutancâmon, defende o fechamento do túmulo e a apresentação de uma cópia aos visitantes. "Se continuarmos permitindo o turismo em massa, o túmulo não durará mais 500 anos", advertiu.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Sahed
Um novo palácio para os bens de Tutancâmon
Em 2002, foi lançada a pedra fundamental do maior museu arqueológico do mundo, o Grande Museu Egípcio. Ele deveria estar pronto há muito tempo, mas a obra atrasou. Por isso, a inauguração e as grandes celebrações planejadas para este 4 de novembro de 2022 pelos 100 anos da descoberta de Tutancâmon foram suspensas. No futuro, todos os bens funerários do faraó serão exibidos aqui, menos sua múmia.