Primeira nave da história a orbitar um cometa ativo, sonda colide e deixa de enviar sinais. Imagens feitas na descida podem ajudar a desvendar origens do Sistema Solar e devem manter cientistas ocupados por uma década.
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Após 12 anos e um percurso de mais de 6 bilhões de quilômetros pelo espaço, a sonda Rosetta, primeira nave da história a orbitar um cometa ativo, encerrou nesta sexta-feira (30/09) sua missão ao deixar de enviar sinal à Terra.
A sonda colidiu com o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko a 3 km/h – velocidade inferior à de uma pessoa caminhando – por volta das 8h (horário de Brasília). Na descida, ela ainda enviou imagens detalhadas do cometa, que devem manter cientistas ocupados por ao menos uma década.
"É o ponto alto de um tremendo sucesso técnico e científico", afirmou Patrick Martin, chefe da missão, no centro de controle da Agência Espacial Europeia (ESA) na Alemanha. "Foi histórico, foi pioneiro e é revolucionário como nós estamos vendo esse cometa. Rosetta, você fez um grande trabalho."
As imagens captadas pela Rosetta são históricas: nunca um instrumento enviado pelo homem havia estado tão próximo de um cometa e conseguido registrar sua superfície. Os dados são considerados imprescindíveis para entender a origem do Sistema Solar.
Lançada em 2004, a sonda é o maior projeto espacial da agência europeia e foi batizada em homenagem à famosa pedra que permitiu decifrar os hieróglifos egípcios. Ela acompanhou o cometa em sua viagem ao redor do Sol, e levou até ele uma sonda de exploração, numa manobra sem precedentes na história da humanidade.
Foram necessários dez anos e cinco meses para que a Rosetta chegasse ao cometa 67P, uma rocha com extensão entre três e cinco quilômetros e descoberta em 1969. Espera-se que os dados coletados na superfície do cometa permitam desvendar como o mundo parecia quando o Sistema Solar nasceu.
"Durante a missão, os cientistas ficam imersos em sua execução e planejamento. Agora, eles vão ficar ocupados durante anos", explicou o chefe do escritório de coordenação da ESA, Fabio Favata. "Com a Rosetta foram feitas pela primeira vez, por exemplo, operações com painéis solares longe do Sol. Houve desafios técnicos que foram controlados e que permitirão missões futuras."
A última manobra da Rosetta foi executada a uma distância de 720 milhões de quilômetros da Terra, e com o cometa se movendo a uma velocidade superior a 14 quilômetros por segundo.
A sonda nunca foi projetada para aterrissar. Em vez de deixar a Rosetta adormecer no espaço – a essa distância do Sol, ela não teria mais energia solar necessária para transmitir dados à Terra – os cientistas optaram por forçar a colisão, de modo a captar o máximo de dados possíveis do cometa.
RPR/rtr/efe/ots
Momento histórico no espaço
Depois de dez anos, a missão Rosetta finalmente chega ao ápice: o pouso do robô Philae num cometa. Agora, o dispositivo capta dados e imagens que podem dar pistas sobre as origens do sistema solar.
Há dez anos, essa dupla — a sonda Rosetta, com o pequeno robô Philae a tiracolo — iniciou o caminho para o seu destino: o cometa 67P Churyumov-Gerasimenko, apelidado de Chury. Em meados de 2014, a Rosetta alcançou o cometa e foi voando ao seu redor em órbitas cada vez menores.
Foto: picture-alliance/dpa/ ESA/ATG medialab
Local de pouso
Essa foto do local de pouso foi tirada pela câmera OSIRIS, da sonda Rosetta, em 14 de setembro de 2014, a uma altura de apenas 30 quilômetros do cometa Chury. O lugar não podia ter detritos, montanhas e vales, e precisava ser ensolarado, para que o Philae recarregasse suas baterias através de painéis solares e, assim, mantivesse contato com a Rosetta.
Foto: ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
Plano de manobra
O Philae iria pousar com suas três pernas e, em seguida, ancorar com um arpão e parafusos no solo do cometa. Para os desenvolvedores do Philae, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), ficou claro que o pouso seria a parte mais perigosa da missão. Pouco se sabia sobre as características do terreno.
Foto: picture-alliance/dpa/ESA/AOES Medialab
Separação bem-sucedida
Em 12 de Novembro de 2014, veio o grande momento. Às 11h57 (hora local), chegou à sala de controle da Agência Espacial Europeia (ESA), em Darmstadt, Alemanha, o sinal: o Philae havia se separado da Rosetta com sucesso. Agora, a pequena espaçonave precisaria se virar por conta própria.
Foto: ESA/J. Mai
Entusiasmo no centro de controle
"A ESA e os parceiros da missão Rosetta conquistaram algo extraordinário hoje", declarou o diretor geral da agência, Jean-Jacques Dordain. Somente a separação do robô Philae de Rosetta já havia provocado uma onda de excitação no Centro Europeu de Operações Espaciais, em Darmstadt. Depois de sete horas, veio uma notícia melhor ainda: Philae aterrissou no cometa!
Foto: ESA/J. Mai
Longa jornada
Philae e Rosetta viajaram juntos pelo espaço por dez anos. O robô, que aparece aqui como um pequeno ponto branco na imensidão, logo após se desprender da sonda, tem o tamanho de uma máquina de lavar. A função de Philae é coletar imagens e amostras do cometa, que podem conter informações sobre a origem da vida no nosso sistema solar.
Foto: ESA
De olho no cometa
Esta imagem o Philae capturou com sua câmera ROLIS, 40 metros acima do solo do cometa — ou seja, pouco antes de pousar. É possível ver pedrinhas e pedras maiores. O pedaço maior na parte superior tem cerca de cinco metros.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR
Imagem inesquecível
Um pedaço de metal branco num cenário de rochas cinzas. Pode não parecer muito, mas esta foto representa um dos maiores sucessos da Agência Espacial Europeia (ESA). O robô Philae, que se desprendeu da sonda Rosetta, tocou o solo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko na quarta-feira (12/11), às 14:03 (horário de Brasília). Esta imagem foi feita pelo próprio robô, direto da superfície do cometa.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Em terra firme?
Apesar do pouso bem-sucedido, nem tudo ocorreu como planejado. Os arpões que deveriam prender Philae à superfície do cometa (como mostra esta ilustração) não funcionaram. Isso fez com que o robô se desequilibrasse. O robô parece estar sobre um declive, mas a ESA assegura que ele está firme. "Duvido muito que Philae vá decolar novamente", afirmou Paolo Ferri, chefe de operações da agência.
Foto: ESA via Getty Images
Três pulinhos
Logo após se desprender da Rosetta, Philae tirou esta foto. Depois de tocar o solo três vezes, o robô se estabeleceu no cometa. A preocupação agora é com a bateria. Programada para durar pouco mais de dois dias, ela precisa ser recarregada com energia solar. Há apenas uma hora e meia de luz solar por dia no local de pouso, enquanto o ponto inicialmente planejado ofereceria sete horas de luz.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Onde está Philae?
Depois de sua bateria descarregar, o Philae hibernou. Esse foi o momento para os cientistas analisarem os dados que o módulo mandou. A Rosetta permaneceu perto do Chury, cada vez mais perto, e conseguiu breves contatos com o Philae, que enviou mais dados.
Foto: CC-BY-SA-ESA/Rosetta/NavCam/IGO 3.0
Uma questão de perspectiva
Churyumov-Gerasimenko, o cometa onde Philae pousou, parece ser enorme. Mas se comparado à cidade de Londres, é possível ver o quão pequeno ele é. Considerando que o cometa se move a uma velocidade de 135.000 km/h e que Rosetta precisou viajar 6,4 bilhões de quilômetros até chegar lá, fica clara a dimensão da conquista.
Os instrumentos do Philae e da Rosetta encontraram vários tipos de compostos orgânicos no cometa. O interior do cometa foi fortemente vaporizado em julho, quando ele se aproximou do Sol, e pesquisadores da Universidade de Berna descobriram que, entre os compostos do Chury, havia oxigênio molecular. A descoberta deu a entender que o elemento existe desde a origem do sistema solar.