Multinacional japonesa anuncia que retomará produção de discos em março do ano que vem, em meio ao renascimento do formato analógico. Gravadora parou de fabricar as chamadas bolachas em 1989, com o boom do CD.
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Após um hiato de quase 30 anos, a gravadora Sony anunciou nesta quinta-feira (29/06) que vai voltar a fabricar discos de vinil, diante do aumento da demanda global pelo formato analógico.
Segundo a empresa japonesa, a produção doméstica das chamadas bolachas deve ser retomada em março de 2018 em uma de suas fábricas nas proximidades de Tóquio. Mais detalhes sobre os planos de fabricação não foram revelados, como o volume de produção previsto, por exemplo.
Alta demanda ressuscita produção de vinis na Alemanha
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Após um boom que levou à produção de quase 200 milhões de discos por ano no Japão em meados dos anos 1970, a gravadora decidiu deixar de produzir vinis em 1989, num momento em que a indústria fonográfica passou a apostar todas as fichas no CD.
O então novo formato, que a própria Sony ajudou a desenvolver, começou a ser distribuído pela gravadora japonesa em 1982 e conquistou o público. Naquele momento, a indústria da música dava por certo que os vinis estavam fadados ao fim.
Nos últimos anos, no entanto, viu-se o renascimento do formato, que atrai não só antigos consumidores nostálgicos como também gerações mais jovens, especialmente pela qualidade do som em comparação com as alternativas digitais.
Segundo estimativas da consultoria Deloitte, com sede no Reino Unido, a receita global gerada com a venda de discos de vinil deve superar 1 bilhão de dólares em 2017, enquanto as vendas de CD e os downloads de música na internet seguem caindo.
Nos Estados Unidos, 17,2 milhões de discos foram vendidos no ano passado. A tendência é também observada em outros países. O Japão vendeu 800 mil unidades em 2016, oito vezes mais do que em 2010. No Reino Unido, a venda de vinis gera mais receita do que a música digital. Na Alemanha, foram comercializados 3 milhões de discos somente no ano passado.
EK/afp/lusa/efe/ots
As revoluções e suas músicas
Quer americana, francesa, russa ou árabe, por convicção ou obrigação, há séculos os compositores criam obras destinadas a apoiar ou comentar as revoluções. Mas também há espaço para vozes críticas.
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Melodias e ritmos revolucionários
Compositores de diversos países e épocas têm feito música inspirada por ideias e eventos revolucionários. A Revolução Francesa de 1789, em especial, deixou forte marca em numerosas peças musicais. Porém outros levantes também tiveram sua trilha sonora.
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Canto da independência americana
Até hoje, "Yankee Doodle" é uma das melodias populares mais conhecidas dos Estados Unidos. Ela era a canção dos revolucionários que almejavam se libertar da dominação britânica – coisa que alcançariam em 1776. Thomas Jefferson elaborou a Declaração de Independência, enfatizando a liberdade e igualdade de todos os seres humanos. E a Revolução Francesa abraçou essas ideias.
Músico de Napoleão
Etienne-Nicolas Méhul foi o compositor revolucionário por excelência. A ele Napoleão Bonaparte encomendou um hino famoso na virada do século 18 para o 19, "Le chant du départ" (O canto da partida). Porém o líder esnobou a "Missa solene" de Méhul para sua coroação como imperador. Ao compositor francês fica o mérito de ter inspirado Beethoven na "Quinta sinfonia", apelidada "Do Destino".
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Ópera de salvação
Também o italiano Luigi Cherubini foi contagiado pelo espírito da revolução. Em 1800 sua "ópera de salvação" "Os dois dias, ou O aguadeiro" fez sucesso estrondoso. Esse gênero operístico trata do resgate de uma personagem injustamente perseguida. Aqui, o vendedor de água salva um conde de pagar com a vida por suas ideias progressistas. O obra foi fonte de inspiração para "Fidelio" de Beethoven.
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Fascínio da "Eroica"
Em 1803 a "Sinfonia nº 3" de Beethoven, apelidada por ele "Eroica", rompia com todas as convenções do gênero. Mais longa e dramática do que qualquer obra até então, ela nasceu como verdadeira "música da revolução", em honra a Napoleão. No entanto Beethoven retirou a dedicatória quando o líder francês se fez coroar imperador – traindo, assim, os ideais de liberdade, igualdade, fraternidade.
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Homenagem à Revolução Russa
Sergei Prokofiev compôs em 1937 sua "Cantata pelo 20º aniversário da Revolução de Outubro". Além de um total de 500 instrumentistas e coristas, ela inclui tiros de canhão, metralhadora e sino de alarme. A bombástica obra sobre textos de Marx, Engels e Lenin caiu, no entanto, em desagrado com o ditador Stalin, só sendo estreada em 1966, em versão reduzida.
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Déspota humilhado
O poeta e libertário Lord Byron escreveu em 1814 uma "Ode" à abdicação de Napoleão, em que zombava do imperador. Em 1942, sob a impressão do domínio nazista, Arnold Schoenberg musicou o poema para recitante, piano e quarteto de cordas. Um crítico musical contemporâneo apontou paralelos entre Bonaparte e Hitler – que o compositor politicamente engajado não contradisse.
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Beatles, 1968 e "Revolution"
A primeira canção que os Beatles gravaram para o "álbum branco" foi "Revolution". John Lennon a compôs em 1968, durante uma estada na Índia, inspirado nos protestos estudantis de Paris, na Guerra do Vietnã e no atentado contra Martin Luther King. A "Revolução" dos Beatles, porém, é pacífica, sem tiros nem extremistas violentos.