Controversa prisão sacudiu cenário eleitoral de 2018 e segue tendo repercussões na política e na Justiça brasileira, com efeitos no combate à corrupção.
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Em uma tarde de domingo há exatos 5 anos, uma pequena multidão bloqueava a rua do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC quando Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso inflamado e atravessou a massa de pessoas a pé para se entregar a agentes da Polícia Federal (PF), que cumpriam uma ordem de prisão expedida pelo então juiz Sergio Moro.
Lula foi imediatamente levado à Superintendência da PF em Curitiba, onde passaria aquela noite e as 579 seguintes. Uma prisão que simbolizou o ápice da Operação Lava Jato e teve repercussões políticas e jurídicas vertiginosas que marcam o país até hoje.
Então líder nas pesquisas para a eleição presidencial de 2018, Lula foi impedido de concorrer e dar entrevistas. Seis meses depois, Jair Bolsonaro derrotou o candidato substituto do petista, Fernando Haddad, e nomes moderados da direita, com um discurso de outsider contra os partidos tradicionais e consolidando a extrema direita como força política relevante no país.
O petista havia sido condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex no Guarujá (SP), e se tornava o primeiro ex-presidente brasileiro a ir para a cadeia por um crime comum.
Seu futuro era uma incógnita. No discurso naquele 7 de abril, o próprio Lula deixou pistas para os dois caminhos possíveis: virar um mártir ("Quanto mais dias me deixarem lá, mais Lulas vão nascer no país") ou dar a volta por cima (ao dizer que "sairá dessa ainda maior", "mais inocente" e "de peito estufado").
O segundo cenário se impôs. Lula teve suas condenações anuladas, foi solto, derrotou Bolsonaro e elegeu-se presidente para um terceiro mandato, ainda que no momento enfrente dificuldades de articulação no Congresso para fazer deslanchar suas propostas.
Mas aquela prisão ainda não é uma página virada na política e na Justiça brasileira. Notabilizado como algoz de Lula, Moro elegeu-se senador e está ativo na oposição ao governo. O próprio presidente segue antagonizando com o ex-juiz, como ao questionar em março o plano de um atentado para matar Moro desvendado pela PF. Também é sintomático que o nome favorito para ocupar a próxima vaga disponível no Supremo Tribunal Federal seja o do advogado que defendeu Lula na cadeia, Cristiano Zanin.
Enquanto isso, o Brasil ainda discute formas de enfrentar a corrupção de forma estrutural, sem apostar todas as fichas no direito penal ou na criação imaginária de heróis e vilões.
O clima na época da prisão
Quando Lula foi preso, parte significativa dos brasileiros e dos formadores de opinião acreditava que a Lava Jato e a prisão de um ex-presidente eram um marco positivo de fortalecimento das instituições republicanas, e que teriam consequências trágicas para o PT.
Em abril de 2018, uma pesquisa do Datafolha apontou que 54% dos brasileiros consideravam a prisão de Lula no caso do triplex como justa, enquanto 40% a definiram como injusta e 6% não souberam opinar.
No dia seguinte à prisão, o jornal Folha de S.Paulo trouxe na capa uma chamada para artigo do então senador Alvaro Dias (Podemos-PR) no qual ele afirmava que "leis governam os homens; assim se constrói uma nação". Na capa do jornal O Estado de S.Paulo do mesmo dia, a jornalista Vera Magalhães defendia que as instituições "falem alto" e que Lula mostrava "ser alguém que quer para si lei própria". E na capa do Globo, o jornalista Ascânio Seleme afirmava que "é bom se acostumar ao PT como partido-satélite".
Algumas figuras progressistas também não se opuseram à prisão de Lula. Em agosto daquele ano, Marina Silva, então pré-candidata da Rede Sustentabilidade ao Planalto, disse que "Lula é um preso pelos erros que cometeu". "Nós nem podemos criar uma situação de ter um preso político, como temos na Venezuela, e nem uma situação de ter alguém que foi solto politicamente", afirmou Marina, hoje ministra do Meio Ambiente.
"A prisão de Lula foi o momento mais representativo da Lava Jato como fenômeno social, que mobilizou parcela da elite política e da elite jurídica do país, com vasto apoio da mídia tradicional, que acabou cooptando corações e mentes e tinha muito apoio da opinião pública", afirma a cientista política Marjorie Marona, professora da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenadora do Observatório da Justiça no Brasil e na América Latina.
Por outro lado, setores da esquerda apontavam o que viam como abusos da Lava Jato e uma condenação sem provas de Lula, que teriam o objetivo de tirá-lo do ringue político e facilitar a vitória de um nome da direita. Guilherme Boulos, por exemplo, definiu a prisão do petista como "um atentado à democracia".
O antropólogo e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares, que participou do primeiro governo Lula e depois se afastou do PT e ajudou a fundar a Rede Sustentabilidade, apontou em 2018 que o processo contra Lula tinha uma natureza "eminentemente política" e "violações grosseiras".
O coro dos críticos era engrossado pelos advogados de empresários condenados por corrupção na Lava Jato, que afirmavam que a atuação de Moro e dos procuradores da força-tarefa extrapolava suas competências e violava direitos.
Mudança dos ventos
O pêndulo começou a virar contra a Lava Jato em janeiro de 2019, quando Moro foi nomeado ministro da Justiça de Bolsonaro, afirma à DW Fabio de Sa e Silva, professor de estudos brasileiros na University of Oklahoma, nos Estados Unidos, e pesquisador dos reflexos políticos da operação. "Isso provocou uma fissura na compreensão de que a Lava Jato buscava efetivar a lei, e que Lula seria apenas um elemento disso", diz.
Em junho daquele ano, outra bomba atingiu a Lava Jato: o vazamento de milhares de conversas travadas pelo aplicativo Telegram entre integrantes da força-tarefa e Moro, revelado pelo site The Intercept Brasil e que ficou conhecido como Vaza Jato. As conversas sugeriam que Moro e o principal procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol – hoje deputado federal pelo Podemos do Paraná –, combinavam estratégias de atuação, violando a imparcialidade exigida do juiz.
O Supremo, que vinha evitando colocar freios à operação enquanto ela desfrutava de amplo apoio na sociedade e na mídia, lentamente começou a modificar seu entendimento.
Em 2016, a corte havia decidido autorizar o início da execução da pena após uma condenação em segunda instância – regra determinante para a prisão de Lula. Nos anos seguintes, alguns ministros que haviam votado nesse sentido passaram a reavaliar sua opinião sobre o tema, e após a prisão do petista cresceu a pressão sobre o Supremo para que o assunto fosse rediscutido.
A então presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, que em 2018 afirmava que a Lava Jato havia mudado o Brasil "no sentido da esperança do povo de ter o combate à corrupção", recusou-se a pautar o tema até o final de seu mandato, em setembro, um mês antes das eleições.
Porém, uma reavaliação se movimentava. O conteúdo da Vaza Jato não chegou a ser considerado como prova pelo Judiciário, mas indiretamente contribuiu para uma mudança de percepção dos ministros e de parte da sociedade sobre a prisão de Lula, diz Silva.
Cinco meses após a revelação das mensagens, em 7 de novembro de 2019, no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o Supremo reanalisou a prisão em segunda instância e vetou essa possibilidade de execução provisória de pena. No dia seguinte, Lula foi solto, abrindo o caminho para a liberdade também de outros condenados pela Lava Jato.
A anulação das condenações do petista viria somente em 2021. Em 3 de março daquele ano, o ministro Edson Fachin decidiu que Moro não era o juiz competente para julgar o caso do triplex e outros dois contra Lula, pois não haveria conexão com a Petrobras.
Vinte dias depois, a Segunda Turma do Supremo também decidiu que Moro havia sido parcial em seu julgamento de Lula e que, portanto, o processo deveria recomeçar do zero. Foi decisivo para o desfecho a mudança de posição de Cármen Lúcia, que em 2018 havia rejeitado esse argumento, mas argumentou que novos elementos haviam mostrado que Moro não havia sido imparcial.
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Repercussões no combate à corrupção
A decisão do Supremo sobre a prisão em segunda instância não foi a única relacionada ao processo de Lula que teve impacto para além do petista.
Em março de 2016, dois anos antes de ser preso, Lula foi levado à força para depor em uma das fases da Lava Jato, por meio da condução coercitiva, sem que o petista tivesse sido antes intimado e negado a comparecer.
A iniciativa foi criticada por juristas à época, que ressaltaram que Lula deveria ter tido antes a oportunidade de comparecer ao depoimento sem ter sido forçado. Em junho de 2018, quando Lula já estava preso, o plenário do Supremo decidiu, em uma ação apresentada pelo PT, que a condução coercitiva era um instrumento inconstitucional.
A prisão de Lula também teve efeitos no combate à corrupção. Para Silva, os "abusos" cometidos pelo Ministério Público na Lava Jato – dos quais o caso do petista seria o mais simbólico – acabaram enfraquecendo o mandato da instituição para usar o direito penal para enfrentar a corrupção.
"Quando uma prisão se torna tão controvertida e as pessoas enxergam sinais de que se tratou não de reprimir uma violação à lei, mas uma forma de violência política, o efeito no combate à corrupção pode ser até o contrário, porque desmoraliza o uso desse instrumento, que já é limitado", afirma Silva.
Marona avalia que a aposta da Lava Jato em tratar a corrupção como fenômeno a ser enfrentado predominantemente na esfera criminal e enquadrar os partidos como organizações criminosas afetou não só a legitimidade do sistema político, mas também do próprio sistema de Justiça, após a revelação das mensagens da Vaza Jato e ao reconhecimento, pelo Supremo, de que Moro havia sido parcial.
"A Lava Jato envolveu um processo de politização do Judiciário muito forte, o que é negativo, pois um dos princípios que sustenta o regime democrático é a independência do Judiciário. (...) Agora temos a necessidade não só de reconstruir a qualidade da democracia, mas também a imagem pública de um Judiciário íntegro, que atue de forma independente", diz.
A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
Foto: Getty Images/AFP/A. Scorza
A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
Foto: picture alliance/AP Photo/R. Gostoli
A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
Foto: O. Kissner/AFP/Getty Images
Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
Foto: AP
Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
Foto: Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images
O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
Foto: picture alliance / dpa / picture-alliance
A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.