Juíza argentina aceita denúncia e solicita à Espanha documentos relacionados ao fuzilamento do poeta. Corpo do escritor espanhol segue desaparecido.
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Em 19 de agosto de 1936, há exatos 80 anos, o poeta espanhol Federico García Lorca foi fuzilado à queima-roupa por fascistas espanhóis. Justamente nesta semana, uma juíza argentina, que há anos se ocupa de violações dos direitos humanos na Espanha durante o regime de Francisco Franco, aceitou investigar a desaparição do escritor, ocorrida dois dias antes de sua morte.
A juíza María Romilda Servini de Cubría aceitou uma denúncia apresentada pela Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH) e solicitou à Espanha o envio de documentos sobre a detenção e a morte do poeta, cujo corpo permanece desaparecido.
A denúncia transferiu à magistrada um relato que comprovava "de maneira indubitável" as circunstâncias da detenção, em Granada, e do assassinato do poeta, a partir de um relatório da Chefia Superior de Polícia de Granada datado de 9 de julho de 1965.
O documento mostrou pela primeira vez a versão oficial do regime franquista sobre a morte do poeta. O texto aponta que García Lorca foi fuzilado junto com outra pessoa e define o poeta como "socialista e maçom", além de lhe atribuir "práticas de homossexualidade".
O relatório situa a detenção do poeta entre os últimos dias de julho e os primeiros de agosto de 1936, como resultado de uma ordem procedente do governo civil. A denúncia afirma que García Lorca foi conduzido em um carro até o município de Víznar, junto com outro detido, e que "ambos foram fuzilados".
Crime contra a humanidade
A ARMH considera que o caso está num "contexto de crimes contra a humanidade" e que "é indispensável" contar com toda a documentação relacionada a estes fatos que possa ser encontrada nos arquivos do Ministério do Interior espanhol.
A juíza argentina solicitou cópias certificadas de documentos da Terceira Brigada Regional de Investigação Social e da Sede da Polícia de Granada, que devem estar nas mãos do Ministério do Interior espanhol. A magistrada pediu ainda qualquer outra "documentação dos arquivos relativa à detenção e ao homicídio de García Lorca".
O caso foi incorporado à causa que Servini de Cubría investiga por crimes contra a humanidade, disse a AMPH em sua conta no Facebook. A juíza já investigou diversos casos apresentados por familiares de desaparecidos e mortos durante a Guerra Civil espanhola e o franquismo.
Lorca pertence à chamada "geração dos poetas de 1927", que popularizou a lírica espanhola em todo o mundo. Em 1928, publicou o Romanceiro Cigano, seu trabalho de maior sucesso. Nos anos seguintes, Lorca passaria a ser conhecido como renovador do drama no país com a publicação de peças como Mariana Pineda (1928), Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1933-1936).
Em setembro passado, arqueólogos retomaram as busca pelo corpo do poeta em Granada, no sul da Espanha.
LPF/efe/rtr/dpa
Dez clássicos da literatura alemã
De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.