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MúsicaAlemanha

Após acusações, vocalista do Rammstein parte para a ofensiva

9 de junho de 2023

Advogados de Till Lindemann negam acusações de agressão sexual e afirmam que vão tomar medidas legais contra indivíduos que fizeram alegações contra o artista e veículos de imprensa que cobriram o caso.

Till Lindemann coloca a língua de fora e segura microfone na altura da virilha, como se fosse seu pênis
Cantor Till LindemannFoto: Zuma Press/picture alliance

A defesa do vocalista da banda Rammstein, Till Lindemann, refutou todas as acusações de agressão sexual contra ele e informou que pretende tomar medidas legais contra acusadores .

"Nas redes sociais, especialmente no Instagram, Twitter e YouTube, várias mulheres fizeram acusações graves contra nosso cliente. Por exemplo, foi repetidamente alegado que mulheres foram dopadas nos shows do Rammstein para permitir que nosso cliente pratique atos sexuais com elas. Essas alegações são, sem exceção, falsas", diz nota divulgada nesta quinta-feira (8/06) pelos advogados do artista, Simon Bergman e Christian Schertz, membros de uma conhecida banca de Berlim, conhecida por representar personalidades públicas.

"Tomaremos medidas legais imediatas contra indivíduos por quaisquer alegações dessa natureza", continua a nota. "As alegações feitas foram disseminadas por vários meios de comunicação. Em um grande número de casos, isso levou a denúncias inadmissíveis de suspeitas. Eles não apenas falharam em pesquisar e coletar evidências suficientes, mas também violaram o requisito de relatar de maneira equilibrada e objetiva."

De acordo com o comunicado dos advogados, também serão instauradas ações judiciais imediatas contra os meios de comunicação que, segundo os advogados, violaram princípios de reportagem.

No início desta semana, o grupo de rock alemão divulgou um comunicado no Instagram em resposta às acusações de agressão sexual e abuso de poder contra Lindemann.

Na nota, a banda pediu para que os fãs não "prejulguem" o cantor, após a publicação de reportagens na mídia alemã com relatos de mulheres que indicam uma prática sistemática de atraí-las para festas nos bastidores a fim de satisfazer demandas sexuais de Lindemann.

"As publicações dos últimos dias têm causado irritação e questionamentos no público e principalmente nos nossos fãs", começou a postagem nas redes sociais. "As acusações nos atingiram com muita força e as levamos extremamente a sério."

O texto do Rammstein prossegue dizendo: "Condenamos qualquer tipo de abuso e pedimos a vocês: não participem de prejulgamentos públicos de qualquer tipo contra aqueles que fizeram acusações. Eles têm direito a seu ponto de vista." Ao mesmo tempo, o Rammstein enfatiza: "Nós, a banda, também temos o direito – ou seja, de também não sermos prejulgados."

Em 28 de maio, a banda havia rejeitado, com algumas poucas frases no Twitter, as "acusações que circulam na internet" de uma jovem irlandesa sobre uma festa após um show em Vilnius, na Lituânia.

Reação agressiva

No mês passado, Shelby Lynn, uma fã da Irlanda, viajou a Vilnius para assistir a um show do Rammstein. Lá, foi convidada para uma festa pós-show. Ela relatou que, no local, conheceu Lindemann, e que ele queria fazer sexo com ela. Lynn disse que Lindemann reagiu de forma muito agressiva quando ela recusou o convite.

Ela disse ainda suspeitar que drogas tenham sido adicionadas a uma de suas bebidas, pois não se lembrava de parte da noite depois de tomar apenas dois drinques e uma dose de tequila. Ela afirmou que ficou com hematomas e teve vômitos por 24 horas após o show. Lynn postou uma foto de seus ferimentos e registrou uma queixa.

Na sexta-feira passada, a emissora pública alemã NDR e o jornal Süddeutsche Zeitung publicaram uma reportagem com depoimentos de mulheres cujas experiências se assemelham à de Shelby Lynn, sugerindo a existência de um esquema para atrair mulheres para festas pós-show, que teriam sido escolhidas especificamente para fazer sexo com Lindemann.

Editora rompe com cantor

Por causa das acusações, a editora de Lindemann, Kiepenheuer & Witsch (KiWi), rompeu seu vínculo com o artista. A editora alemã divulgou na sexta-feira um comunicado relatando ter ficado "chocada" com as acusações contra Lindemann, acrescentando que sua "simpatia e respeito vão para as mulheres afetadas".

A KiWi também disse que "no decorrer das reportagens recentes, tomamos conhecimento de um vídeo pornô no qual Lindemann celebra a violência sexual contra mulheres" e no qual ele cita um trecho de seu livro publicado pela editora na Alemanha em 2013. "Classificamos isso como uma grave quebra de confiança e como um ato brutal em relação aos valores que representamos como editora", afirmou a empresa. "Portanto, decidimos encerrar nossa colaboração com Till Lindemann com efeito imediato, pois nosso relacionamento de confiança foi irremediavelmente quebrado."

No vídeo que circula na internet, Lindemann celebra a violência sexual contra mulheres, citando, entre outras coisas, um poema de seu livro Nas noites tranquilas.

Shows em Munique

Apesar das recentes acusações contra Till Lindemann, a partir desta quarta-feira o grupo está realizando quatro shows em Munique, marcando o início de um total de sete shows planejados na Alemanha.

Até o momento, não foi anunciada nenhuma mudança no calendário da turnê, indicando que ela deve seguir conforme o planejado, enquanto correm oficialmente as investigações.

Algumas mudanças, porém, já foram anunciadas desde que as acusações vieram à tona. Uma delas é a eliminação da chamada "row zero", ou "fileira zero", uma área exclusiva entre o palco e a plateia onde supostamente ficavam as jovens "recrutadas" para  Lindemann.

Segundo pessoas próximas à banda, também não haverá mais as chamadas preshow e aftershow parties, festas realizadas antes e depois dos concertos para um público selecionado. Teria sido numa dessas festas que a irlandesa Shelby Lynn, que trouxe o caso a público, foi dopada sem seu consentimento. A denúncia levou a uma série de outras queixas similares de fãs ao redor do mundo.

O Rammstein também teria se desligado de Alena Makeeva, cidadã russa que se autodenominava diretora de elenco (casting director) da banda. Segundo a imprensa alemã, ela é quem recrutava jovens para Till Lindemann ao longo dos últimos quatro anos. Makeeva agora deve ter acesso negado aos shows do Rammstein.

md (dw, DPA, ots)