Após atentados, Sri Lanka expulsa clérigos islâmicos
5 de maio de 2019
Governo afirma que 600 estrangeiros, entre eles 200 pregadores muçulmanos, deixaram o país. Templos católicos permanecem fechados pelo segundo domingo consecutivo por temor de novos ataques.
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O Sri Lanka expulsou 600 estrangeiros, incluindo 200 clérigos islâmicos, desde os ataques de 21 de abril que foram atribuídos a uma organização jihadista local, informou um ministro neste domingo (05/05).
O ministro do Interior, Vajira Abeywardena, explicou que esses clérigos entraram ilegalmente no país e que, nas operações das forças de segurança após os ataques, as autoridades perceberam que seus vistos haviam expirado. Em seguida, eles foram multados e expulsos do país.
"Considerando a situação atual no país, revisamos nosso sistema de vistos e tomamos a decisão de reforçar as restrições de visto para professores religiosos", explicou Abeywardena. "Entre os expulsos, havia cerca de 200 pregadores islâmicos", acrescentou.
O cérebro dos ataques a igrejas e hotéis que deixaram 257 mortos e cerca de 500 feridos era um clérigo muçulmano do Sri Lanka que morreu durante os ataques. As autoridades do Sri Lanka apontaram que antes dos atentados ele havia viajado para a Índia, onde estabeleceu contato com os extremistas.
O ministro não informou a nacionalidade dos expulsos, mas a polícia explicou que muitos dos que tiveram seus vistos vencidos eram de Bangladesh, Índia, Maldivas e Paquistão.
Duas semanas após os ataques suicidas a templos católicos e hotéis frequentados por estrangeiros, a minoria cristã da nação insular ainda teve que acompanhar as missas dominicais pela televisão pelo segundo domingo consecutivo, já que o temor de novos atentados ainda mantém as igrejas do país fechadas.
Neste domingo, o arcebispo de Colombo, O cardeal Malcom Ranjith fez uma homilia diante do clero e dos líderes nacionais na sua residência, cerimónia que foi transmitida na televisão. Durante a Missa, Malcom Ranjith leu uma carta do papa Francisco, que apontava ter rezado para que os "corações endurecidos pelo ódio possam render-se à vontade de paz e reconciliação entre todos os seus filhos".
JPS/afp/ots
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Ataques miraram templos católicos que celebravam Domingo de Páscoa e hotéis frequentados por estrangeiros. Mais de 250 pessoas morreram
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Jayawardena
Arcebispo pede calma após ataques
Uma imagem de Jesus Cristo coberta de sangue após explosão na Igreja de São Sebastião, em Negombo, uma das cidades do país com maioria católica. O arcebispo de Colombo, Malcolm Ranjith, chamou os autores dos ataques de “animais”, mas pediu para que a população fique calma e não procure fazer “justiça com as próprias mãos”.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Igrejas atingidas no Domingo de Páscoa
Interior da Igreja de São Sebastião, em Negombo, no oeste do país, após ataque. O Sri Lanka registrou oito explosões em diferentes pontos do país no domingo (21/04) de Páscoa. Três igrejas e quatro hotéis foram atingidos. Governo aponta que mais de 250 pessoas morreram.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Karunarathne
Polícia procura autores
Um policial participa de uma operação de busca em uma residência em um subúrbio da capital do Sri Lanka, Colombo. Governo prendeu sete pessoas após os atentados e apontou que maioria das ações foram cometidas por terroristas suicidas
Foto: AFP/I. S. Kodikara
Igrejas atingidas em diferentes pontos do país
Policiais examinam o exterior da Igreja de Sião, em Batticaloa, no leste do Sri Lanka, que também estava entre os alvos dos atentados. Templos estavam celebrando missas para marca o Domingo da Ressureição. Os cristãos foram 7% da população do Sri Lanka, que tem maioria budista e uma parcela significativa de islâmicos.
Foto: AFP/L. Wanniarachchi
Ataques evocam trauma da guerra civil
O interior da Igreja de Santo Antônio, na capital, Colombo. Ministro das Finanças do país, Mangala Samaraweera, disse que os ataques são uma tentativa de empurrar o Sri Lanka mais uma vez para uma situação de violência, tal como ocorreu na longa guerra civil que castigou o país entre os anos 1980 e 2000.
Foto: AFP/I. S. Kodikara
Papa condena atentados
Uma imagem de Nossa Senhora danificada no atentado à Igreja de Santo Antônio, em Colombo. O Papa Francisco os ataques enquanto fazia a benção de Páscoa diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano. "Quero expressar minha sincera proximidade com a comunidade cristã [do Sri Lanka], ferida enquanto se reunia em oração, e a todas as vítimas de tal violência cruel”, disse Francisco
Foto: Reuters/D. Liyanawatte
Hotéis entre os alvos
Os ataques também miraram hotéis de luxo frequentados por estrangeiros no Sri Lanka. Aqui, policiais examinam a área atingida por explosão no Hotel Shangri-La, em Colombo. Três hotéis de luxo e uma pensão foram alvo de explosões.
Foto: picture-alliance/AA/C. Karunarathne
Estrangeiros entre as vítimas
Turistas e cidadãos do Sri Lanka diante de um hotel em Colombo. Números iniciais apontaram que pelo menos três dezenas de cidadãos estrangeiros morreram nas explosões que atingiram os hotéis. O turismo da ilha vem passando por um período de crescimento robusto desde 2010, quando a guerra civil no país chegou ao fim.
Foto: picture-alliance/XinHua/T. Lu
Toque de recolher e bloqueio de redes sociais
Soldado diante da Igreja de Santo Antônio, em Colombo, um dos alvos dos ataques. Governo do país impôs um toque de recolher a partir deste domingo e ordenou o bloqueio de redes sociais como o Facebook e o Instagram para impedir a difusão de boatos. As escolas do país também vão permanecer fechadas até quarta-feira e todos os policiais de folga foram convocados.