Após Dinamarca, Suécia também derruba restrições anticovid
9 de fevereiro de 2022
País, que interveio pouco na pandemia e não decretou lockdowns, também aboliu testes em massa para rastrear contágio. Governo aponta alta taxa de vacinação e casos leves causados pela ômicron para justificar decisão.
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Depois da Dinamarca, a Suécia também eliminou praticamente todas as restrições em vigor no país para conter a disseminação do coronavírus Sars-Cov-2.
A partir desta quarta-feira (09/02), bares e restaurantes não precisarão funcionar com horários restritos nem impor regras de distanciamento. O país também aboliu limites de pessoas em encontros e eventos. No transporte público, o uso de máscara não será mais obrigatório.
Para turistas europeus e viajantes suecos residentes fora do país não será mais necessário apresentar um teste negativo para a covid-19, nem comprovação de vacinação ou de recuperação da doença causada pelo coronavírus para entrar na Suécia.
O levantamento das restrições anticovid já foi comemorado em discotecas em várias partes do país na madrugada desta quarta. Havia filas diante de alguns clubes por volta da meia-noite, segundo mostraram imagens da mídia sueca.
Fim dos testes em larga escala
A Suécia também pôs fim aos testes em larga escala para detecção da covid-19. A suspensão vale até mesmo para pessoas com sintomas de uma infecção, com o fechamento de centros móveis de testes, drive-ins e testes entregues em domicílio. Esse tipo de testagem se tornou onipresente durante a pandemia e forneceu dados essenciais para rastrear a disseminação do vírus.
Embora a medida coloque o país escandinavo numa posição oposta à de muitos países europeus, alguns especialistas avaliam que essa pode ser uma tendência futura, uma vez que a testagem custosa vem sendo vista como uma ferramenta que traz poucos benefícios com a variante ômicron, altamente contagiosa mas mais branda do que outras cepas do coronavírus. Governos de vários países também já estão considerando tratar a covid-19 como uma doença endêmica.
"Chegamos ao ponto no qual o custo e a relevância da testagem não se justificam mais", explicou a diretora da Agência de Saúde Pública da Suécia (Folkhälsomyndigheten), Karin Tegmark Wisell, em entrevista à emissora pública SVT.
Em outros países europeus, a testagem continua largamente difundida, mesmo para pessoas sem sintomas. Alunos e professores na Grécia, por exemplo, são obrigados a realizar dois testes por semana – assim como na Alemanha. Muitos países também exigem um chamado passaporte de covid ou um teste negativo para entrar em restaurantes, cinemas e outros locais de eventos a portas fechadas.
A partir desta quarta, apenas funcionários do setor da saúde e empregados de lares de idosos, além da população mais vulnerável, deverá ter direito a um teste gratuito de PCR na Suécia se tiverem sintomas de covid. O restante da população deverá ficar em casa se apresentar sintomas que poderiam ser da doença.
Testes de antígeno são vendidos em supermercados e farmácias na Suécia, mas os resultados deles não são transmitidos às autoridades de saúde.
Operadoras privadas de saúde também podem realizar testes e oferecem certificados para viagens internacionais, mas os custos não são reembolsados pelo governo ou pelos planos de saúde.
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Como a Suécia quer impedir o contágio pelo vírus?
O governo sueco e a Agência de Saúde Pública haviam anunciado o fim das medidas contra o contágio pelo coronavírus na semana passada. Segundo as autoridades, a pandemia está entrando numa nova fase, com a maior parte da população vacinada e quadros leves em pessoas infectadas com a variante ômicron do vírus.
Segundo dados da Agência de Saúde Pública, até esta quarta-feira 83,9 % da população sueca com mais de 12 anos de idade tinham o esquema vacinal completo, e 53,7 % dos maiores de 18 anos já haviam tomado a terceira dose. A Universidade Johns Hopkins, por sua vez, aponta que 73,25% da população da Suécia como um todo estão totalmente vacinados.
Como cientistas identificam as mutações de coronavírus?
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Porém, algumas medidas de contenção serão mantidas para não vacinados. Segundo as autoridades de saúde do país, a mais importante é a recomendação de que todas as pessoas com idades acima de 12 anos se vacinem.
Além disso, é preciso manter medidas de redução de risco de contágio no setor da saúde e de cuidados de idosos, além de lares destinados a pessoas da terceira idade, com o objetivo de proteger a população mais vulnerável.
Durante grande parte da pandemia, a Suécia se destacou entre países europeus pela abordagem de pouca intervenção. O país não decretou lockdown nem fechou o comércio, confiando amplamente na responsabilidade individual para controlar as infecções. A taxa de mortalidade por covid-19 acabou sendo mais alta do que nos vizinhos nórdicos.
rk/lf (DPA, AP)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine