Espanha confirma paradeiro de ex-rei acusado de corrupção
18 de agosto de 2020
Chega ao fim o mistério: rei emérito Juan Carlos está nos Emirados Árabes Unidos, revela Casa Real espanhola. Monarca decidiu deixar seu país após escândalo, em que teria recebido milhões de dólares em negócios obscuros.
Anúncio
Duas semanas depois, chega ao fim o mistério. A Casa Real da Espanha confirmou nesta segunda-feira (17/08) o paradeiro do rei emérito Juan Carlos: o monarca desembarcou nos Emirados Árabes Unidos no último dia 3, e desde então permanece no país.
A revelação finalmente encerra uma onda de especulações internacionais em torno do paradeiro do rei emérito, de 82 anos de idade, que ocupou o trono entre 1975 e 2014.
Em 3 de agosto, a Casa Real comunicou que Juan Carlos deixaria a Espanha após ser alvo de uma investigação de promotores suíços e da Justiça espanhola por corrupção.
As autoridades dos dois países investigam a origem de 100 milhões de dólares que o monarca teria recebido ilegalmente da Arábia Saudita, depositados em 2008 em uma conta na Suíça.
Em junho, o Supremo Tribunal espanhol abriu um inquérito para avaliar a responsabilidade de Juan Carlos em uma ação iniciada em 2018, quando gravações atribuídas à sua ex-amante Corinna Larsen asseguravam que o então rei da Espanha teria cobrado uma comissão pela concessão de um contrato para a construção de uma rede ferroviária de alta velocidade. Larsen teria sido utilizada como "laranja" de Juan Carlos na transação.
Após grande repercussão do caso, o monarca informou que deixaria o país em carta enviada ao seu filho, o rei Felipe 6º. No texto, ele afirma que tomou a decisão para facilitar o exercício das funções do atual rei e possibilitar a "tranquilidade e sossego que requer sua alta responsabilidade". "Meu legado, minha própria dignidade como pessoa assim o exigem", escreveu.
Desde a notícia de sua partida, vários destinos possíveis foram cogitados, inclusive República Dominicana e Portugal. Dias depois, a imprensa espanhola publicou uma fotografia dele no aeroporto de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
Mas nem a Casa Real espanhola, nem o governo, nem o advogado do rei confirmaram na época seu paradeiro. Fontes da família real apontaram que caberia ao rei emérito decidir quando seu destino seria comunicado.
O escândalo de corrupção fez com que Felipe se distanciasse de seu pai, renegando sua herança e cancelando em março deste ano a pensão fornecida pelo Estado, apesar de preservar-lhe o título de rei e mantê-lo como membro da família real. O distanciamento levou ao fim das aparições públicas, com os encontros entre pai e filho se resumindo a apenas algumas reuniões familiares.
Desde sua abdicação em 2014, Juan Carlos evitou manter uma vida pública intensa, com algumas aparições em partidas de futebol das equipes de Madri ou em grandes prêmios de Fórmula 1.
Com problemas cada vez maiores de mobilidade, o rei emérito se submeteu também a uma cirurgia cardíaca em agosto de 2019.
Ele foi visto em público pela última vez no dia 16 de junho, quando compareceu a uma clínica médica em Madri para fazer exames de rotina usando uma máscara de proteção.
A decisão do rei emérito de morar fora do país, no entanto, não mudou a situação de sua esposa, a rainha Sofia, que manteve residência no Palácio da Zarzuela, em Madri, e as atividades institucionais.
A mãe do atual rei foi deixada de fora das controvérsias envolvendo o marido por não ter nenhuma relação com os supostos negócios dos quais Juan Carlos teria participado, informaram fontes da Casa Real espanhola no início de agosto.
Juan Carlos e Sofia estão afastados há vários anos, embora tenham continuado a viver em Zarzuela como membros da família real após a abdicação dele em favor do filho.
O último imperador da Alemanha, país de tantos lindos castelos, abdicou em 1918, e a monarquia foi abolida no país há um século. Mas ainda existem traços de nobreza.
Foto: picture-alliance/imagebroker/D. Plewka
O imperador e sua corte
Quem consegue distinguir entre os vários títulos e designações da nobreza alemã, provavelmente é um aficionado em história medieval: Kaiser (imperador), König (rei), Erzherzog (arquiduque), Grossherzog (grão-duque), Herzog (duque), Landgraf (langrave), Markgraf (margrave), Freiherr (barão). Mas eles ainda existem mesmo na Alemanha?
Foto: picture-alliance/Chromorange/H. Richter
Abolição da monarquia
Após a derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial, a agitação civil na Alemanha levou à abdicação do imperador Guilherme 2º (foto). Em 9 de novembro de 1918, foi proclamada uma democracia parlamentar, abolindo a monarquia prussiana e as 22 monarquias constituintes da Alemanha.
Foto: picture-alliance/akg-images
Reivindicações dos herdeiros
Mas nem todos os aspectos da mudança de sistema foram esclarecidos na época. Até hoje, os herdeiros do último imperador alemão reclamam indenização. A Casa de Hohenzollern, tendo à frente Georg Friedrich Ferdinand (foto), príncipe da Prússia e tataraneto de Guilherme 2º, exige compensação pela propriedade expropriada de sua família.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger
O que há num nome?
Traços de nobreza ainda podem ser encontrados em nomes próprios. As partículas "von" ("descendente de") ou "zu" ("residente em") precedendo um sobrenome alemão indicam que seu portador herdou um título. Estima-se ser o caso de cerca de 80 mil pessoas na Alemanha. Hoje os títulos só têm valor simbólico.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Balk
Abolição dos títulos na Áustria
O último imperador da Áustria, Carlos 1º (foto), não abdicou oficialmente. As leis que aboliram a monarquia foram mais rigorosas no país: enquanto a República de Weimar permitiu que os aristocratas alemães mantivessem as partículas nobiliárias ("von" ou "zu"), uma lei austríaca de 1919 determinou que elas fossem proibidas. Alguns políticos da Alemanha exigem uma lei análoga.
Foto: Imago
Ajudinha extra
Pertencer à nobreza não oferece quaisquer vantagens legais na Alemanha, mas estudos revelaram que as pessoas com "von" ou "zu" em seu nome têm maior possibilidade de conseguir uma entrevista de emprego. Associações de nobres também oferecem oportunidades de formar redes capazes de contribuir para o acesso a círculos influentes.
Foto: Fotolia/Reicher
Título por adoção ou casamento
É possível obter um verdadeiro título de nobreza por casamento, como na foto, de Ernst August, príncipe de Hannover, com Chantal Hochuli, em 1981. Mas também pode ser por adoção. Não é barato: consultores cobram dezenas ou centenas de milhares de euros. E é preciso convencer o Tribunal de Família de que a adoção não visa apenas a obtenção do título, senão a alteração do nome pode ser rejeitada.
Foto: picture-alliance/United Archives/W. Kühn
Príncipe famoso
É bastante barato comprar um título de uma linha de nobreza extinta. As empresas que vendem esses títulos comparam a transação à escolha de um pseudônimo por um artista, que é um direito protegido na Alemanha. Mas o título comprado não pode ser acrescentado ao nome na carteira de identidade – a menos que se prove que todos o conhecem como "Príncipe".
Foto: picture-alliance/dpa/Keystone USA
Princesa de verdade?
Adquirir um título por diversão é uma coisa, mas não significa que de repente se pertença à nobreza. Fingir isso pode prejudicar a credibilidade. Por exemplo, o jornal "Süddeutsche Zeitung" investigou o nome de Doris Fürstin (Princesa) von Sayn-Wittgenstein, política do partido de extrema direita AfD, e descobriu que se trata de um título "já vendido a um custo elevado há certo tempo".
Foto: picture-alliance/dpa/M. Scholz
Toque de ironia
Nem todos se deixam impressionar pelos títulos de nobreza. A expressão "Herr von und zu" ou "Frau von und zu", sem conexão com um sobrenome real, é às vezes usada para zombar de gente arrogante. Essas Senhoras e Senhores de nariz empinado talvez devessem tentar beijar um sapo: isso talvez lhes lembrasse que são apenas humanos mortais – um fato que nenhum título de nobreza vai mudar.