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Após golpe militar, EUA ameaçam impor sanções a Mianmar

2 de fevereiro de 2021

Biden condena tomada de poder por militares e prisão de líderes civis como atentado à transição democrática no país asiático. "Os EUA defenderão a democracia onde quer que ela esteja sob ataque", diz.

Em Tóquio, birmaneses protestam contra militares de Mianmar e pela libertação da líder civil Aung San Suu Kyi
Em Tóquio, birmaneses protestam contra militares de Mianmar e pela libertação da líder civil Aung San Suu KyiFoto: Issei Kato/REUTERS

Os Estados Unidos ameaçaram reimpor sanções a Mianmar após o golpe militar e a prisão de líderes civis do país asiático, incluindo a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, nesta segunda-feira (01/02).

Em comunicado divulgado pela Casa Branca, Biden anunciou ter ordenado que o seu gabinete revisasse se deveria reinstituir as sanções suspensas após 2011, quando Mianmar saiu de uma ditadura militar que durou décadas.

Biden classificou as ações do Exército birmanês de um ataque direto à transição rumo à democracia e ao Estado de Direito em Mianmar. Os militares governaram de 1962 a 2011, quando uma junta concordou em compartilhar o poder e deu início à transição.

"Os Estados Unidos eliminaram as sanções contra Mianmar durante a última década com base no progresso rumo à democracia", disse Biden. "Os EUA defenderão a democracia onde quer que ela esteja sob ataque."

O presidente afirmou que, se a democracia não for respeitada, os EUA tomarão as medidas que julgarem apropriadas, embora não as tenha detalhado. Ele não comunicou se está avaliando algo além de possíveis sanções, um assunto que não foi esclarecido pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em seu briefing diário à imprensa.

"Unir-se em uma só voz"

O golpe de Estado desta segunda-feira derrubou o governo democraticamente eleito de Aung San Suu Kyi, que foi detida juntamente com outros líderes democráticos e cujo paradeiro permanecia desconhecido na manhã desta terça-feira. O Exército de Mianmar impôs estado de emergência por um ano e entregou o poder ao chefe das Forças Armadas. 

Os militares justificaram o golpe com base em uma suposta fraude nas eleições de novembro do ano passado, na qual o partido no poder, a Liga Nacional pela Democracia, obteve uma vitória esmagadora, com 83% dos votos. A Comissão Eleitoral de Mianmar negou que tenha havido qualquer fraude eleitoral.

Biden convocou a comunidade internacional a "unir-se em uma só voz" para pressionar os militares birmaneses a deixarem o poder e libertarem os ativistas e líderes detidos. Biden também pediu o fim de todas as restrições às telecomunicações impostas após o golpe de Estado e que a violência não seja usada contra civis.

O presidente americano disse que seu governo observará como outros países responderão à crise em Mianmar. "Vamos trabalhar com os nossos parceiros na região e no mundo para apoiar a restauração da democracia e do Estado de Direito, bem como responsabilizar aqueles que interromperam a transição democrática", disse Biden.

Teste para Biden

O golpe em Mianmar mina anos de esforços apoiados pelo Ocidente para estabelecer a democracia no país. Após um sucesso inicial, houve preocupações crescentes nos últimos anos quanto a uma possível recaída rumo ao autoritarismo.

A comunidade internacional manifestou desapontamento após Suu Kyi, ex-líder da oposição e símbolo da luta pelos direitos humanos, manifestar-se apenas de maneira reticente em relação à repressão militar à minoria muçulmana rohingya no leste do país.

A atual crise em Mianmar é também um dos primeiros grandes testes para a promessa de Biden de colaborar com aliados em desafios internacionais, especialmente em relação à influência crescente da China – posicionamento que contrasta com a abordagem "EUA em primeiro lugar" do ex-presidente Donald Trump.

A China, que exerce grande influência sobre Mianmar, não condenou o golpe, tendo apenas apelado a todas as partes para "resolverem as diferenças". Também vizinha, a Tailândia se recusou a comentar o que classificou de assuntos internos de Mianmar.

Além dos EUA, a União Europeia e as Nações Unidas também condenaram o golpe. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta terça-feira, segundo diplomatas, em meio a pedidos por uma firme resposta internacional à prisão de Suu Kyi e à tomada de poder pelos militares.

lf/as (Reuters, AFP, Efe)

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