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Após medida do Supremo, polícia invade locais gays em Moscou

2 de dezembro de 2023

Agentes fotografaram documentos de identidade dos frequentadores. Batidas ocorrem dias depois de corte russa definir como extremista "movimento internacional LGBTQ" e "banir suas atividades na Rússia".

Homens seguram bandeira arco-íris como se disputassem adereço
Homens com bandeira arco-íris em Moscou em ato por direitos LGBTQFoto: Sergei Ilnitsky/dpa/picture alliance

A polícia realizou várias batidas em clubes LGBTQ em Moscou na noite de sexta-feira e na madrugada deste sábado (02/12), segundo a imprensa local.

"As operações foram realizadas em Moscou desde as 22h de sexta-feira (hora local), informou o canal de Telegram chamado Ostorozhno Moskva (Cuidado Moscou, em tradução livre).

Segundo o canal, a polícia chegou a estes estabelecimentos e pediu os documentos de identidade dos frequentadores. As pessoas foram liberadas depois que suas identificações foram fotografadas.

Além disso, segundo testemunhas citadas pelo Ostorozhno Moskva, a polícia invadiu várias saunas alegando que procurava drogas.

"Tudo é feito sob o pretexto de uma operação antidrogas regular. Nenhuma violação foi detectada, mas estragaram o lazer das pessoas. Na sauna se comportaram de maneira desrespeitosa, obrigaram as pessoas a deitarem de costas no chão", informou o canal de Telegram.

Segundo o portal Sota, a polícia invadiu três instalações no centro de Moscou, também sob o pretexto de uma operação antidrogas.

"No meio da festa pararam a música, e a polícia invadiu os corredores. Também havia cidadãos estrangeiros na festa. Na saída, fotografaram os passaportes sem autorização. Este é um esquema conhecido, foi assim que fecharam clubes semelhantes em São Petersburgo", comentou uma testemunha citada pelo Sota.

Movimento LGBT como "extremismo"

Nesta quinta-feira, a Suprema Corte da Rússia proibiu o movimento LGBTQ, o qual considerou "extremista", em uma decisão que desencadeou uma onda de indignação entre as minorias sexuais do país.

A medida proíbe tanto a propaganda quanto a publicidade LGBTQ, assim como "gerar interesse e incentivar a adesão" ao movimento.

Ativistas e juristas homossexuais contestaram que, de acordo com a Constituição, a Rússia é um Estado laico e acusaram o Kremlin de querer "controlar" as consciências dos russos, ao mesmo tempo em que inculca "valores familiares 'tradicionais', supostamente incompatíveis com as atividades do movimento".

Na noite de sexta-feira, o Central Station de São Petersburgo, um dos clubes gays mais antigos da cidade, anunciou que estava fechando devido à decisão do dia anterior.

Desde 2022, a Rússia já aprovou uma lei para banir o que chamou de "propaganda LGBTQ" entre adultos – atos que promovam "relações sexuais não tradicionais" – e a realização de tratamentos e intervenções médicas para mudança de gênero, bem como mudanças de gênero em documentos oficiais, além de proibir também a adoção de crianças por pessoas LGBTQ.

Agenda de costumes

Em novembro, perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a Rússia afirmou que protege os direitos das pessoas LGBTQ, argumentando que a "restrição de demonstrações públicas em favor de relações ou preferências sexuais não tradicionais" não é censura.

O presidente russo, Vladimir Putin, que deve entrar em campanha por mais um mandato de seis anos em março, tenta manter sua popularidade interna investindo na agenda de costumes em detrimento de valores liberais, os quais associa ao Ocidente.

Em um discurso no ano passado, ele afirmou que o Ocidente tem adotado "modas meio estranhas, como dúzias de gêneros e paradas gays", mas que não tinha nenhum direito de impô-las a outros países.

Determinado a transformar seu país em uma reserva moral contra o relativismo ocidental, Putin assegurou recentemente que os homossexuais "também fazem parte da sociedade", mas criticou a obsessão pela igualdade das minorias sexuais.

md/le (EFE, AFP)

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