Após nevasca histórica, Espanha luta para distribuir vacina
11 de janeiro de 2021
Depois da maior tempestade de neve em décadas, governo tenta garantir abastecimento de imunizante contra covid-19 e alimentos. País se prepara para semana de frio extremo, com temperaturas de até -10 ºC.
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Após a passagem da tempestade Filomena, que deixou ao menos quatro mortos e levou ao fechamento de escolas e serviços públicos, o governo espanhol anunciou o envio nesta segunda-feira (11/01) de comboios que devem levar vacinas contra a covid-19 e alimentos para regiões isoladas. O fenômeno gerou a pior nevasca em décadas na região central do país, que se prepara para frio extremo nos próximos dias.
Os serviços de meteorologia alertam para condições de tempo perigosas nos próximos dias, com temperaturas de até -10 ºC nesta semana. A neve poderá se transformar em gelo e árvores mais vulneráveis podem cair.
O ministro dos Transportes, José Luis Abalos, disse que o objetivo das autoridades é garantir o abastecimento de alimentos, vacinas e materiais de saúde. "Corredores foram abertos para a entrega desses itens", assegurou.
Segundo o governo, em torno de 700 estradas em todo o território espanhol foram afetadas pelo mau tempo, com o tráfego suspenso ou com complicações.
A neve também deixou centenas de viajantes presos no aeroporto de Barajas, em Madri. O local teve de ser fechado no sábado e foi reaberto gradualmente no domingo, enquanto o Exército espanhol trabalhava para limpar as pistas de pouso e decolagem.
Na capital, militares e voluntários trabalhavam também para desobstruir vias de acesso a hospitais, que enfrentam forte pressão em razão da epidemia de covid-19.
Em toda a cidade, os cidadãos se mobilizaram para remover a neve da entrada de edifícios. Longas filas se formavam em frente a supermercados e padarias.
"O perigo ainda não passou"
"O perigo ainda não passou", afirmou neste domingo o ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, que advertiu para o início de uma semana de frio intenso no pais, com "temperaturas mínimas nunca alcançadas". Ele pediu à população que evite ao máximo os deslocamentos.
O mau tempo e o frio também deixaram vítimas. Um casal que estava em um carro morreu depois do trasbordamento de um rio em Málaga, enquanto dois moradores de rua perderam suas vidas em Madri e Calatayud, no leste do país.
A maior nevasca dos últimos 50 anos encobriu completamente a capital na sexta-feira e no sábado, além de uma grande parte do país, onde diversas escolas e serviços públicos devem permanecer fechados ainda no início da semana.
RC/rtr/afp
Efeitos da pandemia de coronavírus sobre o meio ambiente
Da rápida queda na poluição do ar a animais selvagens que se atrevem a passear por centros urbanos, a crise do coronavírus teve fortes impactos sobre o meio ambiente.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Melhor qualidade do ar
À medida que o mundo está parado, a paralisação repentina da maioria das atividades industriais reduziu drasticamente os níveis de poluição. Imagens de satélite revelam até mesmo uma clara queda nos níveis globais de dióxido de nitrogênio (NO2) - um gás produzido principalmente por veículos e, portanto, responsável pela má qualidade do ar nas grandes cidades.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Menos emissões de CO2
Da mesma forma como com o NO2, aconteceu uma redução nas emissões de dióxido de carbono devido à diminuição nas atividades econômicas. A última vez em que isso aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009. Somente na China, as emissões caíram cerca de 25% quando o país começou com medidas restritivas, de acordo com o Carbon Brief. Mas essa mudança provavelmente será apenas temporária.
Enquanto os seres humanos se isolam em suas casas, alguns animais aproveitam o espaço à disposição. Com o trânsito rodoviário reduzido, bichos menores, como porcos-espinhos saídos da hibernação, têm menos probabilidade de serem atropelados. Outras espécies, como os patos, podem estar se perguntando para onde foram as pessoas que lhes costumavam dar migalhas de pão no parque.
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Mais atenção para o comércio de vida selvagem
Os conservacionistas esperam que o surto de coronavírus ajude a conter o comércio global de vida selvagem, responsável por deixar várias espécies à beira da extinção. A covid-19 provavelmente se originou em um mercado chinês que vende animais vivos e é um centro de vida selvagem traficada ilegal e ilegalmente. A repressão ao comércio de animais selvagens vivos pode ser um efeito positivo da crise.
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Águas mais limpas
Logo após a Itália impor o isolamento, imagens de canais cristalinos de Veneza foram compartilhadas em todo o mundo - as águas hoje estão muito longe de sua aparência turva habitual. E com os navios de cruzeiro temporariamente ancorados, os oceanos também experimentam queda na poluição sonora, diminuindo o estresse de animais marinhos, como baleias.
Foto: Reuterts/M. Silvestri
Problema dos plásticos continua
Mas não há só notícias positivas. Um dos piores efeitos colaterais ambientais da pandemia de coronavírus é o rápido aumento no uso de plástico descartável - de equipamentos médicos, como luvas, a embalagens plásticas, à medida que mais pessoas optam por alimentos pré-embalados. Mesmo cafés que continuam abertos não usam mais copos reutilizáveis, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
A crise do clima continua
Com o coronavírus dominando o noticiário, o problema do aquecimento global por enquanto parece deixado de lado. Especialistas alertam que decisões importantes sobre o clima não devem ser adiadas - mesmo com a conferência da ONU sobre o clima adiada para 2021. Embora as emissões tenham caído desde o início da pandemia, é improvável que em longo prazo ocorram mudanças generalizadas.