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Após onda de privatizações, Berlim remunicipaliza serviços

15 de abril de 2019

Depois da volta do saneamento básico às mãos do município, empresa pública ganha edital para assumir rede elétrica que rendeu lucro de € 110 milhões em 2018. Atual detentora do serviço pretende brigar na Justiça.

Logo da empresa sueca Vattenfall
Apesar de perder licitação, sueca Vattenfall anuncia que acionará Justiça para manter concessão de rede elétricaFoto: picture-alliance/S. Grassegger

Após uma onda de privatização que atingiu Berlim a partir do fim da década de 1990, surgiram nos últimos anos iniciativas populares defendendo a remunicipalização de serviços básicos. A primeira vitória foi a volta da empresa de saneamento básico às mãos do poder público, em 2013.

A experiência com a Berliner Wasserbetriebe, responsável pelo abastecimento de água dos cerca de 3,5 milhões de moradores da capital alemã, é considerada um sucesso na cidade e ajudou a manter estáveis os preços dos serviços. Impulsionada por esse exemplo, há alguns anos a prefeitura berlinense estuda remunicipalizar as redes de fornecimento de energia elétrica e gás.

Há cerca de um mês foi anunciada outra vitória nesse sentido. O contrato de concessão da rede elétrica de Berlim venceu em 2014, e desde então corria a licitação para a nova concessão para os próximos 20 anos. A grande vencedora do processo foi a empresa pública de eletricidade Berlin Energie, fundada justamente para essa reestatização.

Privatizada em 1997, a rede elétrica está atualmente nas mãos da empresa sueca Vattenfall e rendeu no ano passado ao grupo 110 milhões de euros. Para assumir essa rede, a Berlin Energie calcula que terá que pagar cerca de 1,5 bilhão de euros à Vattenfall.

A empresa sueca, porém, não aceitou de bom grado a perda no processo licitatório e anunciou que pretende brigar pela rede na Justiça, apesar de ter poucas chances, segundo especialistas. Até o fim do processo, que pode se estender por alguns anos, a Vattenfall continua controlando os 35 mil quilômetros de rede elétrica da capital alemã.

Enquanto isso, a Berlin Energie já garantiu que pretende contratar os 1,3 mil funcionários que trabalham neste setor da Vattenfall ao assumir a rede.

Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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