Em semana conturbada, presidente francês nomeia quatro novos ministros. Em meio a escândalos envolvendo políticos, reformulação do governo após eleições parlamentares acaba sendo mais abrangente do que o previsto.
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O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou um novo gabinete de governo, na noite desta quarta-feira (21/06). Após a renúncia de quatro ministros em três dias, Macron nomeou personalidades pouco conhecidas do cenário político francês.
A nova ministra da Defesa será a especialista em questões orçamentárias Florence Parly. Ela sucede à política centrista Sylvie Goulard, que renunciou na última terça-feira devido a um escândalo trabalhista envolvendo seu partido, Movimento Democrático (MoDem), aliado do presidente francês. A nova ministra, de 54 anos, ocupava o posto de diretora-geral na empresa pública de transportes ferroviários SNCF.
No comando do Ministério da Justiça, a jurista Nicole Belloubet sucederá François Bayrou. Macron também nomeou a diplomata de carreira Nathalie Loiseau como ministra de Assuntos Europeus, substituindo Marielle de Sarnez.
Após o antigo ministro da Coesão Territorial, Richard Ferrand, deixar o governo a pedido do novo presidente em meio à pressão devido a suspeitas de nepotismo, a pasta passará a ser ocupada pelo atual ministro da Agricultura, Jacques Mézard. Este, por sua vez, será substituído pelo socialista Stéphane Travert.
Postos importantes, como as chefias dos Ministérios do Exterior, Meio Ambiente, Interior e Finanças não sofreram modificações.
A formação do novo gabinete foi iniciada após a eleições parlamentares do último domingo, nas quais o partido de Macron, República em Marcha! (LREM) conquistou maioria absoluta. A renúncia inesperada de Goulard, Bayrou e Sarnez nestas terça-feira e quarta-feira forçou Macron a uma reformulação muito mais abrangente de seu gabinete do que a esperada. Os três ministros entregaram seus postos devido a escândalos trabalhistas.
Suspeita-se que funcionários do MoDem do Parlamento Europeu teriam executado, na verdade, tarefas partidárias na França. Isso implicaria um desvio de fundos da União Europeia e levou a Justiça francesa a iniciar investigações preliminares.
Macron, de 39 anos, foi eleito como símbolo da renovação política, como também da luta contra escândalos e fraudes na política. Agora os casos envolvendo Ferrand e o MoDem ameaçam manhcar a sua imagem.
CA/efe/afp
O papel da França, segundo Macron
Eleito o mais jovem presidente da República francesa, Macron é considerado um europeu convicto. Para ele, não há alternativa para a França, senão apoiar o mercado comunitário. Veja os principais planos para o país.
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União Europeia
Macron se diz - e é amplamente considerado - pró-europeu. Ele defende um fortalecimento da UE e ressalta que o futuro dos países europeus está somente na comunhão de interesses. A França, afirma, só irá adiante com ajuda dos vizinhos.
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Euro
Para Macron, a permanência da França na moeda comum europeia é uma obviedade. Mas ele defende mudanças: um orçamento próprio para a zona do euro, inclusive ministro das Finanças e controles parlamentares. Isso inclui também mudança nas regras fiscais – ou seja, quanto de dívida um país pode fazer. Os detalhes não são claros. Essa reestruturação só seria viável com uma alteração dos tratados da UE.
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Segurança
O presidente eleito quer aumentar o número de policiais, que havia sido cortado sob o governo Sarkozy. No mais, ele aposta nos meios disponíveis e na cooperação europeia para o combate ao terrorismo.
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Imigração
Macron considera o acolhimento dos requerentes de refúgio e estudantes estrangeiros como "oportunidade e motivo de orgulho." Ele defende a proteção das fronteiras externas da UE, a fim de limitar o influxo de imigrantes e, de resto, respeita as decisões dos acordos europeus.
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Comércio
Macron defende uma ordem econômica liberal. Ele quer reformar o país e torná-lo mais competitivo. Isso inclui promover a criação de empresas e reduzir os encargos financeiros. O ex-ministro francês da Economia é amigo do livre-comércio e aposta em tecnologias de ponta. Ao mesmo tempo, ele pretende reduzir o número de funcionários públicos, diminuir a burocracia e enxugar o aparato estatal no país.
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Mercado de trabalho
Macron defende uma maior flexibilidade para o rígido mercado de trabalho e almeja reduzir custos sociais, principalmente no seguro-desemprego. Isso inclui cortes no direito à assistência. A princípio, ele planeja uma idade de aposentadoria de 62 anos, com um posterior aumento desse limite de idade.
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Putin e Otan
Macron defende as sanções e o distanciamento político existente entre a Europa e a Rússia. Espera-se que ele aposte amplamente na continuidade da política externa e de segurança da França, em ampla cooperação com a Alemanha e a Aliança Atlântica.