Um dia após manifestações em todo o país contra o governo, presidente afirma que o país está "mais forte do que nunca". Segundo ela, a corrupção é uma "senhora idosa" no Brasil e que pode atingir qualquer instância.
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Um dia após uma onda de protestos que mobilizaram o Brasil contra a corrupção e contra o governo, a presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira (16/03) que pensou, ao ver a multidão nas ruas, que "valeu a pena" lutar pela democracia. "Esse país está mais forte do que nunca", afirmou a presidente durante a cerimônia de sanção do novo Código do Processo Civil, no Palácio do Planalto.
Seguindo a mesma linha adotada pelos ministros da Justiça e da Secretaria-Geral da Presidência ainda no domingo, Dilma também reforçou o caráter democrático das manifestações e ressaltou que nas democracias há "o respeito às ruas, um dos mais legítimos espaços de manifestação popular".
Ela disse ainda que o fortalecimento das instituições deixa o país "mais impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso", numa referência à demanda de parte dos manifestantes, que levaram cartazes e entoaram coros pelo impeachment da presidente, pouco mais de quatro meses após a sua reeleição.
"Corrupção não poupa ninguém"
Durante entrevista coletiva logo após a sanção do novo código, perguntada sobre a afirmação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de que a corrupção no país estaria no Executivo, e não no Legislativo, a presidente afirmou que a corrupção "não nasceu hoje, é uma senhora idosa que não poupa ninguém", que está em todo lugar – "inclusive no setor privado". "Não existe qualquer segmento acima de qualquer suspeita", afirmou a presidente.
Questionada sobre a décima etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira e que levou à denúncia do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e à prisão do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, Dilma ressaltou que isso mostra que as "teorias" de que o governo teria interferido no Ministério Público são "absolutamente" infundadas. "Quem foi responsável, pagará pelo que fez", garantiu a presidente.
Dilma voltou a falar que o governo pretende lançar em breve o pacote anticorrupção, proposto ainda durante sua campanha à reeleição, cujas medidas vêm sendo discutidas e negociadas com os partidos, segundo ela. A presidente também rechaçou a ideia de que a aprovação do pacote de medidas pode vir a ser dificultada pelos parlamentares. "O Congresso não tem sido adverso ao meu governo. Sempre que [uma proposta] foi explicada, debatida antes, o Congresso tem se mostrado sensível", disse.
Protestos contra Dilma
Centenas de milhares de pessoas saem às ruas em mais de 20 estados para protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff e os escândalos de corrupção.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Capitais reúnem multidões
Centenas de milhares de manifestantes foram às ruas nas principais cidades do país. Maior adesão foi registrada em São Paulo, onde a PM calculou que mais de 1 milhão de pessoas tomaram a Avenida Paulista. No Rio de Janeiro (foto) foram registradas 25 mil pessoas. Brasília reuniu 40 mil. Manaus, com 30 mil, Porto Alegre, com 25 mil, e Fortaleza, com 20 mil, também tiveram elevada presença.
Foto: picture-alliance/dpa/Lacerda
São Paulo tem mais de 1 milhão
São Paulo registrou mais de 1 milhão de pessoas, segundo estimativas da PM. Elas foram à Avenida Paulista para protestar contra a presidente Dilma Roussef, o PT e a corrupção no Brasil. A multidão supera todas manifestações dos demais estados juntas. O ápice do protesto foi o Hino Nacional, cantado por Wanessa Camargo, e a presença do ex-jogador Ronaldo num dos caminhões de som.
Foto: picture-alliance/dpa/S.Moreira
Panelaço no Congresso Nacional
Aproximadamente 40 mil pessoas ocuparam o gramado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, durante protesto contra a corrupção. A maioria foi vestida com camisetas verdes e amarelas, em alusão à bandeira do Brasil, e fizeram barulho com apitos e panelas.
Foto: picture-alliance/dpa/Bizerra Jr
Críticas à presidente e ao PT
Alguns grupos que convocaram os protestos, como o Movimento Brasil Livre, pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Outros, como o Vem pra Rua, não pedem o impeachment, mas protestam contra o governo e a corrupção.
Foto: Getty Images/M. Tama
Rio soma 25 mil manifestantes
No Rio de Janeiro, a manifestação se concentrou na orla da praia de Copacabana. Segundo estimativa da Polícia Militar, aproximadamente 25 mil pessoas participaram da marcha. Organizadores falam em 40 mil. Para o ato, a Avenida Atlântica ficou interditada por cerca de duas horas.
Foto: Reuters/S. Moraes
Protesto no mar
Pessoas em motos aquáticas e adeptos do stand-up paddle, que consiste na prática do surfe com o uso de remo, levaram bandeiras do Brasil e uma faixa de "Fora Dilma" em protesto no mar de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images
Copacabana registra duas agressões
Durante o protesto em Copacabana, dois homens foram agredidos por manifestantes. Um fiscal da Fazenda recebeu socos após gritar aos participantes do ato que fossem protestar em Miami. Já um mecânico (foto), que levava uma bandeira do movimento nacional de luta pela moradia pendurada no pescoço, foi agredido verbalmente. Ambos foram escoltados pela PM.
Foto: Reuters/S. Moraes
Fantasias e topless
As manifestações foram realizadas em 22 estados e no Distrito Federal. A grande maioria dos opositores ao governo de Dilma Rousseff vestiu camisetas nas cores da bandeira do Brasil. Mas também houve pessoas que aderiram à fantasias de super-heróis ou ao topless para transmitir suas mensagens.
Foto: Reuters/S. Moraes
Batendo panela
Manifestantes batendo panelas – ou frigideiras – também não faltaram na Avenida Paulista, em São Paulo.