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Após protestos, presidente egípcio propõe "reformas profundas e rápidas"

27 de junho de 2013

Reagindo aos protestos e confrontos que se espalham pelo Egito, Mohammed Morsi anuncia reformas rápidas e profundas e alerta para o risco de caos. Oposição espera reunir milhões de pessoas em manifestações no domingo.

Foto: Imago

Confrontos violentos entre apoiadores e opositores do governo do presidente islâmico Mohammed Morsi foram registrados em diversas províncias egípcias na madrugada desta quinta-feira (27/06), provocando a morte de uma pessoa na cidade de Mansura. Segundo as autoridades egípcias, 298 pessoas saíram feridas em todo o país.

As forças de segurança estão esperando novos conflitos nos próximos dias. Os oposicionistas convocaram manifestações em massa para o domingo, dia que marca o aniversário de um ano do governo Morsi, e esperam reunir milhões de pessoas em todo o país. Eles exigem a renúncia do presidente ligado à Irmandade Muçulmana e novas eleições.

Em reação às manifestações, Morsi fez um discurso de mais de duas horas, que foi transmitido pela televisão egípcia na noite desta quarta-feira. Ele rejeitou claramente a proposta de renúncia e anunciou um pacote de medidas para apaziguar os ânimos de opositores políticos e cidadãos insatisfeitos, tentando conter a onda de protestos contra ele.

Opositores queimam cartaz de Morsi, enquanto esperavam pelo discurso público do presidente na Praça TahrirFoto: Reuters

País polarizado

Diversos partidos da oposição afirmam que continuarão com os protestos até que Morsi seja obrigado a renunciar, como foi o caso do ex-ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011. Nos últimos meses, os opositores de Morsi recolheram milhões de assinaturas de cidadãos descontentes para dar mais peso às suas reivindicações.

Em seu discurso, Morsi chamou o movimento de protesto de sabotadores, que prejudicam a economia com suas persistentes manifestações. Ele afirmou que os protestos planejados para o próximo domingo foram arquitetados por ex-funcionários do regime Mubarak. "Toda revolução tem um inimigo", afirmou o primeiro islamita na chefia do governo egípcio.

Ministros e governadores devem demitir "todos os funcionários que forem responsáveis pelas crises, sob as quais sofrem os cidadãos", disse Morsi diante de apoiadores e funcionários do governo. De acordo com Morsi, o ministério do Interior deverá criar uma unidade especial para combater gangues e sabotadores. Para encerrar a crise de combustível, os proprietários de postos de gasolina que retêm gasolina subsidiada ou a vendem no mercado negro deverão perder suas licenças.

Passeata de apoiadores de MorsiFoto: picture alliance / landov

"Reformas profundas e rápidas"

O Egito está profundamente dividido entre apoiadores e opositores de Morsi. Diante da "polarização" do país, o presidente egípcio alertou para a ameaça de caos e paralisia, prometendo um diálogo nacional. Morsi declarou que a polarização política e o conflito chegaram a um ponto que põe em perigo a democracia em desenvolvimento e ameaçam instaurar o caos e a paralisia no país.

O presidente egípcio descartou a convocação de novas eleições. Todos devem respeitar as regras da democracia, sublinhou. Ao mesmo tempo, ele admitiu erros em seu primeiro ano de mandato, mas sem entrar em detalhes. "Eu me desculpo por tudo aquilo que está acontecendo nas ruas." Em seu discurso, Morsi anunciou "reformas profundas e rápidas."

Cada governador deverá nomear ao menos um assessor com menos de 40 anos. Além disso, deverá ser formado um comitê de reconciliação nacional e um outro que deverá discutir os pontos críticos da oposição em relação à nova e polêmica Constituição. A controversa Constituição foi aprovada em referendo, no final do ano passado. Desde então, as vozes críticas não se calaram.

Oposicionistas pedem a renúncia do presidente no CairoFoto: Reuters

Exército ameaça intervir

Devido ao crescimento do desemprego e da criminalidade e à elevação dos preços dos alimentos, muitos egípcios estão descontentes com o governo islâmico. Além disso, falta gasolina e o abastecimento energético é insuficiente. Morsi coloca a culpa dos problemas no legado do regime anterior e nos protestos da oposição. Ele advertiu que, para o crescimento econômico, é necessária estabilidade política.

Os críticos de Morsi culpam o presidente principalmente pelo avanço da islamização na sociedade egípcia. Os organizadores de uma campanha chamada Tamarod (rebelião, em árabe) dizem ter reunido mais de 15 milhões de assinaturas em prol de eleições antecipadas, segundo informações próprias. O Exército ameaçou intervir nos últimos dias, caso a violência entre apoiadores e opositores do governo islâmico continue a escalar.

CA/dpa/afp/rtr

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