Investigadores não descartam interferência de terceiros e admitem que só vão ter respostas conclusivas sobre avião da Malaysia Airlines desaparecido se destroços forem encontrados, frustrando parentes de passageiros.
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O governo da Malásia divulgou nesta segunda-feira (30/07) um novo relatório sobre a investigação do voo MH370 da Malaysia Airlines, que desapareceu com 239 pessoas a bordo em 2014 quando voava de Kuala Lumpur a Pequim.
Os investigadores apontaram que o avião mudou de rota de forma manual e descartaram que essa mudança tenha ocorrido por meio do piloto automático ou de alguma falha mecânica. Eles também não descartaram que uma "terceira parte" tenha interferido ilegalmente na mudança de rota.
"A mudança de rumo não se deveu a anomalias do sistema mecânico. A mudança de rumo se fez de maneira manual, e não com o piloto automático", disse o chefe da investigação oficial, o malaio Kok Soo Chon. Ele, no entanto, não explicou por que essa mudança de rota ocorreu.
Fora a conclusão sobre a mudança de rota, o documento de 1.500 páginas traz poucas novidades e não indicou que os investigadores estão mais perto de descobrir as causas do desaparecimento ou a localização do avião.
"A equipe não pôde determinar a causa real do desaparecimento do voo MH370", disse Kok. "A resposta só pode ser conclusiva se os destroços forem encontrados."
Ao longo das páginas do relatório, os investigadores se concentraram em derrubar algumas teorias sobre o desaparecimento, descartando, por exemplo, a sugestão de que o piloto ou o copiloto derrubaram o avião propositadamente ou de que a aeronave caiu por causa de falhas mecânicas.
"Examinamos o histórico do piloto e o primeiro oficial e estamos bastante satisfeitos com sua formação, com seu treinamento, com sua saúde mental", disse ele. "Não compartilhamos da opinião de que esse evento poderia ter sido cometido pelo piloto", disse Kok.
A investigação também descartou a possibilidade de que uma carga de baterias de lítio que estava sendo transportada no avião poderia ter provocado um incêndio.
O texto chegou a ser anunciado como o "relatório final", mas as autoridades malaias apontaram que esse não deve ser o último documento sobre o caso. "Não encontramos a fuselagem. Não encontramos vítimas. Como pode ser o relatório final?", disse o chefe da investigação.
As conclusões vagas do relatório provocaram frustração entre familiares dos passageiros desaparecidos.
"O relatório não revelou nada de novo. Nenhuma conclusão foi revelada, nenhuma culpa foi atribuída", disse a malaia Grace Subathirai Nathan, citada pelo jornal britânico The Guardian. A mãe dela, Anne Daisy, estava a bordo do voo MH370.
"Estou muito decepcionada. Estou frustrada. Não há nada de novo no relatório", disse à agência de notícias AFP Intan Maizura Othman, esposa de um comissário de bordo que trabalhava no voo.
O relatório também fez recomendações sobre melhorias nas condições de voo e apontou falhas cometidas por controladores aéreos no dia do desaparecimento da aeronave. Segundo os investigadores, controladores de voo de Kuala Lumpur, na Malásia, e da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, não se deram conta por 20 minutos que a aeronave havia desaparecido dos radares.
Em 29 de maio deste ano, os esforços para localizar a aeronave no Oceano Índico foram encerrados, depois que uma companhia americana divulgou não ter tido sucesso nas buscas.
Já se passou mais de um ano desde que o jato da Malaysia Airlines desapareceu, abrindo uma discussão sobre a segurança da aviação global. A DW reuniu os momentos mais importantes sobre as buscas pela aeronave.
Foto: Reuters/Zinfos974/P. Bigot
Decolagem
No dia 8 de março, o voo MH370 da Malaysia Airlines com destino a Pequim decolou à 00h41 do aeroporto internacional Kuala Lumpur, na Malásia, com 239 passageiros a bordo. Após 26 minutos da decolagem, o sistema Acars, responsável por enviar informações cruciais sobre a condição da aeronave, foi desligado.
Foto: picture-alliance/dpa
Últimas palavras
Minutos após o Boeing 777 sair do espaço aéreo da Malásia e entrar no território do Vietnã, alguém da cabine do piloto disse: “Boa noite, Malaysia três, sete, zero”. A companhia aérea acredita que era o co-piloto Fariq Abdul Hamid. A aeronave voava com boas condições do tempo.
Foto: picture-alliance/dpa
Fora do radar
O avião desapareceu das telas do controle aéreo civil quando o equipamento que transmite a localização e altitude foi desligado à 1h31 da madrugada. Quando um radar militar identificou aeronave às 2h15, ela estava localizada em um ponto ao sul da ilha de Phuket no estreito de Malaca, a centenas de quilômetros fora da rota.
Foto: picture-alliance/dpa
Sete horas mais tarde
A última comunicação da aeronave com satélites, sete horas mais tarde, a localizava em algum lugar em uma das duas regiões: a primeira, ao norte que se estende da Tailândia até a fronteira do Cazaquistão e do Turcomenistão, ou ao sul, numa área que vai da Indonésia ao sul do Oceano Índico. O último sinal foi recebido às 8h11, sugerindo que o avião pode ter continuado a voar por horas.
Foto: NASA/dpa
Começa a busca
Pouco tempo após o desaparecimento, Malásia e Vietnã organizam juntos uma missão de busca. A área de procura logo foi expandida, cobrindo parte do golfo da Tailândia, entre Malásia e Vietnã. Verificou-se também que dois passageiros usavam passaportes roubados da UE, alimentando temores de um ataque terrorista. Mais tarde, a polícia descobriu que os homens eram imigrantes ilegais iranianos.
Foto: reuters
Mar de destroços
Até 12 de março, a área de busca atingiu ambos os lados da península da Malásia, o que totaliza uma área com cerca de 90 mil quilômetros quadrados. No total, 12 países participaram da operação de busca. Um satélite chinês localizou três grandes objetos flutuando no Mar do Sul da China que poderiam ser destroços da aeronave desaparecida.
Foto: picture alliance/AP Photo
"Ação deliberada"
Dois dias após, o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, (à direita na foto) confirma que o avião desviou da rota planejada, com movimentos que "sustentariam a tese de uma ação deliberada por alguém do avião". Autoridades iniciaram uma investigação criminal, levantando identidades e antecedentes da tripulação e dos passageiros. As casas do comandante e do co-piloto foram revistadas.
Foto: Reuters
Nova fase das buscas
Onze dias após o incidente, o número de países envolvidos na operação de busca cresce de 14 para 26 países. Os investigadores focam em duas grandes áreas que o avião poderia ter sobrevoado. A área de busca agora já cobre 2,24 milhões de milhas náuticas quadradas.
Foto: Reuters
Procurando um motivo
Funcionários apresentaram um novo cronograma, mostrando que a última transmissão de voz do avião ocorreu antes do corte do sistema de comunicação. Foram investigadas as possibilidades de sequestro, sabotagem ou suicídio do piloto. Mas investigações sobre os passageiros não conseguem apontar motivos que indicassem motivação política ou criminosa para derrubar o avião ou sequestrá-lo.
Foto: picture-alliance/dpa
Espera dolorosa
Teorias conflitantes surgem para tentar explicar o incidente. Mas sem achar os destroços, fica difícil apurar os fatos. Isso prolongou a dolorosa espera dos familiares e amigos dos desaparecidos. No avião, havia passageiros de 14 países diferentes, a maioria vinha da China (153) e da Malásia (38).
Foto: Reuters
Parentes dos passageiros protestam
Em 24 de março, o primeiro-ministro Naib Razak anuncia que, de acordo com dados de satélites, o voo MH370 caiu ao sul do Oceano Índico. A declaração desencadeou uma tempestade de tristeza e raiva dos familiares das vítimas. Parentes irritados protestaram em frente à embaixada da Malásia em Pequim e e queixaram de falta de informações confiáveis.
Foto: Reuters
Frustração
Por vezes, as buscas davam motivos para frustração, como quando objetos dados como parte do avião eram, na verdade, só lixo. As buscas se tornaram um desperdício de tempo. Alguns objetos rastreados na água eram só redes de pescas enroscadas, bóias ou pedaços de geladeiras de isopor.
Foto: Reuters
Mistério sem solução
Em 3 de abril, quase um mês após o sumiço, as autoridades continuaram perplexas. O premier Najib Razak disse que a busca não será interrompida até que as respostas sejam encontradas, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, descreveu o caso como “o mais difícil na história da humanidade”.
Foto: picture-alliance/dpa
Sinal detectado
Em 5 de abril, um navio chinês detectou um sinal pulsante no Oceano Índico. Dois dias depois, um navio australiano identifica dois sinais distintos, um de longa duração e outro que parece contínuo, como os sinais de caixas pretas de aeronaves. A equipe internacional percorre cerca de 850 quilômetros quadrados do Oceano Índico por semanas, mas não consegue encontrar evidências.
Foto: picture-alliance/dpa
Austrália move buscas mais para o sul
Em outubro, a Austrália move a área de busca mais para o sul, onde a empresa de satélite britânica Immarsat calculou o possível local da queda do avião com base em breves conexões que o avião fez com um dos satélites. A área fica ao oeste de Perth, na Austrália. O local é identificado como um dos mais prováveis para se achar o avião. Mas nada é encontrado.
Foto: atsb.gov.au
Malásia declara ocorrido como acidente
No final de janeiro de 2015, o departamento de aviação civil da Malásia declarou oficialmente que o voo foi um acidente e que todas as pessoas a bordo eram dadas como mortas. O anúncio foi feito de acordo com as regras da aviação global, que permite que as famílias dos passageiros tentem uma indenização.
Foto: Roslan Rahman/AFP/Getty Images
"Desculpa conveniente"
No entanto, alguns familiares dos passageiros do voo MH370 se recusaram a aceitar a conclusão da Malásia. Pouco depois, Sarah Bajac, cujo o parceiro Philip Wood estava na aeronave, disse à DW que isso era uma “desculpa conveniente”, argumentando que nenhuma evidência foi encontrada para apoiar a alegação das autoridades.
Foto: privat
Novas regras de aviação
No esforço para melhorar a segurança dos voos após o desaparecimento do MH370, a Organização de Aviação Civil Internacional propôs recentemente uma nova medida que exige a confirmação da posição de aeronaves comerciais a cada 15 minutos. Essa orientação é a primeira etapa de uma proposta que visa assegurar que os aviões possam ser rastreados com rapidez.
Foto: Getty Images
Busca complicada
As equipes de busca encontraram muitos desafios. Alguns deles associados com a área de busca. O afastamento e o tamanho da área exigiram que todos os aspectos da operação fossem planejados e executados meticulosamente. Em comparação com outros acidentes aéreos, a operação de busca do MH 370 foi a mais cara da história.
Foto: cc-by/ATSB/Photo by Chris Beerens/RAN
Nova pista
Mais de um ano após o desaparecimento do voo, investigadores se dirigiram à Ilha da Reunião, no Oceano Índico, para determinar se o destroço de um avião levado até as margens é parte do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines. O destroço de aproximadamente dois metros de comprimento, que parece ser parte de uma asa, foi encontrado em Saint-André, na costa leste da ilha.