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Após quatro dias, ataque no Quênia termina e mostra força de radicais

Philipp Sandner (av)24 de setembro de 2013

Atentado em shopping, que deixou 62 mortos, expôs como grupo terrorista Al Shabaab continua forte e como, devido às investidas das forças de segurança somalis, busca cada vez mais realizar ações no vizinho Quênia.

Coluna de fumaça marca o Westgate MallFoto: Reuters

O maior ataque terrorista dos últimos 15 anos no Quênia terminou nesta terça-feira (24/09), após quatro dias de impasse num shopping de Nairóbi, mas a sensação é de que a luta contra os radicais muçulmanos no leste da África ainda está longe de acabar.

No total, os terroristas do Al Shabaab, grupo ligado à Al Qaeda, mataram 62 pessoas no shopping Westgate Mall. Na longa operação militar para retomar o controle do local, três andares do centro comercial desabaram, soterrando corpos de algumas das vítimas. Cinco radicais foram mortos e outros 11 detidos.

"Nós humilhamos e derrotamos os terroristas", disse o presidente Uhuru Kenyatta, ao anunciar o fim do maior atentado no país desde o ataque de 1998 à embaixada americana. "Nossas perdas são imensas."

Derrotas na Somália

Na vizinha Somália, onde tem sua base o Al Shabaab, os radicais islâmicos sofreram duras derrotas nos últimos meses. Desde setembro de 2012, o país tem um presidente eleito, Hassan Sheikh – um lampejo de esperança após décadas de decadência estatal. A Missão da União Africana para a Somália (Amisom) conseguiu expulsar o grupo de cidades estrategicamente importantes, como Mogadíscio e Kismayo.

A partir de outubro de 2011, cerca de 4.600 soldados quenianos passaram a participar da operação, e desde então têm ocorrido dezenas de pequenos atentados no Quênia. Mas agora a ameaça assumiu uma nova dimensão. Segundo especialistas, embora a Amisom tenha registrado vitórias, as tropas da União Africana continuam longe de vencer a luta contra o terrorismo na Somália.

"Os fundamentalistas muçulmanos só perderam terreno nas cidades", diz Emmanuel Kisiangani, do Instituto de Estudos de Segurança na capital queniana. "No sul da Somália, eles ainda mantêm ocupado um grande território. E continuam sendo capazes de causar danos."

Um claro indicador disso, segundo ele, é o fato de o Al Shabaab agora reivindicar tão abertamente o atentado em Nairóbi.

Para Kisiangani, está claro: o grupo terrorista queria demonstrar que sua milícia está bem ativa. A escolha do alvo também reforça esse ponto de vista: um shopping na abastada zona oeste da cidade, ponto de concentração de turistas e de funcionários de organizações internacionais, era uma forma certeira de atrair as atenções do mundo.

Westgate é um centro comercial para ricosFoto: Reuters

Tarde demais para recuar

Há meses, o Westgate Mall era cogitado como possível alvo de ataque terroristas, como afirma um funcionário de uma fundação alemã em Nairóbi, pedindo anonimato. Ainda assim, os radicais conseguiram um efeito-surpresa, pois, no momento, todas as atenções estão voltadas para o processo contra o vice-presidente William Ruto no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Ele é acusado de crimes contra a Humanidade, no contexto dos distúrbios populares que acompanharam as eleições presidenciais de 2007.

Kisiangani considera improvável que o Quênia ceda às exigências dos jihadistas para que o Quênia retire suas tropas da Somália. Afinal, foram justamente atentados islamistas que levaram o Quênia a se decidir pela missão.

Quenianos integram a Amisom há dois anosFoto: picture-alliance/dpa

Guido Steinberg, especialista em terrorismo do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança (SWP), diz que agora é simplesmente tarde demais para uma retirada de tropas.

"Mesmo que os quenianos se retirem, agora o Al Shabaab tem o Quênia definitivamente na mira, como inimigo de peso", avalia Steinberg. Além disso, afirma, as tropas do país são necessárias à estabilização da Somália.

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