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Após "referendos", Rússia anexará quatro regiões da Ucrânia

29 de setembro de 2022

Moscou anuncia que Putin assinará formalmente a anexação, ilegal, de 15% do território ucraniano. Presidente usa suposto apoio da população em pseudorreferendos amplamente condenados pela comunidade internacional.

Homem vota em sala de votação na Rússia
Ocidente não reconheceu referendos organizados por Moscou em Zaporíjia, Kherson, Lugansk e DonetskFoto: ITAR-TASS/IMAGO

Após a realização de "referendos" amplamente contestados pela comunidade internacional, o governo da Rússia anunciou nesta quinta-feira (29/09) que vai anexar formalmente quatro regiões da Ucrânia, que correspondem a cerca de 15% do território ucraniano.

A anexação, que viola o direito internacional, será assinada pelo presidente Vladimir Putin numa cerimônia nesta sexta, num esforço de Moscou para reivindicar áreas ocupadas pelos russos e que o exército ucraniano está ameaçando retomar no campo de batalha.

A medida ilegal, já esperada e previamente condenada por líderes ocidentais, é mais uma demonstração de que Putin está acirrando a guerra contra o país vizinho após ter sofrido um grande revés militar neste mês, numa bem-sucedida contraofensiva ucraniana.

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, anunciou que, durante a cerimônia no Kremlin, os governantes pró-Moscou das quatro regiões assinarão tratados para se unir formalmente à Federação Russa. Putin ainda fará um discurso, e um grande show de rock está programado para ocorrer na Praça Vermelha, onde telões já foram montados.

O passo ocorre após a realização dos pseudorreferendos de anexação organizados por Moscou em Zaporíjia, Kherson, Lugansk e Donetsk, regiões ucranianas ocupadas pela Rússia.

As autoridades pró-Rússia nesses territórios reivindicaram uma vitória esmagadora do "sim" à anexação nos "referendos" que se encerraram na terça-feira.

Em 2014, a Rússia já havia usado o resultado de um chamado referendo, realizado sob ocupação militar, para legitimar a anexação, também em violação do direito internacional, da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.

Ocidente não reconheceu referendos

Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais foram rápidos em condenar as votações, tachando-as de ilegais e afirmando que não irão reconhecer seus resultados.

A União Europeia (UE) afirmou se tratar "de uma nova violação à soberania e à integridade territorial da Ucrânia, no contexto de violações sistemáticas dos direitos humanos".

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os europeus não aceitarão "os falsos referendos nem qualquer tipo de anexação na Ucrânia, e estamos determinados a fazer com que o Kremlin pague por mais essa escalada".

Nesta quinta-feira, foi a vez da ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, se juntar ao coro crítico.

"Sob ameaça e às vezes até com armas, as pessoas estão sendo tiradas de suas casas e de seus locais de trabalho para votar", denunciou ela em Berlim. "Isso é o oposto de eleições livres e justas. E o oposto de paz. É paz ditada. Enquanto este ditame russo prevalecer nos territórios ocupados da Ucrânia, nenhum cidadão está seguro. Nenhum cidadão é livre.''

Há indícios de que os pseudorreferendos ocorreram sob ameaça de violência e intimidação. Nos territórios ocupados, autoridades russas levaram urnas de casa em casa, no que a Ucrânia e o Ocidente afirmam ser um exercício ilegítimo e coercitivo para criar um pretexto legal para a Rússia anexar as quatro regiões.

Moscou usa o argumento do "direito do povo à autodeterminação". Putin enfatizou que, após a anexação, Moscou trataria os ataques da Ucrânia aos territórios anexados como ataques à Rússia e iria se defender com todos os meios.

Sanções adicionais

Espera-se agora que os EUA e a UE imponham sanções adicionais à Rússia, e mesmo alguns aliados tradicionais de Moscou, como Sérvia e Cazaquistão, disseram que não reconheceriam a anexação.

Antes do anúncio desta quinta-feira, o bloco europeu já havia afirmado que sancionaria aqueles que organizaram os pseudorreferendos. O governo do Canadá também afirmou que imporá novas sanções, assim como o Reino Unido.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, no final de fevereiro, a União Europeia já impôs seis rodadas de sanções a autoridades, empresas e cidadãos russos, bem como um embargo a grande parte das exportações de petróleo e carvão da Rússia.

ek/as/rk (AP, Reuters)

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