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Bolsonaro tem pior avaliação de presidente em 1° mandato

7 de abril de 2019

Pesquisa mostra que 30% dos brasileiros consideram governo ruim ou péssimo. Número supera avaliação negativa do primeiro trimestre dos governos Collor, FHC, Lula e Dilma. Sérgio Moro é o ministro mais bem avaliado.

Brasilien | Jair Bolsonaro
Em todo o Brasil, 61% dos entrevistados apontaram que Bolsonaro fez menos do que se esperava desde que assumiu o cargoFoto: picture-alliance/dpa/ZUMAPRESS/Argencia Globo/J. William

Enfrentando uma crise política com o Congresso, o desgaste de ministros e sem contar com uma melhora significativa da situação da economia, o presidente Jair Bolsonaro registrou a pior avaliação após três meses do início de um primeiro mandato entre todos os presidentes eleitos desde 1990.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (07/04), 30% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. Já o percentual daqueles que consideram ótimo ou bom é de 32%. Outros 33% consideraram regular e 4% não souberam opinar.

De acordo com o instituto, nenhum presidente em início de primeiro de mandato nos últimos 28 anos teve uma avaliação negativa tão alta. O ex-presidente Fernando Collor, por exemplo, era reprovado por 19% da população ao fim dos primeiros três meses do seu mandato.  Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, registrou 16% de avaliação negativa. Já os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff registraram reprovação de 10% e 7%, respectivamente.

A comparação do instituto com presidente anteriores não considerou o primeiro trimestre dos novos mandatos de presidentes que foram reeleitos, já que nestes casos os mandatários haviam passado por um período de exposição que ia além de três meses. 

Bolsonaro reagiu aos números da pesquisa e disse que não vai "perder tempo" em se manifestar. "Datafolha? Não vou perder tempo para comentar pesquisa do Datafolha, que diz que eu ia perder para todo mundo no segundo turno", afirmou Bolsonaro neste domingo, ao ser questionado sobre a pesquisa na saída do Palácio do Alvorada.

No seu primeiro trimestre, Bolsonaro viveu vários episódios de desgaste, como as investigações que envolveram um de seus filhos, o senador Flávio, as disputas que paralisaram o Ministério da Educação, os choques com o Congresso e as dificuldades na formação de uma base de apoio na Câmara e no Senado. A economia também não vem reagindo significativamente e a taxa de desemprego alcança 12,4%.

O levantamento também mostrou que o presidente vem perdendo capital político em regiões que lhe garantiram votações expressivas durante as eleições. Na região Sul, onde Bolsonaro conquistou 68% dos votos válidos, apenas 39% classificaram seu governo como ótimo ou bom – e 54% apontaram que ele realizou menos do que o esperado no início de governo. No Sudeste, onde o presidente obteve 65,4% dos votos, o percentual de pessoas frustradas com o governo alcança 59%.

Em todo o Brasil, 61% dos entrevistados apontaram que Bolsonaro fez menos do que se esperava desde que assumiu o cargo. Outros 13% consideram que ele fez mais, enquanto 22% avaliam que ele fez o que era esperado. Segundo o Datafolha, entre os frustrados,  há uma predominância de pessoas mais pobres e menos escolarizadas.

Os índices neste caso são piores daqueles registrados no início dos governos Lula e Dilma. No primeiro trimestre de Lula, 45% avaliaram que ele havia feito menos do que o esperado. No caso de Dilma, o percentual foi de 39%.

Apesar da avaliação negativa, o Datafolha aponta que 59% da população ainda acreditam que Bolsonaro fará uma gestão ótima ou boa.

A pesquisa ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos, em 130 municípios, entre os dias 2 e 3 abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento também ouviu a opinião dos brasileiros sobre outras figuras do governo Bolsonaro. O vice-presidente, Hamilton Mourão, registrou menor reprovação do que o presidente.

De acordo com o Datafolha, o vice, que nos últimos meses tem tentando projetar a imagem de um líder mais moderado do que Bolsonaro, registrou 18% de reprovação. Já o percentual de brasileiros que consideram seu desempenho ótimo ou bom é o mesmo do presidente: 32%. O instituto, no entanto, destaca que a avaliação do vice é melhor porque seu desempenho é acompanhado menos de perto do que o do presidente. A pesquisa mostrou que 59% dos entrevistados não souberam dizer quem era o vice-presidente da República.

Já entre os ministros, os mais bem avaliados são Sérgio Moro, da Justiça, e Paulo Guedes, da Economia. Segundo o levantamento, 59% dos brasileiros avaliam o desempenho do ex-juiz como ótimo ou bom. Guedes é aprovado por 30%. O pior desempenho é o de Marcelo Álvaro Antonio, da pasta do Turismo, que foi acusado de envolvimento em um esquema de candidaturas laranjas do PSL. Só 11% dos brasileiros consideram seu desempenho ótimo ou bom.

JPS/ots

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