Rede de cafeterias reage à ordem executiva do presidente americano que proíbe a entrada de refugiados muçulmanos nos EUA. Airbnb, por sua vez, diz que fornecerá alojamento gratuito a pessoas afetadas pela proibição.
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Várias empresas têm anunciado medidas em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de proibir o ingresso no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana. A Starbucks, maior cadeia de cafeterias do mundo, prometeu contratar milhares de refugiados.
"Estamos vivendo numa era sem precedentes, na qual somos testemunhas de como a consciência do nosso país e a promessa do sonho americano estão sendo postas em questão", afirmou o presidente da Starbucks, Howard Schultz, numa carta enviada a seus empregados neste domingo (29/01).
No texto, Schultz diz que a empresa planeja empregar 10 mil refugiados nos próximos cinco anos. Ele destaca que a oferta se dirige a todos aqueles que fogem da guerra, da perseguição e da discriminação e que envolve as lojas do grupo nos 75 países onde está presente.
"Começaremos aqui nos EUA, focando nossos esforços naqueles indivíduos que trabalharam com as Forças Armadas americanas como intérpretes e equipe de apoio", disse o presidente da empresa.
Schultz, próximo do Partido Democrata, afirmou que a companhia está mantendo contato com os funcionários que possam ser afetados pelo decreto anti-imigração assinado na sexta-feira por Trump.
O empresário ainda fez referência a outras medidas anunciadas pela Casa Branca na última semana, como revogar o chamado Obamacare – reforma de saúde aprovada pelo ex-presidente Barack Obama – e impor tarifas sobre importações do México, a fim de financiar um muro na fronteira.
Schultz afirmou que, caso o Obamacare seja de fato revogado, a companhia cuidará do plano de saúde de seus funcionários, além de reforçar seu compromisso com os comerciantes mexicanos.
Alojamento gratuito
Seguindo a Starbucks, o serviço online de hospedagem Airbnb afirmou, também no domingo, que fornecerá alojamento gratuito a pessoas afetadas pelas novas medidas de Trump, tanto refugiados como outros viajantes, impedidos de embarcar em voos com destino aos Estados Unidos.
A medida foi anunciada no Twitter por Brian Chesky, presidente do conselho de administração da plataforma, presente em dezenas de países. "Entrem em contato comigo se precisarem de alojamento", escreveu ele. "Abrir portas aproxima todos nós. Fechar essas portas nos separa."
Na sexta-feira passada, Trump assinou uma ordem executiva que suspende por pelo menos 120 dias a entrada de refugiados em território americano e por tempo indefinido o acesso de todos os migrantes provenientes da Síria.
O decreto também impôs uma proibição de entrada nos EUA durante 90 dias para qualquer cidadão de sete países de maioria muçulmana: Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão, além da Síria. O objetivo é impedir o acesso ao país de "terroristas islâmicos radicais", justificou o presidente.
EK/afp/ap/dpa/lusa
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.