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Apagão deixa quase toda a Venezuela no escuro

8 de março de 2019

Maduro denuncia sabotagem da oposição na hidrelétrica de Guri. Caracas fica às escuras, e fechamento do metrô obriga milhares de pessoas a atravessar a cidade a pé.

Caracas
Pessoas caminham por Caracas depois que um apagão afetou o sistema de transportesFoto: picture-alliance/AP Photo/A. Cubillos

Grande parte da Venezuela sofreu nesta quinta-feira (07/03) um apagão, que o governo de Nicolás Maduro imediatamente atribuiu a uma suposta sabotagem na principal central hidrelétrica do país.

"Fomos novamente alvo da guerra elétrica. Desta vez atacaram a hidrelétrica de Guri", afirmou o ministro da Energia, Motta Dominguez, em referência à segunda maior geradora de energia da América do Sul, atrás apenas de Itaipu.

O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, qualificou o ataque de um ato criminoso que pressupõe "um novo fracasso para a direita".

O apagão paralisou o comércio, que praticamente não pôde trabalhar sem luz. Num país afetado pela hiperinflação, onde as cédulas perdem logo valor, os pagamentos com cartão são muito importantes, mesmo para pequenas quantias.

A queda atingiu ao menos 23 dos 24 estados e também Caracas, onde o fechamento do metrô forçou milhares de pessoas a seguirem a pé, e o colapso dos semáforos provocou confusão no trânsito. O aeroporto internacional Simón Bolívar também foi afetado pelo corte de energia.

A executiva de vendas Estefanía Pacheco relatou à agência de notícias AFP que teria que caminhar a pé os 12 km que separam seu local de trabalho, no leste da capital, de sua residência, no oeste.
 

Caracas durante o apagão, que durou cerca de oito horasFoto: Reuters/M. Quintero

Na capital, a energia foi cortada abruptamente às 16h50 (horário local), e o apagão durou cerca de oito horas, afetando todas as partes da capital e serviços, como transportes, pouco antes do anoitecer. As linhas telefônicas e de internet foram também interrompidas, bem como a distribuição de água nos edifícios. Em algumas regiões, a queda de energia elétrica ultrapassou 18 horas.

Os apagões são cada vez mais frequentes na Venezuela, e agora afetam também a capital. Em menos de duas semanas ocorreram pelo menos três apagões que deixaram grandes setores de Caracas às escuras.

O governo venezuelano atribui os apagões à sabotagem da oposição, acusação que esta desmente, atribuindo os problemas à falta de manutenção e de investimentos no setor, o que é confirmado por especialistas.

Segundo a imprensa venezuelana, milhares de empregados da estatal Corporação Elétrica Nacional da Venezuela (Corpoelec) abandonaram a empresa nos últimos anos devido aos baixos salários e à crise econômica no país.

Diante do blecaute, que afetou vários estados do país, Maduro ordenou nesta sexta-feira a suspensão da jornada de trabalho tanto no setor público como no privado e das atividades escolares.

Em um pronunciamento à imprensa, a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, confirmou essa suspensão, que segundo ela é fruto de uma "sabotagem elétrica" organizada pela "oposição extremista em cumplicidade com poderes imperiais", os quais não especificou.

Segundo a vice-presidente, esse "ataque tecnológico" resultou numa "grave perturbação" e levou Maduro a ordenar a suspensão de atividades escolares e trabalhistas. Delcy acrescentou que a medida tem como objetivo facilitar os trabalhos de recuperação do serviço elétrico nos estados afetados.

Há um ano, Maduro ordenou que as Forças Armadas ativassem um plano especial para vigiar instalações do sistema elétrico diante do que chama de uma "guerra elétrica" para gerar descontentamento entre a população, mas os apagões persistem.

AS/lusa/efe/afp

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