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Aparência e discriminação na Alemanha

16 de janeiro de 2018

Estudo aponta que imigrantes e descendentes de estrangeiros que se diferenciam da maioria da população alemã devido à cor da pele ou véu islâmico, por exemplo, se sentem mais discriminados. Sotaque também influencia.

Mulheres com lenço sobre a cabeça de costas
Dos imigrantes muçulmanos, 55% se sentem discriminadosFoto: imago/Ralph Peters

Na Alemanha, quem se diferencia da maioria da população pela cor da pele, por usar um véu islâmico, por outros aspectos da aparência ou por falar com sotaque é mais suscetível à discriminação, aponta um estudo publicado nesta terça-feira (16/01) pelo Conselho de Fundações Alemãs para Integração e Migração (SVR).

A discriminação percebida pelas vítimas vai de violência e ofensas à busca por trabalho ou moradia. Do ponto de vista de muitos imigrantes ou pessoas de origem estrangeira, também é discriminatória a pergunta frequente: "De onde você realmente vem?"

Enquanto um turista provavelmente não se ofenderia com o questionamento, um alemão de 50 anos, que fala sem sotaque, mas é filho de um negro, deve se irritar ao ouvir tais palavras ao menos uma vez por semana da boca de desconhecidos.

Desde o começo da crise de refugiados, em 2015, situações do tipo ocorrem com cada vez maior frequência, relatam participantes do estudo – intitulado "De onde você vem originalmente? Experiências de discriminação e diferença fenotípica na Alemanha" e do qual mais de 5 mil pessoas participaram.

Dos imigrantes ou descendentes de estrangeiros que descrevem a própria aparência como "tipicamente alemã", 17% disseram se sentir desfavorecidos por causa de sua origem.

Já dos participantes do estudo com "origem migratória visível", 48% disseram ser alvo de discriminação. Quando pessoas desse grupo falam o idioma alemão com sotaque, a parcela chega a 59%.

As pessoas que mais percebem discriminação na Alemanha são as com raízes turcas, segundo o estudo. Dos entrevistados que nasceram na Turquia ou são filhos de imigrantes turcos, 54% relataram situações em que se sentiram discriminados. Os que se sentem menos discriminados são os com origem em outros países da União Europeia (26%).

Religião e educação

A religião também desempenha um papel. Dos imigrantes muçulmanos, 55% se sentem discriminados. Entre os cristãos com origem estrangeira, este é o caso de 29%, e entre os imigrantes sem religião, de 32%.

Além disso, o estudo aponta que quem tem boa formação e se considera bem integrado à sociedade alemã tem maiores expectativas quanto à aceitação social e à igualdade de oportunidades do que pessoas com nível educacional mais baixo.

Dos descendentes de turcos com pouca formação, cerca de 50% dizem já terem sido vítimas de discriminação. Entre os com maior nível educacional, são 62%.

Alex Wittlif, um dos autores do estudo, ressalta que há uma diferença entre as experiências subjetivas dos participantes e a discriminação objetiva. Se por um lado nem toda forma de discriminação é percebida pelos afetados, por outro, imigrantes podem classificar erroneamente algumas situações como discriminatórias.

O estudo aponta, porém, que se pessoas que se diferenciam da maioria da população alemã devido à aparência são sempre associadas à migração, sua sensação de pertencimento à Alemanha é colocada em questão. E isso pode impedir uma identificação com a sociedade alemã. Segundo os autores do estudo, a desconstrução desses mecanismos é um desafio crucial para a coesão da sociedade alemã.

LPF/dpa/epd

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