Apenas 20 empresas produzem metade do lixo plástico do mundo
18 de maio de 2021
Brasileira Braskem aparece na lista de fundação australiana. Com baixa taxa de reciclagem, produção de plástico descartável está se tornando um dos principais fatores que contribuem para o aquecimento global.
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Apenas 20 empresas, a maioria delas dos setores de energia e petroquímico, estão na origem de mais da metade do lixo plástico descartável produzido no mundo, afirmou nesta terça-feira (18/05) a fundação australiana Minderoo.
Plásticos descartáveis, como máscaras, equipamento médico, sacolinhas de supermercado e copinhos, são feitos de polímeros, criados a partir de combustíveis fósseis, como petróleo e gás.
Esse tipo de plástico é difícil de ser reciclado e acaba, em sua maioria, no lixo. Apenas de 10% a 15% da produção é reaproveitada.
No topo da lista das principais produtoras de lixo plástico estão as empresas americanas ExxonMobil e Dow e a chinesa Sinopec. No nono lugar está a brasileira Braskem.
O relatório da Fundação Minderoo afirma ainda que 60% do financiamento para essa indústria vêm de 20 bancos de atuação global, que emprestaram quase 30 bilhões de dólares para a produção de polímeros desde 2011.
Em 2019, 130 milhões de toneladas métricas de plásticos descartáveis foram descartados no mundo, com 35% deles sendo queimados, 31% enterrados em depósitos de lixo e 19% simplesmente jogados no solo ou nas águas, afirmou a fundação no relatório.
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Contribuição para o aquecimento global
Nos próximos cinco anos, a produção deverá aumentar até 30%, afirmou a fundação australiana. Como consequência, a fabricação de plásticos está se tornando cada vez mais um dos principais fatores que contribuem para o aquecimento global.
No atual ritmo, os plásticos descartáveis podem ser responsáveis por cerca de 5% a 10% de todas as emissões globais anuais de efeito estufa até 2050.
No prefácio do relatório, o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore afirma que empresas do setor petrolífero estão se voltando cada vez mais para a produção de plásticos porque dois de seus principais mercados, o de transportes e o de geração de eletricidade, estão sendo descarbonizados.
Ele ressaltou ainda que as crises climáticas e de resíduos plásticos estão cada vez mais interligadas, com a atmosfera sendo tratada como "um esgoto a céu aberto" para as emissões e os oceanos como "um aterro sanitário" para os plásticos.
A Minderoo defende que as empresas petroquímicas sejam obrigadas a divulgar sua "pegada de resíduos plásticos" e a se comprometer em aumentar a reciclagem de polímeros. A fundação pede ainda que bancos e investidores passem a financiar empresas que reciclam e produzem plásticos de maneira sustentável.
as/cn (Reuters, ots)
Lixo plástico, um desafio para o planeta
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.