Mel de Paris
19 de setembro de 2010No chão, escuta-se o barulho dos carros, no teto, o zunido das abelhas. Sobre o telhado da suntuosa Ópera Garnier, no coração de Paris, Jean Paucton produz mel. "Paris tem áreas verdes extraordinárias", afirma o apicultor. Ele explica que nos parques e jardins da cidade existem muitas plantas exóticas e árvores com mais de 300 anos.
Paucton descobriu o inusitado lugar para criar suas abelhas há cerca de 30 anos. E durante esse período encontrou vários seguidores: estima-se que existam cerca de 300 apiários em Paris.
A escada metálica que leva ao telhado da parte posterior do edifício era destinada originalmente apenas para o limpador de chaminés. Agora ela é usada por Paucton para chegar a suas quatro colmeias.
Para isso, o senhor de 77 anos escala por uma janela, apoiando então cuidadosamente seu pé na beirada do telhado, onde não há sequer corrimão. A vista recai sobre tetos de zinco, a Torre Eiffel e os prédios do centro financeiro La Défense.
Em busca do lugar ideal
Mas como se chega à ideia de produzir mel em lugar tão proeminente? Paucton afirma que, quando adquiriu as colmeias, a intenção era transformar parte do terreno de sua casa de campo em um apiário. No entanto, o antigo responsável pelos objetos de cena na Ópera Garnier não conseguiu sair de Paris por algumas semanas. Na Ópera, ele contou a um bombeiro seu problema. "Ele me sugeriu o telhado e construiu uma base para apoiar as colmeias", lembra o apicultor.
Em uma megacidade, As condições ambientais para as abelhas são até melhores que no campo. "Na agricultura, pesticidas são utilizados intensamente", explica Paucton. Eles afetam não apenas os insetos nocivos, mas também as abelhas. Tais agentes ameaçam a biodiversidade e, dessa forma, também o habitat natural das abelhas, acresce.
"Além disso, o clima em Paris é mais ameno que no campo", afirma Paucton, que possui apiários também em outros locais da capital francesa. "Mesmo em novembro minhas abelhas conseguem, algumas vezes, coletar néctar."
Preços salgados
Atualmente, tais vantagens parecem ser descobertas por cada vez mais apicultores. O prédio de uma subprefeitura parisiense recolheu recentemente seus primeiros 30 quilos de mel. Sobre o telhado do Grand Palais, foram coletados 50 quilos. Também um hotel de luxo, um banco e o próprio Aeroporto Charles de Gaulle em Roissy ganharam apiários.
No fim de agosto, Paucton coletou novamente seu mel. Para a coleta do néctar, suas abelhas voavam entre a Ópera Garnier e as autoestradas parisienses, onde figueiras-dos-pagodes davam flores amarelas. O mel é vendido nas lojas de suvenires da Ópera, ao típico preço parisiense de 15 euros por 125 ml.
MDA/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque