Aplicativo reúne doações para alimentar crianças sírias
23 de novembro de 2015
Em menos de duas semanas, 1,4 milhão de doações já foram recebidas. Valor mínimo para garantir alimentação diária de uma criança num campo de refugiados na Jordânia é de 0,40 euro.
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Com apenas um clique, garantir a refeição de uma criança: essa é a proposta do Share the Meal (Compartilhe a refeição), aplicativo lançado pelo Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU). A ideia é, através de pequenas doações, alimentar crianças sírias que vivem em campos de refugiados na Jordânia. E isso por apenas 0,40 euro ao dia, por criança.
Em menos de duas semanas, mais de 1,4 milhão de refeições já foram compartilhadas. O processo é simples, segundo o site da iniciativa leva apenas 30 segundos. Após o download gratuito do app disponível para Android e iOS, o usuário escolhe por quanto tempo deseja ajudar uma criança. Para um dia, o valor é 0,40 euro, para uma semana, 2,80 euros. O valor escolhido é pago com cartão de crédito ou PayPal.
O objetivo atual é garantir merenda escolar para 20 mil crianças sírias ao longo de um ano inteiro. Elas fugiram dos conflitos em sua terra natal, encontrando-se atualmente em campos de refugiados na Jordânia. Muitas famílias, porém, não têm condições de prover a alimentação mínima para seus filhos. "A merenda escolar fornece nutrição vital e ajuda a manter as crianças na escola", lembra o site do projeto.
"Share the meal é para nós, definitivamente, o meio de aumentar do número de pessoas que contribuem, e estamos cada vez mais à procura de parceiros nos setores privado e público para nos ajudar", relatou Robert Opp, diretor de inovação e mudança de gestão no Programa Mundial de Alimentos, à agência de notícias Reuters. Reduzir a fome e melhorar as condições de moradia dos refugiados também é visto como uma forma de desencorajar as perigosas viagens rumo à Europa.
Partindo para novas lutas
Criado por uma empresa com sede em Berlim, o aplicado foi lançado oficialmente após uma versão piloto, disponibilizada para a Alemanha, Áustria e Suíça, em junho deste ano. Os alimentos tinham como destino alunos em Lesoto, na África, e foram arrecadadas 1,7 milhão de refeições, doadas por 120 mil usuários.
Com o sucesso da primeira iniciativa, o app avançou para novas lutas. "O potencial do Share the Meal é enorme: em todo o mundo existem 20 vezes mais usuários de smartphones do que crianças com fome", registraram os criadores em seu site.
Segundo a Reuters, o Programa Mundial de Alimentos requer 26 milhões de dólares por semana para alimentar os 4 milhões de refugiados que residem em países na fronteira com a Síria. Um corte de recursos em 2014 fez a organização reduzir a oferta de alimentos para apenas 1,3 milhão de pessoas.
Numa reunião de emergência realizada no fim de setembro, líderes da União Europeia comprometeram-se a destinar mais 1 bilhão de euros a organizações que combatem a fome, visando refugiados sírios que se encontram na Turquia, Jordânia, Líbano e outros países.
BV/rtr/lusa/dpa
O poder das cercas
Muro que dividia a Alemanha caiu há 26 anos. Contudo, diante da onda de refugiados, o apelo por instalações fronteiriças é cada vez maior em diversos locais da Europa. Aqui, uma visão geral dessas barreiras pelo mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
Hungria fecha portas
O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán levantou uma cerca na fronteira com a Sérvia e também fortificou a com a Croácia, país-membro da União Europeia. A Hungria faz parte do Espaço Schengen, onde os controles fronteiriços foram basicamente abolidos. A maioria dos refugiados que chega da Grécia através da chamada rota dos Bálcãs, quer vir para a Áustria ou a Alemanha.
Foto: DW/V. Tesija
Posto avançado europeu
As instalações de fronteira em Melilla, enclave espanhol no norte do Marrocos, contam entre as mais modernas do mundo. Assim como em Ceuta, uma cerca de seis metros de altura e dez quilômetros de extensão circunda a cidade. Equipada com "arame farpado da Otan", câmeras infravermelhas e sensores de ruído e movimento, a fortificação visa desencorajar os refugiados africanos.
Foto: Getty Images
Ilha dividida
A chamada Linha Verde no Chipre consiste de cercas de arame farpado, escombros, torres de vigilância e seções de muro. Ao longo de 180 quilômetros, ela divide a ilha em uma parte turca no norte e uma grega, no sul. Vigiada por milhares de soldados em ambos os lados, desde a queda do Muro de Berlim Nicósia passou a ser a maior capital dividida do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hackenberg
Muro entre EUA e México
Cerca de 20 mil policiais controlam ininterruptamente a fronteira entre EUA e México. Apelidada "Tortilla Wall", a barreira se estende por 1.126 quilômetros. A construção é assegurada por câmeras de vídeo e infravermelhas, dispositivos de visão noturna, detectores de movimento, sensores térmicos e drones. Sua função é evitar a imigração ilegal e o contrabando de drogas.
Foto: dpa
Terra Santa entre dois povos
Somente em poucos pontos de controle é possível atravessar a fronteira entre os territórios palestinos e Israel, como aqui em Jerusalém. O objetivo das instalações fronteiriças é a defesa contra ataques terroristas palestinos. Apesar das fortificações e da vigilância, os palestinos conseguem contrabandear regularmente armas e outros bens, através de um sistema de túneis na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/Landov
"Zona desmilitarizada" na Coreia
Ela é considerada a fronteira mais fortificada e controlada do mundo. Um milhão de minas, arame farpado e torres de controle separam a Coreia do Sul da parte comunista da península. Em ambos os lados dos 248 quilômetros da linha demarcatória, encontra-se uma "zona desmilitarizada" de dois quilômetros de largura, onde é proibido entrar. Ela foi criada após o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).
Foto: picture alliance/AP Photo
Linha de paz na Irlanda do Norte
Um total de 48 "linhas de paz" separa católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Na capital Belfast, o sistema fronteiriço consiste de um muro de sete metros de altura, composto por tijolos, cerca de arame farpado, concreto e grades. O muro possui passagens para pedestres e portões para o tráfego, que são fechados à noite.
Foto: Peter Geoghegan
"Cerca de proteção" indiana
Trata-se da maior instalação de fronteira do mundo: a Índia decidiu construir 4 mil quilômetros de "cerca de proteção" na fronteira com Bangladesh, país considerado pelos indianos como reduto de terroristas. A "linha zero" é uma cerca elétrica de até dois metros de altura, guarnecida de arame farpado. Aprximadamente 50 mil soldados controlam o sistema fronteiriço.
Foto: S. Rahman/Getty Images
Muro de Berlim
Ele fez parte da recente história mundial e foi condenado durante décadas de "faixa da morte". A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o início do processo de Reunificação das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria. Contudo, o apelo desse evento histórico não pôde impedir que até hoje barreiras e demarcações dominem a política mundial.