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Apoiadores de Guaidó invadem embaixada em Brasília

13 de novembro de 2019

Cerca de 20 simpatizantes do autoproclamado presidente interino ocupam representação diplomática venezuelana por 12 horas. Funcionários teriam entregado voluntariamente a embaixada, segundo embaixadora de Guaidó.

Policiais patrulham arredores da embaixada da Venezuela em Brasília
Policiais patrulham arredores da embaixada após invasão durante a madrugadaFoto: AFP/J. Miro

A embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida na madrugada desta quarta-feira (13/11) por um grupo de cerca de 20 partidários de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino daquele país.

Os invasores chegaram por volta das 4h, de acordo com a Polícia Militar, e tentaram expulsar do prédio os funcionários da embaixada. Segundo relatos, eles pularam o muro para entrar no local.

Embora a PM tivesse sido chamada, os policiais não entraram no edifício por se tratar de território estrangeiro. Os simpatizantes de Guaidó, então, permaneceram no prédio.

María Teresa Belandria, indicada por Guaidó como embaixadora no Brasil e reconhecida pelo presidente Jair Bolsonaro, disse em nota que alguns funcionários da embaixada entraram em contato e anunciaram que "reconhecem o presidente Juan Guaidó" e que entregariam "voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil". 

Após invasão, manifestantes pró-Maduro protestaram diante da embaixadaFoto: Reuters/S. Moraes

A venezuelana chegou ao Brasil em fevereiro passado, pouco menos de um mês depois que Guaidó se autoproclamou novo presidente da Venezuela, após a Assembleia Nacional daquele país não reconhecer o mandato que o presidente Nicolás Maduro iniciou em janeiro passado.

Após a invasão, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República disse, em nota, que Bolsonaro não tinha conhecimento da ação e "jamais" incentivou o ato. A nota afirma ainda que as forças de segurança "estão tomando providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade".

Na primeira nota divulgada, o GSI afirmou que a invasão teria sido promovida "por partidários de Guaidó", no entanto, publicou logo em seguida outro texto retirando o nome do líder opositor venezuelano.

Nas redes sociais, Bolsonaro repudiou a "interferência de atores externos" e afirmou que medidas estão sendo tomadas para "resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas".

A invasão ocorre no mesmo dia em que Bolsonaro recebe os líderes do Brics (além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília e pode gerar constrangimento ao país devido ao fato de Moscou e Pequim serem os maiores aliados de Maduro.

Em nota, o governo de Maduro condenou a invasão da embaixada "por grupos violentos" e criticou a "atitude passiva das autoridades policiais brasileiras, em desatenção de suas obrigações de proteção das sedes diplomáticas e seu pessoal". Caracas exigiu ainda medidas do Brasil para desocupar o local e pediu a punição dos responsáveis pela invasão.

Parlamentares do PT e do PCdoB denunciaram a invasão à embaixada nesta quarta. Em vídeo divulgado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirma diante da representação diplomática que os invasores estão uniformizados e que uma "milícia foi contratada" para realizar a invasão, que ele descreveu como "uma violação do território venezuelano".

Pimenta disse que houve "um confronto bastante violento" entre defensores e partidários do governo do presidente Nicolás Maduro dentro da embaixada.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o encarregado de negócios da Venezuela no Brasil, Freddy Meregote, disparou áudios para parlamentares e lideranças de movimentos sociais para que saíssem em seu socorro.

"Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão entrando [na embaixada], estão violentando o território venezuelano. Necessitamos ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos", afirmou Meregote, negando que funcionários da embaixada tenham permitido a entrada do grupo por não reconhecerem o governo Maduro.

Depois de 12 horas, os simpatizantes de Guaidó aceitaram desocupar a embaixada graças a negociações que incluíram a participação de diplomatas brasileiros. A ação de desocupação foi coordenada pelo Itamaraty e pela Polícia Federal (PF) e ocorreu sob escolta policial. Segundo Meregote, o grupo aceitou deixar o local, desde que não fosse detido.

"O grupo de pessoas que entrou violentamente na embaixada deixou nosso território e instalações pacificamente devido aos esforços das autoridades. Agradecemos aos movimentos sociais brasileiros pelo corajoso apoio", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, no Twitter.

Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro, afirmando que Maduro "usurpou" o poder, fraudando a votação que levou à sua reeleição em 2018. Brasil, Estados Unidos e outros cerca de 50 países reconhecem o líder oposicionista como presidente do país.

A Venezuela não tem embaixador no Brasil desde 2016, quando Maduro convocou o diplomata do país em Brasília em protesto contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

MD/efe/ots

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